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Multidão em Teerã carrega o caixão do general iraniano Qasem Suleimani, morto em ataque aéreo na semana passada em Bagdá
Multidão em Teerã carrega o caixão do general iraniano Qasem Suleimani, morto em ataque aéreo na semana passada em Bagdá| Foto: KHAMENEI.IR / AFP

Em 2009, o governo iraniano nos prendeu e nos sentenciou à morte por enforcamento por causa de nossa fé evangélica cristã. Relatamos essa experiência no livro "Captive in Iran" [Prisioneiras no Irã, sem tradução para o português].

Tivemos experiências em primeira mão com a crueldade do regime iraniano, incluindo os oficiais de inteligência e as forças da Guarda Revolucionária Iraniana, responsáveis ​​por torturar brutalmente nossa melhor amiga, Shirin Alam Hooli, uma ativista curda, e pela sua execução por enforcamento, entre muitas de suas outras ações cruéis.

A Guarda Revolucionária é notória no Irã como a força por trás de todas as repressões, prisões, torturas e assassinatos em massa de muitos iranianos, inclusive nos protestos mais recentes de novembro, nos quais mais de mil (e provavelmente mais) foram mortos e muitos mais foram presos. Além disso, a força é responsável por ações terroristas no Oriente Médio no Iraque, Afeganistão, Síria e além.

Para muitos iranianos, inclusive nós, foi um alívio saber que o major-general Qasem Suleimani, chefe da Força Quds de elite da Guarda Revolucionária Islâmica, foi morto na semana passada em um ataque liderado pelos EUA. Suleimani tem sangue nas mãos não apenas dos iranianos, mas também de membros de das forças americanas, iraquianas, afegãs e sírias.

A maioria das pessoas no Irã está comemorando a morte de um homem que assassinou iranianos inocentes tão recentemente quanto nos protestos de novembro. Ao contrário do que é mostrado na mídia ocidental, as pessoas dentro do Irã estão compartilhando vídeos pelas mídias sociais que mostram que elas estão secretamente dançando em suas casas, comemorando a morte de Suleimani. Alguns até estão assando e presenteando biscoitos uns aos outros para mostrar sua felicidade.

Em novembro, milhares de iranianos foram brutalmente mortos pelos agentes do regime, particularmente pelas forças da Guarda Revolucionária sob a liderança de Suleimani.

Muitas famílias perderam seus entes queridos, incluindo crianças pequenas, durante a repressão aos protestos. Alguns nem conseguiram a liberação dos corpos de seus filhos ou foram forçados a pagar o preço da bala (milhares de dólares) para recuperar os corpos deles.

Outras famílias, incluindo a de Pouya Balhtiari, não tiveram nem permissão para fazer um velório ou funeral para seus filhos porque o regime temia que muitos iranianos se juntassem e isso levaria a outro protesto contra o regime.

Se o povo do Irã tivesse a liberdade de assistir aos funerais daqueles que foram mortos durante os recentes protestos, provavelmente veríamos milhões de iranianos comparecerem e apoiarem o movimento anti-regime.

É importante entender que a multidão que se reuniu para o funeral de Suleimani não representa o povo iraniano em geral. Os apoiadores do regime e aqueles que realmente lamentam a morte do terrorista Suleimani estão em minoria.

A maioria das pessoas mostradas na televisão estatal é paga pelo regime - como os Basijis [uma milícia paramilitar voluntária] - ou forçada a comparecer pelas forças de segurança do regime. Na segunda-feira, quatro pessoas foram presas porque expressaram sua felicidade pela morte de Suleimani nas mídias sociais, de acordo com o canal de televisão Iran International, que tem sede em Londres.

Desde a morte de Suleimani, o regime fechou escolas, bazares (lojas e locais de negócios) e escritórios públicos e obrigou as pessoas a comparecerem ao funeral. Eles levaram as crianças em ônibus para o funeral e até as obrigaram a chorar diante das câmeras de TV.

O regime também ordenou que todo o tráfego fosse direcionado para o local do funeral, para que mesmo aqueles que não quisessem participar não tivessem escolha a não ser se juntar à multidão. Todos as linhas de metrô e trens foram paradas e os passageiros foram obrigados a deixar as estações e se juntar à multidão nas ruas.

O funeral foi apenas um grande show orquestrado pelo regime iraniano para fazer parecer que Suleimani era amado pelo povo iraniano e que eles querem vingança por sua morte - o que não é o que estamos ouvindo de fontes em primeira mão e fontes de notícias persas.

Sabemos desde o nosso tempo no Irã que o regime usa ameaças e força para fazer com que as pessoas participem de cerimônias como essa para mostrar apoio maciço ao governo. Na escola, nossos diretores nos forçaram a dizer: "Morte à América e morte a Israel" todos os dias antes da aula e a assistir a discursos sempre que o presidente ou outras autoridades governamentais chegassem à nossa cidade - e seríamos expulsos se não comparecêssemos. O mesmo acontecia com estudantes do ensino médio e universitários.

Em geral, se as pessoas não comparecerem a esses eventos, elas perdem seus empregos, benefícios públicos e até arriscam suas vidas e segurança.

Enquanto isso, boa parte da mídia ocidental parece estar em parceria com o governo iraniano para divulgar a propaganda de que existe um apoio popular maciço ao regime. A mídia ocidental se concentrou nas grandes multidões de luto pela morte de Suleimani e tentou mostrar que as pessoas no Irã estão com raiva da morte dele e querem vingança.

A realidade é que a maioria dos iranianos ama os Estados Unidos e os americanos e gostaria de estabelecer um relacionamento amigável com Israel e os EUA e viver em paz com outras nações.

O Irã tem sido aprisionado por esse regime hostil e pelos mulás (líderes religiosos) por mais de 40 anos. Muitos iranianos que foram reprimidos pelo regime mostraram, através de seus protestos, que se opõem ao regime e querem vê-lo substituído.

A maioria dos iranianos, inclusive nós, agradece ao presidente americano Donald Trump e seu governo por apoiar o povo iraniano e adotar políticas que estão enfraquecendo o poder do regime no Irã e na região. Também agradecemos a Trump por colocar fim a Suleimani, um monstro terrorista, e outros líderes terroristas que o acompanhavam.

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