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Em ataque a igreja católica no estado de Ondo, no domingo de Pentecostes, 40 cristãos foram mortos
Em ataque a igreja católica no estado de Ondo, no domingo de Pentecostes, 40 cristãos foram mortos| Foto: EFE/EPA/STRINGER

A violência contra cristãos aumenta na Nigéria, um dos países que mais perseguem adeptos do cristianismo em todo o mundo, segundo a organização Portas Abertas.

No último domingo (19), homens armados atacaram uma igreja católica e uma igreja batista no estado de Kaduna, no centro-norte do país: três pessoas foram mortas e mais de 30 fiéis foram sequestrados. Duas semanas antes, no domingo de Pentecostes, 40 cristãos foram mortos em um ataque a uma igreja católica no estado de Ondo, no sudoeste nigeriano.

No seu ranking mais recente sobre a perseguição a cristãos pelo mundo, a Portas Abertas colocou a Nigéria em sétimo lugar.

A organização destacou no relatório que a situação é mais crítica no norte do país, onde “os cristãos vivem sob a constante ameaça de ataques de grupos extremistas como Boko Haram, Estado Islâmico da Província da África Ocidental (Iswap, na sigla em inglês) e extremistas fulanis”. Entre janeiro de 2021 e março deste ano, 6.006 cristãos foram mortos na Nigéria.

Antes dos ataques do último domingo, a ONG Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (Acled, na sigla em inglês) já havia contabilizado ao menos 23 ataques a instalações de igrejas e pessoas ligadas a elas este ano na Nigéria.

Contabilizando os dois ataques em Kaduna, o número de registros de 2022, que ainda não completou seis meses, já se aproxima do computado em todo o ano de 2021, quando haviam sido registrados 31 ataques; em 2020, foram 18.

“Está se tornando uma situação desesperadora e é algo repreensível”, declarou o porta-voz da Associação Cristã da Nigéria, Adebayo Oladeji.

O crescimento da perseguição aos cristãos na Nigéria neste momento tem alguns diferenciais em relação a outras épocas.

O primeiro foi o anúncio da campanha “Batalha de Vingança pelos Dois Sheiks”, feito pelo novo porta-voz do Estado Islâmico, Abu Umar al Muhajir, em 17 de abril. Ele convocou apoiadores a realizar ataques contra “infiéis” para “vingar” as mortes do líder Abu Ibrahim al Qurayshi e do porta-voz anterior do EI, Abu Hamza al Qurayshi, ocorridas este ano.

Desde então, segundo levantamento do projeto Critical Threats (“Ameaças Críticas”), mais ataques terroristas têm sido reivindicados por afiliados ao Estado Islâmico no Afeganistão, na República Democrática do Congo, na península do Sinai, no Egito, Índia, Iraque, Líbia, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Somália e Síria.

Uma reportagem recente da BBC destacou que ataques a cristãos também têm sido perpetrados por milícias e quadrilhas não afiliadas a nenhum grupo terrorista, num cenário em que a disputa por terra tem grande peso.

Secas e desertificação no norte da Nigéria têm levado muçulmanos a migrar para localidades mais ao sul, onde entram em confronto com comunidades agrícolas cristãs, tendo como alvos casas e locais de culto. Nesse contexto, comunidades muçulmanas também têm sido visadas.

Além desses fatores, líderes religiosos denunciam a negligência histórica do Estado nigeriano na proteção aos cristãos e no combate ao terrorismo.

“Na Nigéria, infelizmente, isso [perseguição religiosa] é possível quando o governo não oferece segurança para toda a população, ou protege seletivamente algumas pessoas e ignora a segurança de outras”, afirmou o padre nigeriano Oseni Jude Osilama Ogunu, em entrevista à Agência Católica de Informação (ACI).

Apesar do medo nesse momento de violência crescente, o padre se disse esperançoso: “Nenhuma crueldade ou tirania pode impedir que a Igreja floresça e cresça na fé cristã”.

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