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Obi, o pequeno pardal do Pacífico da Universidade de Stanford, aprendeu a usar óculos para atravessar feixes de laser | ERIC GUTIERREZ/NYT
Obi, o pequeno pardal do Pacífico da Universidade de Stanford, aprendeu a usar óculos para atravessar feixes de laser| Foto: ERIC GUTIERREZ/NYT

Não é sempre que vemos um pássaro de óculos. É claro que temos o Woodstock, voando ao lado do Snoopy, o Ás Voador. Mas agora chegou a vez do Obi, um pequeno pardal do Pacífico da Universidade de Stanford, que está longe de ser um personagem de desenho. Na verdade, ele é um pássaro que foi treinado para atravessar feixes de raio laser.

É para isso que os óculos servem: para proteger os olhos de Obi dos lasers.

Eric Gutierrez, estudante de pós-graduação que pesquisa o voo dos pássaros no laboratório de David Lentink, em Stanford, queria testar a compreensão do voo dos pássaros em baixas velocidades. Por isso, ele treinou Obi para voar até um poleiro com os óculos sobre os olhinhos, enquanto os feixes de laser iluminavam pequenas partículas em suspensão no ar.

Para criar os óculos, Gutierrez, que agora trabalha com o voo de aviões para a Força Aérea dos EUA, não teve apenas que começar do zero. Precisou também encontrar um pássaro que se sentisse confortável com o acessório.

As lentes são de policarbonato e foram tiradas de óculos de proteção usados por seres humanos.

No início, ele e Lentink planejavam usar três pássaros, mas conforme eles e dois outros colegas relatam na revista científica Bioinspiration & Biomimetics publicada em 6 de dezembro, dois dos pássaros não se adaptaram bem aos óculos.

Obi estava mais disposto a tentar algo novo. Gutierrez dava sementes de milhete, um prêmio comum nesses casos, sempre que o pássaro estava de óculos, e logo Obi deixou de se preocupar com o novo acessório. Ao que tudo indica, afirmou Gutierrez, “ele se sentia muito confortável”.

O objetivo do estudo era testar a capacidade de previsão dos métodos matemáticos convencionais para utilizar os redemoinhos de ar criados pelas asas dos pássaros no cálculo da sustentação do voo, ou seja, da força que mantém o pássaro no ar enquanto ele bate as asas.

“Ficamos surpresos” com o fato de que esses modelos não funcionam, afirmou Gutierrez. Todos eles são derivados do voo de aviões de asas fixas e presumiam que no caso dos pássaros, assim como no dos aviões, os vórtices de ar criados pelas asas fossem constantes.

No caso do voo de Obi, os pesquisadores estabeleceram um painel de raios laser ao longo do qual o pássaro voava antes de pousar.

Lentink afirmou que o vórtice na ponta de cada asa “se desfazia muito rapidamente, algo que nós nunca esperávamos”. Os métodos matemáticos convencionais para calcular a elevação presumiam que os vórtices não se desfaziam durante algum tempo.

Por isso, retornaram às pranchetas para ter uma imagem mais detalhada do voo com asas móveis. Isso é importante não apenas para compreender o voo dos pássaros, mas também para construir pequenos robôs voadores.

Segundo Lentink, uma das descobertas incidentais foi a maneira ideal para impedir que os óculos dos pássaros ficassem embaçados: uma fina camada de creme de barbear Barbasol. Mas isso, Woodstock provavelmente já sabia.

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