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O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e a anfitriã Dinamarca pediram nesta terça-feira aos países participantes de uma conferência climática que façam concessões de modo a permitir a aprovação de um novo tratado contra o aquecimento global.

Os ministros tentam resolver o impasse nas negociações climáticas em Copenhague, três dias antes da reunião de chefes de Estado e governo para selar o novo acordo.

"A esta hora estamos nos equilibrando entre o sucesso e o fracasso", disse Connie Hedergaard, que preside em nome da Dinamarca a conferência de duas semanas, na abertura da fase de negociações envolvendo os primeiros escalões nacionais.

"O sucesso está ao nosso alcance. Mas... também devo alertá-los: podemos fracassar".

Os organizadores do evento disseram que os ministros de Meio Ambiente vão trabalhar noite adentro na terça-feira para tentar superar divergências e para que a maior parte do trabalho esteja concluída antes da participação oficial dos 115 governantes, na quinta-feira.

"Três anos de esforço se resumem a três dias de ações", disse Ban. "Não vamos fraquejar na reta final. Ninguém vai conseguir tudo o que deseja nesta negociação".

Após uma suspensão de várias horas na véspera por causa de um protesto de países africanos, as negociações voltaram a parar na terça-feira devido a disputas sobre as reduções que os países ricos devem fazer nas suas emissões de gases-estufa, e sobre a meta de longo prazo para o controle das temperaturas globais, de modo a evitar os piores efeitos da mudança climática - o que inclui inundações, secas, ondas de calor e elevação do nível dos mares.

Esboços de textos datados de terça-feira mostravam que os negociadores tinham retirado os números relativos às metas globais de longo prazo e dos cortes de emissões dos países ricos até 2020 do texto original. Os números poderão ser reinseridos se for alcançado um acordo.

Grandes empresas dos EUA como Duke Energy, Microsoft e Dow Chemical defenderam uma forte redução nas emissões norte-americanas, o que estimularia a busca por uma economia mais verde.

"Ainda há muito a fazer, as partes estão bastante distanciadas em um bom número de questões", disse Todd Stern, representante especial dos EUA para questões climáticas, acrescentando que não prevê nenhuma mudança nas metas de emissões dos EUA durante as negociações.

48 horas

A sessão de terça-feira deve ir noite adentro.

"Não é o papel dos líderes negociar o texto", disse o representante brasileiro, Sérgio Serra, enfatizando que a maior parte do trabalho deve estar pronta até quinta-feira.

As negociações de Copenhague, descritas por Ban como as mais complexas e ambiciosas já ocorridas na comunidade mundial, tropeçam na já antiga divergência entre países ricos e pobres sobre como enfrentar a mudança climática.

Um grupo de países identificados sob a sigla "Basic" (Brasil, África do Sul, Índia e China) está "coordenado suas posições quase de hora em hora", disse o ministro indiano do Meio Ambiente, Jairam Ramesh, reforçando o clima de divisão entre ricos e pobres.

A ministra sul-africana do Meio Ambiente, Buyelwa Sonjica, disse em nome do grupo que as promessas dos países ricos para o corte de emissões são "menos do que ambiciosas e inconsistentes com a ciência".

As negociações em Copenhague ainda não chegaram a um acordo sobre a criação de um fundo que ajude os países pobres a se adaptarem à mudança climática e a reduzirem suas emissões de gases-estufa.

Um jornal japonês disse na terça-feira que o Japão oferecerá 10 bilhões de dólares de ajuda ao longo de três anos, até 2012, e que isso incluirá medidas para proteger a biodiversidade nos países em desenvolvimento.

A maioria dos países desenvolvidos é a favor de um financiamento climático provisório de cerca de 30 bilhões de dólares entre 2010-2012 para ajudar os países mais pobres, muitos dos quais afirmam que esse valor é insuficiente.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse em Paris que espera do seu colega norte-americano, Barack Obama, o apoio a um "rápido início" para a ajuda aos países em desenvolvimento. "O presidente Obama sempre fala das suas ligações com a África, é hora de demonstrá-las", disse.

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