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Quando um mandado de prisão europeu foi emitido para Brett e Naghemeh King, que tiraram o filho com câncer de um hospital em Hampshire, sul da Inglaterra, sem permissão, a polícia espanhola fez o que está se tornando cada vez mais comum na busca por desaparecidos ou procurados: postou um alerta no Twitter.

Em três minutos, a polícia recebeu um tuíte dizendo que a minivan da família britânica tinha parado para abastecer na noite anterior em Eskoriatza, norte da Espanha, e rumava para o sul. Duas horas depois, recebeu um telefonema da recepcionista de um hotel perto de Málaga. Ali os pais foram detidos.

A conta do departamento no Twitter, @policia, se tornou a mais popular entre todas dos organismos encarregados da aplicação da lei – inclusive o FBI – com um milhão de seguidores em um país de 47 milhões de habitantes. E os órgãos policiais da América Latina e outras regiões já foram até a Espanha para tentar aprender a estratégia de Internet deles.Por outro lado, conforme o Twitter e outras redes sociais se tornam cada vez mais predominantes, a polícia acaba enfrentando problemas relacionados à lei de privacidade e à postagem de mensagens inapropriadas de seus oficiais.

No caso de Ashya King, o garoto com câncer no cérebro, por exemplo, o alerta dado pela polícia de Hampshire, mais a divulgação dos instantâneos feitos na delegacia, foram criticados por mostrar os pais como criminosos perigosos e não um casal à procura de tratamento alternativo para o filho. Aliás, eles foram soltos a seguir, quando a Promotoria britânica desistiu da acusação.

Entretanto, Isabela Crespo Vitorique, advogada especializada em propriedade intelectual do escritório madrileno Gómez-Acebo & Pombo, afirma não conhecer nenhum caso judicial envolvendo a polícia espanhola por violação de privacidade. Carlos Fernández Guerra, o diretor de mídia social, lidera uma equipe de oito oficiais responsáveis pelo departamento de comunicação.

Em alguns casos, a presença on-line do órgão aumenta drasticamente por causa de uma crise ou busca. O número de seguidores da conta no Twitter da polícia de Boston quintuplicou depois da tragédia ocorrida na maratona da cidade, em 2013. Na Espanha, porém, onde a polícia também combate as fraudes pela Internet, o crescimento é mais gradual e ocorre simultaneamente com uma campanha de conscientização.

Um avanço importante, segundo Fernández Guerra, são as chamadas "incursões de tuítes", que garantem a confidencialidade de quem ajuda a resolver casos perigosos. Um alerta é enviado a uma das redes sociais convidando as pessoas que tiverem alguma informação a responder a um endereço de e-mail particular. Desde 2012, a prática ajudou a prender mais de 500 pessoas suspeitas de envolvimento com o narcotráfico.

De acordo com Fernández Guerra, a resposta dos jovens é muito significativa. "Alguns anos atrás seria impensável um adolescente querer entrar em contato com a polícia", observa.

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