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“A cultura pop estava na arte, agora a arte está na cultura pop, em mim”, diz Gaga em novo álbum lançado dia 11 | Inez & Vinoodh
“A cultura pop estava na arte, agora a arte está na cultura pop, em mim”, diz Gaga em novo álbum lançado dia 11| Foto: Inez & Vinoodh

Em "Artpop", seu terceiro álbum gravado em estúdio, Lady Gaga descreve uma virada e se alinha com o mundo da arte, cantando: "A cultura pop estava na arte, agora a arte está na cultura pop, em mim".

Fiquei apreensivo na hora. Ela já não era uma artista?

Uma coisa é certa: Lady Gaga, nome de batismo Stefani Germanotta, vem trabalhando como artista, misturando o generalizado e o pessoal, o acessível e o inexplicável, coisas que chamam a atenção e outras que provocam perplexidade, algumas que mostram tino comercial e outras simplesmente estranhas.

Lady Gaga não diferenciava cultura pop e arte quando emergiu. Como os melhores astros pop, ela fez da mídia seu espaço. Por cima de sua música, em videoclipes e aparições públicas, ela empilhou um desfile de moda que nunca parava e uma imagem pública que se ampliava para abraçar os desajustados, rejeitados, não apreciados e sexualmente anticonformistas "monstrinhos", como apelidou seus fãs.

Mas "Artpop", lançado em 11 de novembro, a posiciona numa zona mais rarefeita: com os artistas performáticos e de galeria.

A capa do álbum é uma escultura de uma Lady Gaga loira com as mãos sobre os seios e segurando entre as pernas uma grande esfera azul e brilhante. A escultura é do artista pop Jeff Koons. É um retrato de uma pop star feita por um astro da arte —mas é rígido e pouco envolvente.

Lady Gaga também anunciou colaborações com nomes vanguardistas respeitados como o artista de teatro Robert Wilon e a performer Marina Abramovic. Em sua página no Facebook, Lady Gaga escreveu que "Artpop" seria lançado com um app que ela descreveu como "um sistema de engenharia musical e visual que combina música, arte, moda e tecnologia com uma nova comunidade interativa mundial —‘as auras’".

A música de "Artpop" não é complexa. "Meu artpop pode significar qualquer coisa", canta Gaga na canção-título.

Lady Gaga conquistou o mundo com "The Fame", seu álbum de 2008 de canções dance com viés rock, e o EP que se seguiu a ele, "The Fame Monster", em 2009. Depois, "Born This Way", de 2011, fez os álbuns anteriores soarem moderados.

Agora, com "Artpop", Lady Gaga adota posição estranhamente defensiva. Na canção-título, ela rejeita a noção de uma desaceleração comercial, cantando "tentei me vender, mas na realidade estou rindo / porque simplesmente amo a música, não o brilho".

Durante boa parte do álbum, a impressão que se tem é que "Artpop" está ticando itens de uma lista que Lady Gaga recita em "Aura": "tec dança sexo arte pop". Não constam da lista, mas estão sem dúvida na pauta do reforço de sua marca registrada, canções sobre roupas.

O que falta no álbum é a antiga convicção de Lady Gaga de que o pop, em sua configuração do século 21 de música mais vídeo mais mídia social mais celebridade, é capaz de contar todas as histórias que ela queira. As apresentações espetaculares de Gaga no palco já construíram uma superestrutura artística em cima de suas canções. O reconhecimento do mundo das belas-artes não deveria ter importância comparável à de mexer com as paixões dos monstrinhos.

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