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Em maio passado uma rede americana de restaurantes fez um recall de dois tipos de salada de frango ao curry. Suas cozinhas tinham confundido acidentalmente um lote de salada de "falso frango" feito com um substituto proteico vegetal com um lote de salada com frango real, invertendo os rótulos.

Os consumidores que compraram a versão cujo rótulo citava frango real como ingrediente na realidade comeram salada de frango vegetal. E assim, sem querer, foram expostos a soja e ovos, que são alérgenos.

"Parece que nenhum dos consumidores notou a diferença", falou Ethan Brown, fundador e executivo-chefe da empresa Beyond Meat, que produziu o substituto de frango que foi alvo do recall.

O erro deixa claro até que ponto a "falsa carne" (os fabricantes ainda não encontraram um termo alternativo melhor que "proteína de base vegetal") avançou em relação aos tempos em que a única opção para os não carnívoros eram hambúrgueres vegetais ressecados e insossos.

A demanda por alternativas à carne vem crescendo, movida por tendências como o vegetarianismo e preocupações com o impacto ambiental da criação de animais de corte em escala industrial.

A novidade atraiu a atenção de muitos investidores improváveis, incluindo Biz Stone e Evan Williams, do Twitter, e Bill Gates.

Num post multimídia que escreveu em seu blog sobre seu investimento na Beyond Meat, Gates escreveu: "Já experimentei alguns dos produtos, e são muito convincentes".

Alguns investidores enxergam o desenvolvimento de alternativas viáveis à carne como uma questão de sustentabilidade.

"Sinceramente, nunca dissemos que nos interessamos por comida", explicou Randy Komisar, da Kleiner Perkins Caulfield Byers, firma de capitais de investimento que investiu no Google e Facebook –e na Beyond Meat.

"O que nos interessa são os grandes problemas que exigem grandes soluções, porque eles representam grandes mercados potenciais e boas oportunidades para obter retornos ótimos."

Komisar disse que o investimento feito por sua firma na Beyond Meat visa combater problemas como o uso da terra e da água, as demandas excessivas impostas à rede global de fornecimento e o crescimento demográfico mundial.

Criar a partir de proteínas vegetais algo que possa passar por carne é complicado. A start-up Hampton Creek Foods, que está procurando desenvolver substitutos do ovo, testou milhares de variedades de ervilhas amarelas canadenses antes de identificar qual emularia as funções dos ovos, incluindo a emulsificação. O objetivo era produzir uma maionese de teor nutricional equivalente ao da maionese feita com ovos.

As proteínas da Beyond Meat vêm de ervilhas amarelas, sementes de mostarda e camelina, entre outras plantas, além de fermento. Um chile feito com Crumbles, uma imitação de carne, produzido pela empresa que Brown trouxe para um repórter experimentar, tinha sabor igual do chile feito com carne bovina moída.

Brown sabe que seus produtos substitutos ainda precisam conquistar a aceitação dos consumidores comuns. "Nosso objetivo é criar algo que seja melhor que carne", ele disse. "Se não o fizermos, não vamos mudar hábitos."

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