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Milhares de pessoas se refugiaram no Usbequistão devido à violência no Quirguistão | Reuters
Milhares de pessoas se refugiaram no Usbequistão devido à violência no Quirguistão| Foto: Reuters
  • Mulher refugiada procura por netos desaparecidos em meio á violência no Quirguistão
  • Militares ocupam ruas de Osh, cidade onde centenas de pessoas podem ter morrido em confrontos

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha afirmou, nesta terça-feira, que "várias centenas" de pessoas já morreram por causa da violência étnica no Quirguistão Segundo um porta-voz da entidade, não há dados precisos sobre os mortos nos distúrbios iniciados na quinta-feira passada, mas "nós estamos falando de várias centenas" de pessoas mortas. Funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU) culparam gangues e bandos de homens mascarados pelos assassinatos, incêndios e matanças, que deixaram em ruínas a segunda maior cidade do Quirguistão, Osh. Mais de 100 mil usbeques, povo que é minoritário no sul do Quirguistão, já fugiram para a fronteira com o Usbequistão.

Mais tarde nesta terça-feira, a ONU denunciou que a onda de violência étnica que explodiu no Quirguistão parece ter sido "orquestrada e bem planejada". A alta comissária da ONU para os direitos humanos, Navi Pillay, disse que a violência étnica parece ter sido "orquestrada, bem planejada e com um alvo" e fez um apelo urgente às autoridades quirguizes que tomem providências imediatas para acabar com as matanças. O porta-voz de Pillay em Genebra, Rupert Colville, disse hoje que existem provas de que a violência contra os usbeques começou com cinco ataques simultâneos na semana passada, desfechados por homens que usavam máscaras de esquiadores.

"Pessoas muito bem armadas, que obviamente estavam bem preparadas para este conflito, atiraram na gente". Disse Teymurat Yuldashev, de 26 anos, que está com feridas de tiros em um braço e no peito. "Eles estavam organizados, tinham armas, militantes e francoatiradores. Eles nos destruíram".

A parte sul do Quirguistão sofre com dias de violência contra a minoria usbeque, que deixaram a segunda maior cidade do país, Osh, em ruínas e forçam dezenas de milhares de usbeques a fugir para seu país de origem, vizinho ao território quirguiz. Nesta terça-feira, o Ministério da Saúde afirmava que o número oficial de mortos era de 179, com quase 1.900 feridos. Várias dezenas de milhares de refugiados já estão em 30 campos montados ás pressas no Usbequistão.

Atingido pelo enorme fluxo de refugiados, o Usbequistão fechou a fronteira nesta terça-feira, deixando milhares de pessoas acampadas do lado quirguiz ou então atrás das cercas de arame farpado, na "terra de ninguém" entre os dois países.

As Nações Unidas e a União Europeia pediram que o Quirguistão mantenha o calendário para um referendo constitucional e as eleições parlamentares. Um representante da ONU, Miroslav Jenca, disse em visita a Bishkek que o referendo deste mês e as eleições parlamentares de outubro devem ocorrer, para que o país avance rumo à democracia. O embaixador alemão no Quirguistão, Holger Green, disse que esta também é a posição da UE.

O governo interino, da presidente Roza Otunbayeva, acusa aliados do presidente deposto em abril, Kurmanbek Bakiyev, pela violência. Segundo a nova administração, a intenção desse grupo político é evitar que ocorra um referendo em 27 de junho sobre a nova Constituição do país. Exilado na Bielo-Rússia, Bakiyev negou qualquer relação com a violência. A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, disse que a violência "parece ser orquestrada, com um alvo e bem planejada".

Otunbayeva disse que falou novamente com o presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, ao qual pediu o envio de tropas russas para debelar a violência étnica no sul. A Rússia recusou o primeiro pedido de envio de tropas, feito por Otunbayeva no final de semana passado. Tanto a Rússia quanto os Estados Unidos têm bases militares no Quirguistão.

Os usbeques étnicos têm apoiado o governo interino, enquanto os quirguizes, em sua maioria, são partidários de Bakiyev.

Estima-se que 200 mil pessoas tenham fugido da violência no Quirguistão desde a quinta-feira, segundo um porta-voz em Genebra do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

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