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Ele assistiu inquieto às tentativas de aproximação do presidente do Irã, Hassan Rouhani, com o Ocidente nas últimas semanas. E apesar dos sinais de mudanças no campo diplomático, o premier israelense, Benjamin Netanyahu, insiste em manter na República Isâmica o foco de sua política externa. Ele aproveitou o discurso de reabertura do Parlamento após as férias de verão para defender a manutenção de sanções econômicas ao país e fazer um alerta contra a ascensão de regimes de caráter religioso no Oriente Médio.

"Muitas nações na região têm o desejo forte de se livrar do impacto do Irã, da Irmandade Muçulmana e da al-Qaeda. Pela primeira vez na História de Israel, existe um entendimento no mundo árabe de que Israel não é o inimigo dos árabes. Estamos unidos em muitas questões. Pode ser que este entendimento abra nossas possibilidades, e eu espero que ajude no processo de paz com os palestinos", afirmou o premier.

A apenas um dia da retomada das negociações nucleares entre o Irã e o chamado P5+1 (grupo formado pelas cinco potências do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha), Netanyahu acusou o regime persa de "apenas mudar de tática" em seu caminho para obter a bomba atômica.

"O Irã tem capacidade de enriquecer urânio entre 3,5% e 90%, o que é necessário para uma arma nuclear. Atualmente, o Irã está disposto a frear o enriquecimento a 20%, o que já não é importante, em troca do fim das sanções. O Irã está disposto a dar muito pouco em troca de muito, senão tudo. Seria um erro histórico suspender as sanções pouco antes de elas se tornarem realmente efetivas. Foi a pressão internacional que levou os iranianos a chegar ao nível das concessões", argumentou.

O premier conservador recorreu ao exemplo das armas químicas da Síria para defender sua cruzada verbal contra o Irã: "Damasco usou armas químicas e sob pressão dos Estados Unidos, concordou em dar um passo para destruí-las. É algo importante, positivo e essencial com a condição de que seja implementado integralmente. Como seria a reação internacional se a Síria concordasse em destruir apenas 20% de sua capacidade? É exatamente essa a sugestão dos iranianos."

A retórica ecoou rapidamente em Teerã. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, usou seu discurso em homenagem ao feriado do Eid al-Adha, a Festa do Sacrifício, para pedir a fiéis de todo o mundo que se unam conta os "sionistas e americanos que tentam separar os muçulmanos".

"Eles tentam semear o terror na região e criar um racha entre nós. Como muçulmanos, temos que nos fortalecer e nos unir contra os inimigos do Islã e promover o espírito de unidade entre nós", afirmou o aiatolá.

No campo do governo, o tom era mais ameno. Pouco antes de viajar a Genebra, onde comandará as negociações nucleares, o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, demonstrou otimismo, apesar de admitir que o processo é complexo.

"É o começo de um caminho difícil, que vai exigir tempo. Espero que na terça-feira possamos conseguir um acordo sobre a maneira de encontrar um caminho até a resolução. Mas, mesmo com toda a disposição do outro lado, para chegar ao acordo sobre os detalhes e iniciar a implementação provavelmente vai exigir uma outra reunião em nível ministerial", escreveu ele em sua página no Facebook.

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