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Iranianos queimam bandeiras dos EUA e de Israel durante procissão em homenagem ao general Qasem Suleimani em Teerã, 6 de janeiro de 2020
Iranianos queimam bandeiras dos EUA e de Israel durante procissão em homenagem ao general Qasem Suleimani em Teerã, 6 de janeiro de 2020| Foto: Atta KENARE / AFP

Assim que soubemos que o Irã estava lançando foguetes contra o Iraque, presumivelmente para atacar militares dos EUA posicionados em bases naquele país, tínhamos bons motivos para ficar com medo. Não sabíamos se haveria baixas e, em caso afirmativo, quantas; nós podíamos razoavelmente supor que se as forças armadas do Irã matassem muitos americanos, algum tipo de contra-ataque dos EUA seria lançado, e não era difícil imaginar um cenário de aumento de ataques dos dois lados se transformando em uma guerra total.

Felizmente, descobrimos em poucas horas que não houve mortes. O Irã lançou o que parece ter sido uma resposta simbólica à execução do general Qasem Suleimani, e a imprensa estatal do país disse ao público que havia matado 80 americanos.

Ainda assim, imediatamente após a morte de Suleimani, muitas pessoas que provavelmente deveriam ser mais esclarecidas declararam nas mídias sociais que a Terceira Guerra Mundial estava próxima. E embora as grandes instituições de mídia não concordaram com essa avaliação, ainda assim escreveram artigos sobre os medos expressos nas mídias sociais.

O McClatchy News escreveu um artigo intitulado: "Os EUA estão a caminho da Terceira Guerra Mundial? Eis o que os especialistas dizem enquanto o Twitter teme o pior" - embora, felizmente, o artigo tenha declarado já no início, "embora uma guerra nessa escala seja improvável, segundo especialistas, as ações colocam os EUA em um novo caminho de escalada".

Molly Roberts, do Washington Post, escreveu: "O meme inaugural da década que inicia trata de nada menos que a aniquilação da humanidade. As nuvens em formato de cogumelo que nós conhecemos da cultura pop dominam a internet e agora estão acompanhadas de fotos com legendas sobre como o ataque aéreo dos EUA na semana passada que matou o comandante da Força Quds iraniana Qasem Suleimani provocará uma catástrofe global. Com a hashtag Terceira Guerra Mundial".

Na CNN, Richard Galant escreveu: "Nas horas após o anúncio do Pentágono da execução do major-general iraniano Qasem Suleimani na quinta-feira, 'Terceira Guerra Mundial' era um dos tópicos mais comentados no Twitter. O tráfego para o site do Serviço Seletivo dos EUA, a agência que seria responsável por qualquer eventual recrutamento militar, aumentou tanto que o site caiu".

Hoje é 15 de janeiro e, felizmente, o mundo não está, até agora, consumido por uma guerra terrível. A situação em relação ao Irã é tensa, sem dúvida, e ainda há a possibilidade de os mulás do Irã nos atacarem através de um grupo proxy terrorista, no nosso país ou no exterior. Mas o regime iraniano enfrenta no momento protestos furiosos motivados pela queda acidental do avião ucraniano. Na manhã de hoje, não há notícias sobre o Irã na primeira página do New York Times ou do Washington Post. O Wall Street Journal tem uma matéria sobre Alemanha, França e Reino Unido perto de impor novas sanções ao Irã. Não apenas a Terceira Guerra Mundial não chegou, como o conflito praticamente desapareceu do ciclo de notícias.

Uma guerra dos EUA com o Irã seria ruim, mas não seria a Terceira Guerra Mundial. O regime iraniano não tem aliados que estejam dispostos a lutar em seu nome - e é justo imaginar que muitos aliados tradicionais dos EUA escolheriam ajudar coordenando a logística longe do front. Mesmo combatendo sozinhos, os Estados Unidos provavelmente seriam capazes de esmagar os militares e o regime do Irã do ar, do mar e do ciberespaço. Após as experiências americanas no Afeganistão e no Iraque, você teria que imaginar um conjunto realmente terrível de circunstâncias que precipitaria uma invasão em larga escala dos EUA ao Irã. Ninguém no governo americano está ansioso para voltar a ser uma potência ocupante e começar mais uma vez o processo de construção de uma nação.

Eu sei, eu sei: "Trump é louco e imprevisível, você nunca sabe o que ele pode fazer." Mas, mesmo em seu pior dia, o presidente Trump não quer ser arrastado para uma guerra sangrenta com o Irã. E, apesar de toda a retórica belicista e gritos de "morte à América!", parece que o regime iraniano também não quer seguir esse caminho.

As postagens nas mídias sociais são "as vozes da multidão", uma cacofonia de reações barulhentas e impulsivas que geralmente incluem reações exageradas. Eu não diria que elas não são notícia e que não deveriam aparecer nos jornais. Mas apenas porque muitas pessoas estão expressando publicamente que têm medo de que a Terceira Guerra Mundial vá começar, isso não significa que a Terceira Guerra Mundial vai começar.

©2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês

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