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Apresentação do Sexto Relatório de Avaliação do Grupo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)
Apresentação do Sexto Relatório de Avaliação do Grupo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)| Foto: ALESSANDRO DELLA VALLE/Agência EFE

O aquecimento global está ocorrendo de forma mais acelerada do que se imaginava, concluiu um novo relatório das Nações Unidas publicado nesta segunda-feira (9).

De acordo com a análise, as concentrações de gás carbônico na atmosfera foram maiores em 2019 do que em qualquer outro período dos últimos dois milhões de anos. Eles também afirmam que os últimos 50 anos registraram o maior aumento de temperaturas em dois mil anos (considerando períodos de 50 anos).

Os cientistas preveem mudanças irreversíveis, na escala de milhares de anos, na temperatura, aumento da acidez e perda de oxigênio dos oceanos, e concluem que as emissões humanas de gases de efeito estufa e o aquecimento global é “inequívoca”.

O relatório deve influenciar os esforços diplomáticos para garantir novos compromissos de redução de emissões pelos maiores poluidores do mundo na conferência do clima das Nações Unidas que ocorrerá em Glasgow, em novembro.

Quem escreveu o relatório?

O documento foi elaborado pelo Grupo Intergovernamental de Especialistas para a Mudança Climática (IPCC), órgão das Nações Unidas que existe desde 1988 para avaliar a ciência relacionada às mudanças climáticas. Duzentos e trinta e quatro autores se basearam em mais de 14 mil estudos independentes de várias partes do mundo para escrever a análise.

As principais conclusões

O estudo, que aproveita melhoras na pesquisa paleoclimática, mostra que o aumento de temperatura atual é comparável ao que foi, até agora, o período mais quente dos últimos 100 mil anos, ocorrido há cerca de 6 mil anos, conhecido como Holoceno.

Alguns especialistas do IPCC apontam que a atual concentração na atmosfera de dióxido de carbono, o principal gás causador do efeito estufa, supera as 410 partículas por milhão, a maior dos últimos dois milhões de anos.

Se for mantido o atual ritmo de emissões, a temperatura global aumentará 2,7 graus até 2100, na comparação com a média da era pré-industrial, ou seja, entre 1850 e 1900. Eles preveem aumento da temperatura média de 1,5 grau em 2040 e 2 graus em 2060. Atualmente, a atmosfera terrestre está 1,1 grau mais quente do que estava na era pré-industrial.

O aumento resultaria em maiores eventos climáticos, como secas, inundações, ondas de calor, e estaria longe do objetivo de menos 2 graus fixado pelo Acordo de Paris, que, inclusive, pedia a limitação dessa alta a 1,5 grau até o fim do século.

Cenários

O relatório considera cinco cenários, dependendo do nível de emissão de gases que seja alcançado.

No cenário mais pessimista, em que as emissões de dióxido de carbono e outros gases que causam o efeito-estufa dobrariam até a metade do século, o cenário atingiria níveis catastróficos, com aumento de cerca de 4 graus em 2100, com relação ao nível pré-industrial.

Segundo o documento, cada grau de aumento poderia representar 7% a mais de chuvas no mundo, o que levaria a um aumento nas ocorrências de tempestades, inundações e outros desastres naturais.

As ondas de calor extremos, que na época pré-industrial ocorriam uma vez por década, e atualmente 2,3 vezes, poderiam se multiplicar por 9,4 (ou seja, quase uma por ano), em um cenário com quatro graus a mais de temperatura.

Do contrário, na hipótese considerada ótima pelo relatório, com emissões zero de carbono até a metade do século, o aumento de temperatura seria de 1,5 grau em 2040, 1,6 grau em 2060 e seria reduzida em 1 grau no fim do século.

Além da média global, o relatório aponta que o aumento de temperaturas será desigual entre regiões, sendo o ártico a região mais afetada.

Papel da humanidade

O relatório indica que os seres humanos tiveram um papel "inegável" para o aquecimento da atmosfera, dos oceanos e do solo. O que seria inicialmente uma teoria, agora é um “fato estabelecido”, dizem os autores.

A conclusão, segundo eles, se baseia em observações diretas de mudanças recentes no clima da Terra, análises de anéis de árvores, núcleos de gelo e outros registros de longo prazo que documentam como o clima mudou no passado, além de modelos de projeção climática.

Os principais fatores humanos das mudanças climáticas são, segundo o relatório, os aumentos nas concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa e de aerossóis da queima de combustíveis fósseis.

Comentários

Secretário-geral da ONU, António Guterres: [Este relatório] é um alerta vermelho para a humanidade. Os alarmes são ensurdecedores e as evidências são irrefutáveis: as emissões de gases de efeito estufa da queima de combustíveis fósseis e do desmatamento estão sufocando nosso planeta e colocando bilhões de pessoas em risco imediato” ““Este relatório deve soar como uma sentença de morte para o carvão e os combustíveis fósseis, antes que destruam nosso planeta”.

John F. Kerry, enviado especial do governo Biden para o clima: “O que o mundo exige agora é uma ação real… Podemos chegar à economia de baixo carbono de que precisamos urgentemente, mas o tempo não está do nosso lado”.

Primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson: “O relatório de hoje é uma leitura sensata e está claro que a próxima década será fundamental para garantir o futuro do nosso planeta ... Espero que o relatório de hoje seja um alerta para o mundo agir agora, antes de nos encontrarmos em Glasgow, em novembro, para a cúpula crucial da Cop26”.

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