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Mais de meio milhão de alces de tule vagavam pela natureza na Califórnia nos anos 1800 | Jason Henry/The New York Times
Mais de meio milhão de alces de tule vagavam pela natureza na Califórnia nos anos 1800| Foto: Jason Henry/The New York Times

Os alces de tule, uma raça autóctone da Califórnia salva da extinção 140 anos atrás, pastam de um lado da cerca de arame, enquanto as vacas de leite se alimentam do outro no Point Reyes National Seashore, cerca de 50 quilômetros ao norte de San Francisco.

Os alces selvagens e o gado domesticado parecem dividir harmoniosamente a falésia de tirar o fôlego na frente do oceano. Mas uma pesquisa feira pelo Serviços Nacional de Parques revelou que 250 dos alces que vivem na reserva — cerca de metade da manada que foi recolocada em Point Reyes em 1978 — morreram entre dezembro de 2012 e dezembro de 2014, a maioria por fome e sede causadas pela seca. Os alces vivem em um espaço de mil hectares na parte norte da península.

Durante o mesmo período, dois rebanhos de alces livres ao sul da península, fora da reserva, aumentaram seus números de 160 para 212. Os fazendeiros reclamam que esses alces quebram cercas, comem o pasto limitado pela seca e bebem a água destinada às vacas de leite.

“Alguns fazendeiros estão na iminência de perder seus negócios por causa da falta de pastagem e dos prejuízos causados pelos alces”, conta Jeffrey Creque, que teve um rancho em Point Reyes por 25 anos e agora trabalha em projetos de agricultura ecológica.

As mortes no refúgio dos alces e o crescimento da manada livre reacenderam uma disputa sobre a gestão dessas criaturas encontradas apenas na Califórnia, onde havia meio milhão deles antes da corrida do ouro na metade dos anos 1800.

“Como o Serviço Nacional de Parques pode prender os animais na reserva e não ter água para eles?”, pergunta Gary Giacomini, antigo funcionário do condado que trabalhou para proteger Point Reyes. “Para mim é totalmente absurdo.” David Press, ecologista do serviço de parques, explica que o plano de gestão “não foi escrito tendo em vista a pior seca de todos os tempos”.

O problema do alce de tule — nomeado por causa de uma vegetação parecida com o junco que eles gostam — coloca os conservacionistas, que esperam que os animais possam vagar pela costa, contra os fazendeiros, que querem confinar os animais atrás de cercas.

Os interesses dos fazendeiros têm sido a preservação dos 28 mil hectares de litoral público, estabelecidos em 1962 pelo presidente John F. Kennedy. Os fazendeiros concordaram em vender suas propriedades para o serviço de parques em troca dos direitos de alugá-las e continuar a criar gado.

Hoje, duas dúzias de famílias trabalham em fazendas de uma maneira que é vista como um modelo de agricultura sustentável. Ao mesmo tempo, o parque do litoral nacional atrai 2,5 milhões de visitantes todos os anos.

Point Reyes é um exemplo de como a pecuária e a proteção dos parques nacionais pode coexistir, diz Amy Trainer, do Comitê de Ação Ambientalista de West Marin. “É difícil porque você está administrando essa história da recuperação da população nativa de alce”, diz Amy. “Mas tem que gerir de maneira que não cause impacto na viabilidade das operações agrícolas.”

Creque culpa o serviço de parques pela má administração. “O fato de que 250 alces morreram de fome lá me diz que temos um problema”, afirma. “Excederam a capacidade da terra.”

O serviço de parques está elaborando um plano para os alces livres. As possibilidades para diminuir os problemas incluem contraceptivos e assustar os alces para longe das fazendas. Mas, para fazendeiros como Bob McClure, que tem cerca de 600 hectares, pode ser tarde demais. “Já estamos todos com os dias contados”, diz.

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