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Um denso emaranhado de neurônios na animação ‘Protein Packing’ | Harvard University, XVIVO Scientific Animation
Um denso emaranhado de neurônios na animação ‘Protein Packing’| Foto: Harvard University, XVIVO Scientific Animation

Se você encolhesse até o tamanho de uma molécula e voasse para uma célula, o que veria?

Em 2006, cientistas e ilustradores ofereceram uma resposta na forma de um vídeo intitulado "The Inner Life of the Cell" ("A vida interior de uma célula").

Nunca nada do gênero havia sido feito antes, e foi um sucesso, exibido no mundo todo.

Os cientistas e animadores criaram um vídeo sobre uma célula imunológica. Certos genes se ativam, e a célula produz proteínas que são colocadas em um saco chamado vesícula.

Uma proteína chamada cinesina carrega a vesícula através da célula, "caminhando" por um cabo molecular. Mas o filme deixou de fora praticamente todas as proteínas, dando à célula o aspecto de um oceano quase vazio.

"O interior de uma célula é incrivelmente lotado", disse Michael Astrachan, da Xvivo, empresa de animação científica de Connecticut que colaborou naquele filme com a BioVisions, um programa de visualização científica em Harvard.

A BioVisions também optou por mostrar as proteínas se movendo com uma graça senhorial. As proteínas reais, porém, estão perpetuamente tremendo.

Elas levam pedaços de energia das moléculas de água que batem nelas, se chocam contra outras proteínas e pulam para fora das membranas celulares.

Há dois anos, a BioVisions e a Xvivo se dispuseram a modernizar sua animação, capturando parte desse bagunça complexa.

Foi um trabalho descomunal. O movimento e aspecto de cada molécula precisaram ser calculados um por um, gerando dados suficientes para sobrecarregar os computadores da Xvivo.

Recentemente, os resultados desses esforços foram revelados em um vídeo chamado "Protein Packing" ("empacotamento de proteínas"). Nesse filme, entramos num neurônio ao mergulhar em um canal de sua superfície.

Uma vez lá dentro, somos instantaneamente cercados por um enxame de moléculas. Vamos trombando com a multidão até chegarmos a um proteassomo, uma molécula que expele proteínas danificadas, para que seus componentes possam ser usados na produção de novas proteínas.

Mais uma vez, vemos uma vesícula sendo carregada pela cinesina. Mas, nesta versão, seus movimentos são quase totalmente aleatórios.

De vez em quando, uma minúscula molécula carregada de combustível se liga a um dos "pés" da cinesina. Ele administra uma "sacudida" energética, fazendo com que o pé pule para fora do cabo molecular e se debata, puxando com força o pé ancorado.

No final, o pé solto acaba novamente em contato com o cabo, preso mais uma vez, movendo a vesícula um passo à frente.

Esse filme oferece uma forma melhor de retratar o nosso funcionamento interno mais intrincado. Por um lado, nos ajuda a entender por que adoecemos.

Várias doenças, como os males de Parkinson e Alzheimer, acontecem quando proteínas defeituosas se juntam a outras proteínas e criam acúmulos tóxicos.

Na versão de 2006 da animação, é difícil imaginar como duas proteínas numa dança tão cuidadosa poderiam se chocar. Na nova versão, em que as proteínas se esbarram como pessoas numa estação de trem, isso fica óbvio.

O novo filme nos ajuda também a entender a biologia em um nível mais profundo. Na versão de 2006, não temos como deixar de notar a intenção por trás do movimento suave das moléculas.

Na realidade, as partes das nossas células se debatem cegamente na multidão. Astrachan disse: "Quero que as pessoas digam: ‘Não acredito que isso esteja mesmo acontecendo’".

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