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Dois milhões e meio de uruguaios devem ir às urnas no domingo eleger o novo presidente da república. Na reta final da campanha eleitoral, os candidatos presidenciais tentam conquistar o voto dos indecisos, que oscilam entre os 10% e 12% do eleitorado, segundo diversas pesquisas.

A proporção é elevada para os níveis historicamente altos de engajamento político dos uruguaios.

Além de elevada, a proporção de indecisos apresentou um comportamento pouco comum: ela cresceu na medida em que se aproxima a data da eleição.

Segundo pesquisas da consultoria Mori, os indecisos, que eram 8% em abril, cresceram para 10% no final de agosto. Neste fim de semana as pesquisas da Mori indicavam que a proporção de indecisos chegava à faixa de 12%. A consultoria Factum também coloca os indecisos na mesma proporção.

O ex-guerrilheiro tupamaro José Mujica, candidato da Frente Ampla, a coalizão do governo do presidente Tabaré Vázquez (um médico oncologista que em 2004 tornou-se o primeiro socialista eleito presidente no Uruguai) teria 44% das intenções de voto, segundo uma média de diversas pesquisas.

O candidato da oposição, o ex-presidente neoliberal Luis Alberto Lacalle (1990-1995), do Partido Nacional (também chamado de Partido Branco) teria 30%. O terceiro colocado é Pedro Bordaberry, filho do ex-ditador Juan María Bordaberry oscila ao redor dos 10%.

Se não conseguir 50% mais 1 dos votos, Mujica, um ex-guerrilheiro convertido em floricultor que detesta ternos e gravatas, terá que ir para o segundo turno. Mujica - famoso pela intempestividade - foi prejudicado nas últimas semanas por fazer polêmicos comentários, entre eles, o de qualificar os vizinhos argentinos de "imbecis" e o de criticar a Justiça local.

De quebra, a Igreja Católica criticou suas posições pró-aborto. O Uruguai é o país mais laico do continente americano. No entanto, o confronto de Mujica com a Igreja poderia causar a perda de alguns milhares de votos.

Mas um punhado de milhares de votos no pequeno Uruguai possui um peso especial. Vázquez venceu em 2004 em primeiro turno por 15 mil votos que lhe permitiram superar o mínimo necessário para vencer.

"É um número tão grande de indecisos que causa uma situação na qual qualquer cenário é possível", ponderou o analista político Oscar Botinelli, da Factum.

Assim, a maior parte das previsões é a de que a denominada "batalha final" só ocorreria no segundo turno, na qual confrontariam-se Mujica e Lacalle, no dia 29 de novembro.

No domingo, além do presidente, os uruguaios também escolherão 30 senadores e 99 deputados.

Diante da polêmica causada pelo candidato do governo, o presidente Vázquez impediu a realização de um debate na TV entre Mujica e Lacalle. Havia o temor de que seu candidato comprometesse a Frente Ampla com novas controvérsias.

Mujica não era o candidato original do presidente Vázquez, que preferia seu ex-ministro da Economia, o discreto Danilo Astori (vice na chapa de Mujica).

Por esse motivo, Vázquez, que tem mais de 60% de aprovação popular, não se engajou ativamente na campanha do ex-guerrilheiro.

Somente na segunda-feira, na reta final da campanha, Vázquez participou de uma cerimônia na companhia de Mujica, ocasião em que o abraçou em público. Esse gesto, somado à decisão - também na segunda-feira - da Justiça de declarar inconstitucional a lei de anistia aos militares, poderia ajudar Mujica a recuperar terreno entre os eleitores indecisos.

No domingo, com a votação para presidente e parlamentares, os uruguaios também votarão em um plebiscito para definir a eventual suspensão da Lei de Caducidade Punitiva do Estado, o nome oficial da lei de anistia aos militares que cometerem violações aos direitos humanos durante a ditadura (1973-85).

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