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Equipe de ambulância em frente ao hospital Royal London, em Londres, 6 de janeiro. O avanço da ômicron pressiona hospitais no Reino Unido, que enfrentam escassez de profissionais
Equipe de ambulância em frente ao hospital Royal London, em Londres, 6 de janeiro. O avanço da ômicron pressiona hospitais no Reino Unido, que enfrentam escassez de profissionais| Foto: EFE/EPA/ANDY RAIN

O avanço da variante ômicron tem provocado crises em hospitais pelo mundo. Embora o número de internações por Covid-19 não tenha aumentado na mesma proporção em que os contágios nas regiões onde a nova variante é predominante, as infecções em profissionais de saúde, que precisam ficar em isolamento, acabam sobrecarregando as equipes médicas.

No Canadá, por exemplo, hospitais de Ottawa têm enfrentado dificuldades depois que centenas de enfermeiros testaram positivo para Covid-19. Associações de profissionais pediram ajuda ao governo da província para solucionar a crise, enquanto enfermeiros são obrigados a cancelar férias e a trabalhar horas extras em seus dias de folga para compensar a escassez.

No Reino Unido, militares foram mobilizados para apoiar os hospitais no momento em que o país registra números recordes de contágios e enfrenta falta de pessoal.

O Ministério da Defesa informou na sexta-feira (7) que 200 membros das Forças Armadas estarão disponíveis para o Serviço de Saúde Nacional (NHS, na sigla em inglês), pelas próximas três semanas. O governo britânico também mobilizou militares para auxiliar os serviços de vacinação e testagem.

O avanço da ômicron no Reino Unido provocou uma crise de falta de profissionais do sistema de saúde público e uma fila recorde na lista de espera em hospitais. Um relatório parlamentar do Comitê de Saúde do país informou na quinta-feira que 5,8 milhões de pessoas estão na fila para tratamentos eletivos no país.

"Nosso relatório concluiu que os planos de recuperação do governo estão em risco de fracassar por causa de uma crise de pessoal inteiramente previsível", afirmou o diretor do comitê, Jeremy Hunt.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson alertou que as próximas semanas serão desafiadoras por causa da circulação da ômicron e que haverá problemas com equipes de saúde, já que muitos profissionais estarão em isolamento. Mas ele afirmou que o país pode se manter sem novas restrições, graças à alta taxa de vacinação e à menor gravidade da nova variante.

Na semana passada, o Reino Unido registrou uma média de mais de 150 mil novos casos de Covid-19 a cada dia.

O governo britânico decidiu que todos os profissionais do NHS que têm contato direto com pacientes e que ainda não se vacinaram devem tomar a primeira dose até 3 de fevereiro, ou podem ser demitidos até o fim de março. Líderes de sindicatos estão pedindo que a obrigatoriedade da vacina seja adiada, temendo que a possível demissão de profissionais agrave a crise na saúde.

Uma média de 35.596 profissionais do NHS estavam doentes com Covid-19 na semana passada, uma cifra que só tinha sido vista durante o pico da segunda onda de contágios no país, segundo o jornal The Guardian.

Enfermeiros infectados trabalham na Austrália

Enfermeiros que testaram positivo para Covid-19 estão sendo chamados para trabalhar em hospitais no estado de Nova Gales do Sul, na Austrália, no momento em que o surto da ômicron causa baixas nas equipes, noticiou o Guardian.

Vários profissionais de saúde de diversos hospitais relataram ao jornal que têm trabalhado ao lado de colegas infectados - uma violação dos protocolos de saúde - enquanto cerca de 2.500 profissionais estão em quarentena no estado.

Os hospitais orientaram, de maneira não oficial, os enfermeiros a sair do isolamento e voltar ao trabalho, desde que estivessem assintomáticos. Mas enfermeiros relatam ter visto colegas trabalhando com sintomas claros de Covid-19, como tosse e espirros.

Em alguns hospitais, os enfermeiros infectados estavam atuando até mesmo em alas de pacientes negativos para Covid, afirmou o jornal britânico.

As políticas de isolamento foram flexibilizadas no estado recentemente. Os funcionários dos hospitais que tiveram contato com alguém que testou positivo, e que por isso tinham que cumprir isolamento de sete dias, agora podem voltar ao trabalho antes do fim desse período se não estiverem com sintomas e forem considerados essenciais.

Na semana passada, um documento obtido pelo Guardian revelou que os hospitais públicos de Nova Gales do Sul estavam planejando trazer enfermeiros de outros países para lidar com o aumento de casos de Covid-19. Segundo o comunicado, os hospitais pediram às equipes que cancelassem folgas e trabalhassem turnos extras, porque os hospitais tinham muitos profissionais que testaram positivo ou foram expostos.

Equipes sobrecarregadas nos EUA

Hospitais dos Estados Unidos também sofrem pressão com o aumento de contágios causado pela ômicron. Um grande número de profissionais de saúde recentemente pediu demissão no país, e muitos que ficaram foram afastados do trabalho nas últimas semanas porque foram infectados pela nova variante.

Mais de 126 mil pessoas foram internadas com Covid-19 nesta semana nos EUA, o nível mais alto em um ano, segundo o Washington Post, que relata que essa onda de contágios é diferente das anteriores.

Desta vez, a maioria dos pacientes de Covid nos hospitais americanos buscou atendimento por outros motivos, e descobriram incidentalmente que estavam infectados.

Segundo o jornal americano, as equipes médicas dos hospitais estão mais sobrecarregadas do que nunca. Um a cada quatro centros médicos relatou nesta semana escassez "crítica" de pessoal.

"A crise de pessoal é a pior de toda a pandemia", disse Amanda Bettencourt, presidente da Associação Americana de Enfermeiros de Cuidados Críticos, em entrevista ao site The Atlantic. Ela disse que a força de trabalho foi tão reduzida, que algumas instituições já estão sobrecarregadas apenas com uma fração dos pacientes que podiam atender anteriormente.

A preocupação no país é com a combinação de dois agravantes para a crise: taxas recordes de casos de Covid-19 e a maior escassez de profissionais de saúde em toda a pandemia. A situação tem forçado hospitais a recusar ambulâncias e pacientes e a cancelar procedimentos eletivos.

A situação é diferente em cada região, de acordo com o levantamento do Post. Em epicentros da ômicron, como Nova York, a maioria dos pacientes não sabe que está infectada até testar positivo enquanto faz outros procedimentos em hospitais. Já nos locais onde a variante delta é predominante, como Michigan e Minnesota, os hospitais continuam atendendo pacientes em estado grave.

A imprensa americana tem relatado a frustração de profissionais de saúde no país que continuam atendendo pacientes que se recusam a se vacinar e chegam com quadros graves de Covid-19, com impactos sobre o sistema de saúde já sobrecarregado.

Organizações de saúde têm feito campanhas com anúncios em jornais, apelando aos cidadãos que se vacinem e mantenham as precauções.

O Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos EUA estima que, até o final de janeiro, entre 24 mil e 53 mil americanos serão internados por dia por causa da Covid-19.

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