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Trabalhadores esperavam melhorias quando uma grande empresa assumiu o controle de fazenda de chá | Himanshu Khagta para The New York Times
Trabalhadores esperavam melhorias quando uma grande empresa assumiu o controle de fazenda de chá| Foto: Himanshu Khagta para The New York Times

Por um século e meio, os antepassados de Madhu Munda trabalharam arduamente na mesma fazenda de chá em que ela vive e trabalha até hoje, sobrevivendo em um regime praticamente de servidão.

Quando a Amalgamated Plantations assumiu a fazenda em 2008, Munda e outros trabalhadores tinham grandes esperanças de que a situação melhorasse. Os investidores da empresa disseram que pretendiam transformar essa fazenda de chá em um modelo de sustentabilidade e relações trabalhistas responsáveis.

A International Finance Corporation, que é ligada ao Banco Mundial, afirmou que a Amalgamated prometeu "criar oportunidades para que as pessoas saíssem da pobreza e melhorassem seu nível de vida".

Mas o otimismo inicial evaporou. Munda, 45, continua vivendo quase da mesma maneira que seus avós. Sua família divide uma casa pequena e malconservada com outras três famílias. A água do poço externo é turva, e a latrina fétida ali perto está transbordando.

Em entrevistas em duas fazendas da empresa, trabalhadores disseram que seus feitores os tratam rispidamente e se negam a dar os benefícios básicos. Munda contou que para pedir licença remunerada por um dia para tratar da saúde os trabalhadores tinham de ir à clínica da fazenda três vezes por dia para provar que estavam doentes. Raju Mantra, filho de um casal que trabalha na fazenda, disse que equipamentos de proteção foram tomados dos trabalhadores.

"Quando gente importante vem à fazenda, os feitores nos dão os equipamentos", revelou, "mas depois os guardam de novo no depósito alegando que se os usarmos diariamente eles vão estragar."

As operações da Amalgamated empregam mais de 30 mil pessoas em 24 fazendas em Assam e Bengala Ocidental. As quase mil fazendas em Assam produzem cerca de um sexto do chá comercializado no mundo.

Trabalhadores rurais como Munda podem ganhar 89 rupias (US$ 1,43) por dia colhendo folhas de chá ou realizando outras tarefas, desde que cumpram suas metas de produtividade. Mantra relatou que, para sobreviver, a maioria dos trabalhadores come arroz com um pouco de sal quase todo dia e só consome ovos ou peixe nos dias em que recebem o pagamento.

As condições deploráveis dos trabalhadores são descritas em um relatório do Instituto de Direitos Humanos da Faculdade de Direito de Columbia, em Nova York.

No mês passado, a International Finance Corporation anunciou que fará uma investigação completa.

A Amalgamated nega qualquer injustiça. O relatório da Columbia afirmou que a gerência da empresa advertiu os pesquisadores a não confiarem nos trabalhadores porque eles são "como gado".

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