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Equipe médica com trajes de proteção no aeroporto de Sheremetyevo, Moscou, Rússia, 18 de março. A OMS estima que o número de casos de covid-19 chegará a 1 milhão nos próximos dias
Equipe médica com trajes de proteção no aeroporto de Sheremetyevo, Moscou, Rússia, 18 de março. A OMS estima que o número de casos de covid-19 chegará a 1 milhão nos próximos dias| Foto: Dimitar DILKOFF / AFP

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, expressou preocupação com o rápido avanço global do coronavírus. Em entrevista coletiva em Genebra, na Suíça, o líder da entidade afirmou que, nos próximos dias, o número de casos da doença deve chegar à marca de 1 milhão, com 50 mil mortes.

"Nas últimas cinco semanas, vimos um crescimento quase exponencial no volume de novos casos, alcançando quase todos os países, territórios e áreas", destacou.

No mundo todo, o total de casos registrados de infecção pelo novo coronavírus é de 921.924 até esta quarta-feira (1º), segundo a Universidade Johns Hopkins (EUA). Mais de 46 mil pessoas morreram por causa da doença, e mais de 192 mil pacientes se recuperaram.

Tedros salientou que, por ser a primeira pandemia de coronavírus da história, o comportamento da covid-19 ainda é desconhecido. "Estamos trabalhando duro com pesquisadores em todo o mundo para gerar evidências sobre quais medicamentos são mais efetivos no tratamento da doença", disse.

O médico etíope revelou que há estudos também sobre a eficácia do uso de máscaras. A OMS recomenda a utilização do item apenas para pessoas infectadas ou as que estejam cuidando de pacientes. "No entanto, as máscaras só são eficientes se combinadas com outras medidas de proteção", ressaltou.

O diretor-executivo da Organização, Michael Ryan, lembrou que ainda não há terapia comprovada contra a doença e que, por isso, é preciso ter cuidado no uso de medicamentos que ainda não foram estudados. Ele também pediu que os países adotem políticas abrangentes de contenção, para que não precisem ficar mudando as orientações todos os dias. Segundo Ryan, a quarentena não pode ser a única ação contra o vírus.

Consequências sérias para África e Américas do Sul e Central

O diretor-geral Tedros Ghebreyesus afirmou ainda que a pandemia do novo coronavírus terá consequências sérias para os países da América do Sul, Central e África, e defendeu que esses países estejam equipados para conseguir identificar o maior número possível de casos de pessoas contaminadas.

"O coronavírus vai ter sérias consequências sociais, econômicas e políticas na América do Sul e África", disse Tedros Adhanom. "Precisamos garantir que esses países detectem, testem, isolem e tratem esses casos, identificando os contatos com pessoas infectadas". Os casos de coronavírus mais que dobraram na última semana.

Tedros Adhanom destacou que muitos países estão determinando que as pessoas fiquem em casa e reduzam a circulação, o que limita a transmissão do vírus, mas traz consequências para as pessoas mais pobres. "Pedi aos governos que implementem medidas de bem-estar social para garantir que as pessoas vulneráveis tenham alimentos e outros itens essenciais durante esta crise".

O diretor da OMS lembrou que o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, anunciou um pacote de US$ 24 bilhões, incluindo comida gratuita para 800 milhões de pessoas. O projeto determina ainda a transferência de dinheiro para 204 milhões de mulheres pobres e o fornecimento gratuito de gás de cozinha para 80 milhões de famílias nos próximos 3 meses.

"Muitos países em desenvolvimento lutarão para implementar programas de bem-estar social dessa natureza. Para esses países, o alívio da dívida é essencial para que eles possam cuidar de seu povo e evitar o colapso econômico".

"Modo aprendizado"

Tedros destacou que ainda existem muitas incertezas e que todo o planeta está em processo de aprendizado diário. "É a primeira pandemia de coronavírus do mundo e o seu comportamento é desconhecido ainda. É por isso que precisamos estar no 'modo aprendizado'". Ele pediu novamente solidariedade e cooperação internacional não apenas para a saúde pública, mas para lidar com os efeitos sociais e econômicos que muitos países estão enfrentando.

Questionadas sobre as declarações do presidente Jair Bolsonaro na terça-feira, 31, as autoridades da OMS não responderam diretamente sobre o caso brasileiro. "A mensagem para todos os países é a de adotar uma estratégia compreensiva para responder a essa doença, fortalecendo os sistemas públicos de saúde para absorver o fluxo de pessoas", disse o diretor do programa de Emergências de Saúde da entidade, Michael Ryan. "É muito importante que todos os países levem a sério, estejam prontos, engajem as comunidades e não deixem ninguém para trás. Para todos os países, não só o Brasil".

Maria Kherkove, diretora da área de doenças e zoonoses emergentes da OMS, afirmou que todos os indivíduos têm um papel na luta contra o coronavírus. "Todos precisam entender que são responsáveis", disse.

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