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A Flórida é o Estado americano mais vulnerável  à elevação do oceano | Angel Valentin /The New York Times
A Flórida é o Estado americano mais vulnerável à elevação do oceano| Foto: Angel Valentin /The New York Times

De acordo com as previsões mais pessimistas, as belas ilhas, comunidades e praias do sul da Flórida podem ser perdidas em apenas cem anos, devido à elevação das águas do mar. Mais para o interior, a região pantanosa de Everglades, que garante o suprimento de água doce da região, pode um dia ser contaminada pelo avanço do mar. E o arquipélago de Florida Keys, que se estende para dentro do Golfo do México, será quase inteiramente submerso.

"Acho que as pessoas não entendem como a Flórida é vulnerável", disse Harold R. Wanless, presidente do departamento de ciências geológicas da Universidade de Miami. "Até o final do século teremos quatro, cinco ou seis pés de água, ou mais. É preciso acordar para a realidade que está por vir."

A preocupação com a elevação do mar está levando governos locais a entrar em ação. Com população conjunta de 5,6 milhões de habitantes, os condados de Broward, Miami-Dade, Monroe e Palm Beach formaram uma aliança para procurar soluções.

A Flórida, que sempre foi fustigada por furacões e enchentes, é o Estado americano mais vulnerável à elevação do nível do mar. Mesmo previsões mais conservadoras que as do professor Wanless consideram que a maior parte da região costeira baixa da Flórida será sujeita a inundações cada vez mais frequentes, à medida que o degelo das calotas polares se acelerar e que os oceanos subirem de nível e avançarem terra adentro.

Boa parte dos 1.900 km de litoral da Flórida fica pouco acima do nível atual do mar. Construções, estradas e outros elementos de infraestrutura que valem bilhões de dólares têm seus alicerces sobre calcário, que solta água como uma esponja.

Até agora a questão não chamou muito a atenção dos parlamentares estaduais e parece ser igualmente ignorada por segmentos da comunidade que têm interesse financeiro em proteger a dinâmica economia do sul da Flórida.

"A maioria dos empresários está alheia ao problema", disse Wayne Pathman, advogado de Miami especializado no uso da terra. Em última análise, disse ele, o indicador mais forte da crise será a recusa das seguradoras em cobrir riscos em áreas costeiras.

"As pessoas tendem a subestimar a gravidade do que pode acontecer aqui", disse Ben Strauss, diretor do Programa de Elevação do Nível do Mar da organização científica independente Climate Central. Para ele, os efeitos sobre o valor dos imóveis podem ser devastadores. Suas pesquisas mostram que há imóveis no valor de US$156 bilhões em terrenos situados menos de um metro acima da linha da maré alta na Flórida.

O professor Wanless acha que a única saída é estudar medidas como uma moratória sobre as construções em áreas costeiras e obrigar os moradores dessas áreas a se mudarem para o interior.

Mas, para Charles Tear, coordenador de emergências de Miami Beach, "o céu não está caindo, embora o nível da água esteja subindo". Tear revelou que ele e outros administradores de Miami Beach se pautam pela previsão mais conservadora segundo a qual o nível do mar subirá até 38 centímetros nos próximos 50 anos.

"Não podemos pensar nos próximos cem anos", explicou. "Temos que ser realistas."

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