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Pequenas e médias cidades do Brasil e América Latina têm se transformado rapidamente em médios e grandes centros urbanos, o que exige investimentos nesses locais, revelou um relatório do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN-HABITAT), divulgado na quarta-feira no Rio de Janeiro.

Segundo o levantamento, nos últimos 15 anos, 70 cidades da América Latina, sendo boa parte do Brasil, mudaram de porte e passaram de pequenas (cerca de 50 mil pessoas) para médios e grandes centro urbanos (mais de 150 mil pessoas).

"As pessoas são atraídas pela instalação de grandes empresas nas regiões que abrem boas oportunidades de emprego. Há um apelo turístico também, além da saturação das grandes cidades em termos de transportes, serviços, segurança e habitação", afirmou a diretora do escritório regional para América Latina e o Caribe do UN-HABITAT, Cecília Martínez Leal.

A diretora defendeu que os governos dediquem atenção e investimentos nessas localidades para manter a qualidade de vida e evitar o surgimento de transtornos já observados nas grandes metrópoles da região.

"Os investimentos públicos e privados devem estar dirigidos para zonas de pobreza e não continuar apenas nas zonas de riqueza. Isso é o mais importante... As cidades precisam dos governos federal, estadual e municipal. No passado havia uma migração do campo para a cidade e hoje, cidade-cidade. O importante agora não é de onde veio, mas o que fazer", acrescentou ela.

Itaquaquecetuba, em São Paulo, é um exemplo do crescimento acelerado de uma cidade brasileira. A cidade passou por um crescimento populacional de 10 por cento ao ano durante a década de 1990 e atualmente tem cerca de 334 mil habitantes, ante 272 mil em 2000.

Outras cidades brasileiras como Porto Seguro e Camaçari, na Bahia, e Parauapebas, no Pará, são outros exemplos de "inchamento" populacional entre 2000 e 2008.

O aumento de população e rápida urbanização acontecem em muitas cidades da América Latina, mais do que em qualquer outra região do planeta, segundo Martinez. Ela alertou que urbanização pode ainda acelerar o processo de aquecimento global, obrigando os governos a investir em medidas que preservem o meio ambiente.

A América Latina e o Caribe são as regiões que concentram a maior quantidade de cidades desiguais do mundo, sendo que a característica do desenvolvimento urbano no continente é o crescimento rápido de algumas cidades pequenas que atualmente abrigam 40 por cento da população urbana, sendo o Brasil e o México os principais exemplos deste continente.

"Campeã de desigualdade"

A América Latina e o Caribe também são as regiões mais urbanizadas do mundo. Quatro das 14 megacidades do planeta estão na região (São Paulo, Rio de Janeiro, Cidade do México e Buenos Aires), sendo que 27 por cento da população latino-americana vive em favelas, em um total de 117.439 milhões de habitantes. A população urbana da América Latina e Caribe é de 434.432 milhões.

"A região é campeã de desigualdade e o índice de Gini (que mede a desigualdade entre ricos e pobres) está acima de 0,4 (média internacional). Colômbia e Brasil estão na frente desta lista", disse Martínez Leal.

"Para melhorar é preciso investir nas zonas de pobreza no Brasil e o próprio PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) pode ajudar. É preciso melhorar os serviços para diminuir as desigualdades", acrescentou.

O estudo mostra que São Paulo perderá em 2025 para Daca (Bangladesh) o posto de quarta cidade mais populosa do mundo. A previsão é que São Paulo caia para a quinta posição com 21,4 milhões de habitantes. O ranking continuará sendo liderado por Tóquio (Japão), seguida de Mumbai e Délhi (ambas na Índia).

A cidade do Rio de Janeiro passará da 13a para a 18º posição na lista das maiores cidades do mundo.

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