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 | Ilustrações: Osvalter Urbinati
| Foto: Ilustrações: Osvalter Urbinati

Ela

Taleban tentou matar Malala por militar pela educação de mulheres

Efe

A jovem paquistanesa Malala Yousafzai dedicou ontem o Prêmio Nobel da Paz a todas as crianças "cujas vozes precisam ser ouvidas".

A jovem se tornou conhecida porque levou três tiros — um deles na cabeça — disparados por um taleban no dia 9 de outubro de 2012. O criminoso era contra a educação de mulheres e Malala dava aula para meninas no Paquistão. A tentativa de assassinato ocorreu na província paquistanesa de Khyber Pakhtunkhwa. Ela passou vários dias em estado crítico até ser levada para o Reino Unido, onde foi tratada no hospital Queen Elizabeth.

Desde que se recuperou, falou na ONU, conheceu a rainha Elizabeth II, foi nomeada pela revista Time uma das cem pessoas mais influentes do mundo e escreveu a autobiografia Eu Sou Malala. Atualmente vive com a família em Birmingham, a segunda maior cidade britânica, e estuda num colégio para meninas.

Ele

Satyarthi se inspira em Gandhi e libertou 80 mil crianças escravas

Efe

Ativista social com formas "gandhianas", Kailash Satyarthi libertou 80 mil crianças escravas na Índia.

Nascido em 11 de janeiro de 1954 na cidade de Vidisha no estado indiano de Madhya Pradesh, Satyarthi abandonou a carreira como engenheiro elétrico aos 26 anos para lutar contra o trabalho infantil na década de 80.

Em 1983, fundou a ONG Bachpan Bachao Andolan (ou Movimento para Salvar a Infância), na Índia. O país, com 50 milhões de trabalhadores, é o que tem a maior incidência de trabalho infantil no mundo.

A organização de Satyarthi realiza batidas em oficinas e fábricas onde é usada mão de obra infantil, em algumas ocasiões sem informar à polícia o lugar exato para evitar que avisem os criminosos. Ele criou o selo "Rugmark" que certifica que os tapetes indianos vendidos no exterior não foram fabricados com mão de obra infantil.

Ele organiza protestos que seguem o modelo pacífico de Mahatma Gandhi e ajudou a fundar a Marcha Global contra o Trabalho Infantil.

Calendário 2014

Academia Sueca atribui prêmios para seis categorias do conhecimento:

Medicina

John O’Keefe (anglo-americano), May-Britt Moser e Edvard Moser (noruegueses), pela descoberta das células que fazem parte do sistema de posicionamento geográfico que funciona no cérebro humano.

Física

Isamu Akasaki, Hiroshi Amano e Shuji Nakamura (japoneses) — pela invenção do LED (diodo emissor de luz) da cor azul, sem o qual as fontes emissoras de luz branca — formada pela junção de LEDs vermelho, verde e azul —, mais econômicas e potentes, não seriam possíveis.

Química

Eric Betzig e William Moerner (americanos) e Stefan Hell (alemão) quebraram uma barreira na capacidade de observação de microscópios ópticos, permitindo aos pesquisadores observarem moléculas específicas dentro de células vivas.

Literatura

Patrick Modiano (francês) é autor de mais de 25 romances e foi escolhido "pela arte da memória com a qual evoca os destinos humanos mais incompreensíveis e descortina a ocupação [nazista na França]".

Paz

Malala Yousafzay (paquitanesa) e Kailash Satyarthi (indiano), "pela luta contra a repressão de crianças e jovens e em favor do direito de todas as crianças à educação".

Segunda-feira: Economia.

Fonte: Nobelprize.org

A paquistanesa Malala Yousafzai, de 17 anos, e o indiano Kailash Satyarthi, de 60 anos, ganharam o Prêmio Nobel da Paz, anunciado ontem em Oslo. Para o comitê norueguês da premiação, a escolha se justifica "pela luta contra a repressão de crianças e jovens e pelo direito de todas as crianças à educação".

"As crianças devem frequentar a escola, e não ser exploradas financeiramente", afirmou Thorbjoern Jagland, presidente do Comitê Norueguês do Nobel, responsável pela escolha dos premiados. "O comitê considera um ponto importante que um hindu e uma muçulmana, um indiano e uma paquistanesa, participem de uma luta comum pela educação e contra o extremismo."

A referência é à tensão entre Índia e Paquistão, que disputam o território da Caxemira. Nos últimos dois anos, o prêmio da Paz foi dado a instituições — à Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) em 2013 e à União Europeia em 2012.

A cerimônia da premiação, com a entrega de US$ 1,1 milhão, será em Oslo, na Noruega, em 10 de dezembro.

A ativista Malala, que foi alvo de um ataque do Taleban paquistanês em outubro de 2012 por defender o direito das mulheres à educação, é a mais jovem vencedora de um Nobel, tirando o posto de Lawrence Bragg, que aos 25 dividiu o prêmio de Física de 1915 com o pai.

Na categoria da Paz, a detentora do título era a jornalista iemenita Tawakkol Karman, que ganhou em 2011, aos 32. Malala sobreviveu a um tiro na cabeça e foi levada ao Reino Unido para tratamento. Tornou-se símbolo da luta contra os militantes que operam em áreas tribais no noroeste do Paquistão.

O primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, afirmou que Malala é o "orgulho do país". A ativista havia sido indicada ao Nobel em 2013 e ganhou um prêmio de direitos humanos da União Europeia.

O engenheiro Satyarthi se dedica a salvar crianças dos trabalhos forçados, além de ter libertado também adultos mantidos em regime de escravidão. Satyarthi dedicou o prêmio às crianças escravizadas. "Agradeço ao comitê do Nobel pelo reconhecimento do sofrimento de milhões de crianças", disse o indiano. "É uma honra para todas as crianças que ainda sofrem com escravidão, trabalho forçado e tráfico de pessoas."

"Calcula-se que haja 168 milhões de crianças trabalhando em todo o mundo", disse Jagland. "Em 2000, o número era de 78 milhões a mais. O mundo chegou mais perto do objetivo de eliminar o trabalho infantil."

Segundo o comitê do Nobel, Malala e Satyarthi foram escolhidos entre 278 indicados — como Edward Snowden, delator da espionagem americana, o papa Francisco e o presidente russo, Vladimir Putin.

Premiados

Em 2014: Malala Yousafzai e Kailash Satyarthi. Em 2013: Organização para Proibição das Armas Químicas (Opac). Em 2012: União Europeia. Em 2011: Ellen Johnson Sirleaf (economista, presidente da Libéria), Leymah Gbowee (terapeuta e ativista liberiana) e Tawakkol Karman (jornalista iemenita). Em 2010: Liu Xiaobo (escritor e ativista chinês). Em 2009: Barack Obama (presidente dos EUA). Em 2008: Martti Ahtisaari (diplomata finlandês e mediador da ONU). Em 2007: IPCC (Painel Intergovernamental de Mudança Climática) e Al Gore (ecologista e político americano). Em 2006: Muhammad Yunus (economista e banqueiro de Bangladesh) e Grameen Bank (banco especializado em microcrédito para famílias pobres). Em 2005: Agência Internacional de Energia Atômica e Mohamed El Baradei (diplomata egípcio).

17

Malala é a vencedora mais jovem — com 17 anos — do Nobel. Ela recebeu o prêmio por defender a educação feminina (e quase foi morta pelo Taleban por causa disso). O nome de Malala ganhou projeção quando foi revelado que ela era a menina sob pseudônimo que escrevia, no blog da BBC, acerca da dominação do taleban no Vale do Swat, no norte do Paquistão, entre os anos 2008 e 2009.

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