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Meus dois filhos, de quatro e dois anos, de repente ficaram obcecados por Simon e Garfunkel.

Por insistência deles, a dupla folk dos anos 1960 é a única música que escutamos durante trajetos de carro. O interesse pela música folk surgiu depois de uma imersão no grupo pop Maroon 5, um mês só ouvindo Michael Jackson e uma paixão intermitente por uma série incrível de singles de todas as eras e gêneros.

A perícia cultural de meus filhos é produto da tecnologia —eles foram apresentados a novos artistas pelo Spotify, o maior serviço mundial de streaming por assinatura.

Os serviços de transmissão on-line nos permitem ligar e escutar qualquer coisa que quisermos. Como suas playlists feitas com curadoria nos empurram cada vez mais para coisas novas, escapamos da rigidez de gêneros.

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Essa tendência poderá se acelerar quando o streaming se tornar onipresente. Também há o Pandora, que afirma ter quase 80 milhões de ouvintes, e o Rhapsody, um serviço pago que relata 2,5 milhões de usuários. O Rdio lançou recentemente um plano que custa US$ 4 por mês.

O Spotify, que tem cerca de 60 milhões de usuários ativos e custa US$ 10 por mês, expõe cada um deles a um novo artista por dia, em média. Isso está deixando os ouvintes menos presos a estilos e épocas. O Spotify aposta que os gêneros musicais fixos vão desaparecer.

Na nova versão de seu app para iPhone, a companhia expandiu sua programação para estados de espírito e atividades, mais que meramente gostos musicais.

“O que queremos é tornar o Spotify mais parecido com um ritual”, disse Shiva Rajaraman, vice-presidente de produtos da companhia. “Você começará a usá-lo para uma série de hábitos, e nós enviaremos conteúdo para cada momento do seu dia.”

A empresa diz que seus dados sustentam essa premissa: as playlists baseadas em estados de espírito e atividades —como “corrida”, “concentração” e “festa”— são tão populares quanto as de gêneros específicos como rock, pop e hip-hop.

Se o Spotify estiver certo sobre nossa disponibilidade crescente a experimentar coisas novas —e os críticos que acompanham as tabelas apostam que sim—, o modo que vemos a música poderá se inverter.

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Chris Molanphy, crítico pop que escreve para o site Slate e para a Rádio Pública Nacional (NPR), disse-me que o poder do Spotify de expor os ouvintes a novas canções repercute muito além do próprio serviço.

A Billboard hoje conta as execuções no Spotify e no YouTube em seu cálculo dos top hits dos Estados Unidos.

Em consequência, disse Molanphy, a internet está levando músicas e nomes inusitados ao topo do ranking. Exemplos, segundo ele, são “Somebody That I Used to Know”, de Gotye, que esteve no topo em 2012, “Royals”, da adolescente neozelandesa Lorde, que foi um dos primeiros sucessos on-line antes de liderar os rankings em 2013, e “Take Me to Church”, de Hozier, que dominou as rádios no ano passado. “Essas canções eram todas diferentes do que a rádio tocava na época, e a rádio tende a ser um meio homogêneo”, disse Molanphy.

Essa é a boa notícia.

A má é que muitos dos novos artistas tendem a ser maravilhas de um único sucesso. Na verdade, 2014 foi um dos piores anos para a continuidade. “Existe menos lealdade, e muitos artistas têm dificuldade para manter seu êxito”, disse Molanphy.

Espero que em breve meus filhos esqueçam Simon e Garfunkel. O menino já está perguntando sobre Bob Dylan.

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