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Foto de Maarten Takens em um “lindo dia de sol a 55 graus abaixo de zero” | Maarten Takens, distribuída sob a licença Creative Commons/ https://flic.kr/p/fPw7Pf
Foto de Maarten Takens em um “lindo dia de sol a 55 graus abaixo de zero”| Foto: Maarten Takens, distribuída sob a licença Creative Commons/ https://flic.kr/p/fPw7Pf

Nesse ponto remoto na Sibéria, o frio não é coisa pequena. 

Cílios congelam, ulcerações são um perigo constante e os carros geralmente ficam ligados mesmo quando não estão sendo usados, caso contrário suas baterias param de funcionar nas temperaturas médias de -50º C no inverno, de acordo com os noticiários. 

O lugar é Oymyakon, uma vila de cerca de 500 pessoas na região de Yakutia, na Rússia, que ganhou a reputação de lugar mais frio do mundo com ocupação humana permanente. 

Essa reputação não foi conquistada facilmente. No começo desta semana, uma frente fria derrubou as temperaturas para recordes de baixas. 

A meteorologia oficial da cidade registrou a temperatura de -58º C nesta semana, apesar de o novo termômetro digital que foi instalado na cidade para todos verem, parte da reputação da cidade de temperaturas glaciais, ter quebrado quando registrou -62º C no último domingo. De acordo com o Siberian Times, os registros de alguns moradores mostraram a temperatura abaixo de -66º C, se aproximando de um antigo recorde da década de 1930. 

A vila registrou a menor temperatura da história com -72º C em 2013. 

Apesar das escolas da região permanecerem abertas quando as temperaturas chegam a -40º C, elas ficaram fechadas na última terça-feira, de acordo com a Associated Press. 

Com a noite durando 21 horas no inverno, a cidade tem se tornado alvo de curiosidade internacional conforme cresce a sua reputação de frio assustador e dos moradores resilientes que o suportam ano após ano. 

Amos Chapple, fotojornalista da Nova Zelância, viajou até a região em 2015 para registrar o modo de vida abaixo de zero. A vila é remota, localizada mais perto do Círculo Ártico do que da metrópole mais próxima, que fica a cerca de 800 quilômetros de distância, e Chapple descreveu no Washington Post a viagem árdua para chegar lá. Depois de um voo de sete horas saindo de Moscou, a cerca de 5,3 mil quilômetros de distância, ele pegou uma van para o posto de gasolina mais próximo e então pediu carona até a vila, depois de dois dias esperando em um barraco e sobrevivendo à base de sopa de rena. 

“Depois dos primeiros dias eu estava fisicamente destruído apenas por andar pelas ruas por algumas horas”, disse. 

Siberian guard dog, Yakutsk.

Publicado por Amos Chapple Photography em Domingo, 21 de julho de 2013

Carne de rena e fígado de cavalo congelado

As condições climáticas extremas fazem parte de quase todos os aspectos da vida das pessoas que vivem na região. A dieta no inverno é majoritariamente à base de carne, às vezes consumida crua ou congelada devido à impossibilidade de cultivar nas temperaturas glaciais. Algumas iguarias locais são: stroganina, peixe cru, congelado e cortado em longas fatias; carne de rena; fígado de cavalo congelado; e cubos de sangue de cavalo com macarrão, de acordo com noticiários. 

“Os yakutianos amam a comida fria, os peixes do ártico crus e congelados, salmão branco, peixe branco, fígado de cavalo cru e congelado, mas são consideradas iguarias”, disse o morador Bolot Bochkarev ao Weather Channel. “No dia a dia, gostamos de sopa com carne. A carne é essencial. Ela ajuda muito a nossa saúde.” 

Um vídeo gravado durante a frente fria mostra um mercado aberto na tundra nevada, com peixes congelados posicionados verticalmente em baldes e caixas, sem precisarem de refrigeração. Clientes com roupas pesadas de inverno passavam por lá, um deles com uma criança. O narrador disse que estava -49º C. 

“Aqui está o tesouro”, disse o narrador do vídeo sobre um peixe branco usado para preparar stroganina. Ele admitiu que estava ficando com um pouco de frio gravando o vídeo. 

“Enquanto eu filmava as filas, as minhas mãos congelaram com uma dor absurda. E os vendedores ficam lá o dia inteiro. Como eles se aquecem?”, disse, de acordo com o Siberian Times. 

The gingerbread house.

Publicado por Amos Chapple Photography em Sábado, 18 de janeiro de 2014

Alcoolismo

A vila já foi uma parada, durante os anos 1920 e 1930, para pastores de renas que davam água para os seus rebanhos em uma fonte termal que não congelava. Os banheiros são, em sua maioria, fora de casa; o chão é muito congelado para encanamento. De acordo com o Weather Channel, o chão precisa ser aquecido com uma fogueira para poder ser quebrado, assim como para cavar covas. 

De acordo com o Siberian Times, dois homens morreram depois que seu carro parou e eles partiram a pé durante a frente fria. O grupo, um criador de cavalos e quatro amigos, estava indo checar alguns animais perto do rio. 

A assessoria de imprensa do governo da região disse que todas as residências e comércios têm aquecimento central e geradores, de acordo com a Associated Press. 

Após a viagem, Chapple disse que não foi fácil fazer entrevistas nas ruas em um lugar que era tão frio, já que as pessoas se apressavam na rua de um lugar aquecido a outro. Acredita-se que o alcoolismo é um problema na região, conforme Chapple contou a repórteres. Dependendo do quanto a temperatura cai, as pessoas geralmente negociam turnos de 20 minutos em trabalhos externos, de acordo com noticiários. 

Chapple disse que a saliva se congelava como “agulhas que picavam os meus lábios”. Fotografar também não foi fácil – a sua câmera ficava muito fria para fotografar, segundo ele. A fumaça que saía da sua boca “rodopiava como uma fumaça de cigarro”, conforme ele disse à Wired, então ele precisava segurar a respiração para não embaçar a fotografia. Ele disse à Wired que tirou uma foto sem luvas e viu seu dedo ser parcialmente congelado. 

A cidade ostenta a sua reputação: “O pódio do frio”, diz uma placa.

Every entrance a spectacle

Publicado por Amos Chapple Photography em Sexta, 17 de janeiro de 2014
Tradução de Andressa Muniz
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