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Milhares de pessoas se reuniram em um parque aquático de Wuhan para um festival de música eletrônica em 15 de agosto de 2020
Milhares de pessoas se reuniram em um parque aquático de Wuhan para um festival de música eletrônica em 15 de agosto de 2020| Foto: distribuição/AFP

A Organização Mundial da Saúde evitou criticar a aglomeração em um festival de música que ocorreu no fim de semana em Wuhan, cidade chinesa onde o novo coronavírus surgiu pela primeira vez.

Ao ser perguntada sobre a festa que atraiu milhares de jovens a um parque aquático, que não adotaram nenhuma medida de prevenção, a epidemiologista da OMS Maria van Kerkhove disse nesta terça-feira (18) que "não devemos culpar as pessoas por quererem viver suas vidas" e que cenas semelhantes foram observadas em outros países. "Acho que só precisamos ter certeza de que a informação que está chegando, principalmente aos jovens e às crianças, é a de que eles não são invencíveis", continuou.

No mesmo dia, a OMS alertou que os jovens estão se tornando os principais responsáveis da propagação da Covid-19 em muitos países, citando como exemplo a Austrália, Japão e as Filipinas, onde mais da metade dos novos casos de Covid-19 são de pessoas com menos de 40 anos. Para Takeshi Takai, diretor regional do Pacífico Ocidental da OMS, o fato de que esses pacientes geralmente são assintomáticos, ou apresentam apenas sintomas leves, aumenta o risco de infecção de pessoas mais vulneráveis, já que muitos jovens não sabem que estão com a doença.

No fim de julho, a OMS também havia demostrado preocupação com aglomerações na Europa, apontando essas situações como a causa do aumento de casos em muitos dos países europeus. "Quando o vírus encontra lugares com oportunidade para se transmitir, ele traz efeitos devastadores", alertou Kerkhove em 27 de julho. Cerca de um mês antes o vice-diretor da OMS, Ranieri Guerra, foi ainda mais duro em suas críticas sobre aglomerações, chamando de "irresponsáveis" os torcedores do Napoli, time italiano de futebol, que saíram às ruas da cidade para comemorar a conquista da Copa Itália.

A ressalva não foi feita por Kerkhove ao comentar sobre a festa em Wuhan muito provavelmente porque a cidade de 11 milhões de habitantes não registra nenhum caso doméstico de Covid-19 desde meados de maio e porque quase toda a população foi testada para a doença.

Apesar disso, epidemiologistas de fora da OMS lembram que ainda há risco de contaminação. "O problema é que não erradicamos a Covid-19, e o que isso significa é que, enquanto ela não for erradicada, ainda existe o risco de sua introdução, seja do exterior ou de outro lugar", disse à BBC Sanjaya Senanayake, professor de doenças infecciosas da Universidade Nacional da Austrália, citando o exemplo da Nova Zelândia, que ficou 102 dias sem registrar transmissão comunitária do vírus, mas que agora teve que voltar a restringir a circulação dos moradores de Auckland devido a um novo surto na cidade.

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