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Tsai Ing-wen, 59, do Partido Democrático Progressista, é a favorita na eleição presidencial. | Billy H.C. Kwok/The New York Times
Tsai Ing-wen, 59, do Partido Democrático Progressista, é a favorita na eleição presidencial.| Foto: Billy H.C. Kwok/The New York Times

A população de Taiwan parece inclinada a eleger pela primeira vez uma mulher como presidente. Entre os três candidatos mais fortes à eleição em janeiro, incluindo os indicados pelos dois partidos principais, há duas mulheres.

Existem outras mulheres no comando de países asiáticos, mas, na maioria dos casos, elas seguiram os passos de seus parentes homens.

Em Taiwan, é diferente.

Segundo analistas, a disputa reflete o fato de que o país está na vanguarda no que se refere à presença de mulheres em cargos políticos.

Há diversas explicações para a ascensão política das mulheres em Taiwan, incluindo as tradições matriarcais de comunidades aborígines e a promoção da educação feminina durante o período colonial japonês.

Na opinião de acadêmicos, porém, o fator mais influente é uma série de cotas que foram impostas gradualmente para que as mulheres estivessem representadas no governo.

Candidata mais forte na campanha atual, Tsai Ing-wen, 59, é do Partido Democrático Progressista, de oposição.

Em 2012, ela concorreu pela primeira vez e não conseguiu se eleger para a Presidência. Hoje, está em posição privilegiada nas pesquisas.

Sua principal concorrente é Hung Hsiu-chu, 67, do Kuomintang, ou Partido Nacionalista, há muito no poder, e vice-presidente do Poder Legislativo de Taiwan.

A disputa contrasta profundamente com a situação na vizinha China, que considera a autogovernada Taiwan parte de seu território. A China tem poucas mulheres em posições de liderança, embora a ideologia do Partido Comunista enfatize sua importância na sociedade. Entre os membros do Politburo chinês, há somente duas mulheres.

Esforços para integrar mais mulheres no sistema político de Taiwan tiveram início quando a Constituição de 1951 reservou um pequeno número de assentos legislativos para mulheres no que era então um Estado autoritário.

Quando a democratização começou, a ideia de que elas deveriam ter um certo nível de participação se consolidou.

Em 2005, a Constituição foi alterada para reservar 15% dos assentos no Poder Legislativo para mulheres.

Desde então, o nível de representação feminina vem aumentando, de 21,3% em 2004 para 33,6% após a última eleição em 2012, segundo estatísticas compiladas por Chang-Ling Huang, professora-adjunta de ciências políticas na Universidade Nacional de Taiwan.

Tsai e Hung têm estilos muito diferentes.

Tsai foi descrita por um político como tímida e, quando fala em público, é tão didática que às vezes parece uma professora. Hung foi chamada de “pimenta ardida” devido a seus discursos inflamados.

O partido de Tsai é favorável à independência de Taiwan. Hung, cuja sigla mantém laços estreitos com a China, tem indicado que pretende estreitá-los ainda mais.

Embora a vitória de qualquer uma das duas seja algo novo em Taiwan, essa possibilidade não é uma questão importante na campanha.

“Afinal de contas, a questão de gênero é totalmente secundária”, disse Nathan Batto, cientista político na Academia Sinica, instituição de pesquisa com financiamento estatal em Taipei.

“O ponto essencial nesta eleição, como em todas as outras em Taiwan, é a relação de Taiwan com a China. Mulheres serem as candidatas principais não muda o fato de que o que realmente as diferencia são suas ideias sobre como deve ser o relacionamento de Taiwan com a China.”

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