• Carregando...

O governo dos Estados Unidos e ativistas de direitos humanos pediram nesta terça-feira que a Nigéria investigue e processe os responsáveis pelas mortes de mais de 500 pessoas num novo episódio de violência entre cristãos e muçulmanos no país. O presidente interino Goodluck Jonathan prometeu que as lutas estavam encerradas depois que mais de 300 pessoas foram mortas em janeiro. Jonathan demitiu seu conselheiro de segurança nacional na noite de segunda-feira após a violência do final de semana.

"Após os assassinatos de janeiro, as vilas deveriam estar devidamente protegidas", disse a alto comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay. "Claramente, os esforços prévios para lidar com as causas fundamentais foram inadequados e, nesse meio tempo, as feridas se infectaram e ficaram mais profundas."

O Human Rights Watch também pediu a Jonathan que proteja os moradores de pequenas vilas nas redondezas de Jos, cidade do centro da Nigéria que tornou-se um problema para a violência religiosa na região.

Os sobreviventes dos ataques de domingo a três vilas, majoritariamente cristãs, disseram que as forças de segurança nunca enviaram guardas, apesar de Jos permanecer sob toque de recolher do anoitecer até o nascer do sol desde os confrontos de janeiro.

"É hora de desenhar uma linha na areia", disse a pesquisadora do Human Rights Watch

Corinne Dufka em comunicado nesta terça-feira. "As autoridades precisam proteger essas comunidades, levar os levar os criminosos à Justiça e atuar na raiz da violência."

A polícia disse que deteve mais de 90 pessoas suspeitas de incitar a violência. Alguns a descrevem como um ataque de represália à morte de muçulmanos em janeiro, enquanto outros dizem que pastores de Fulani queriam tomar as terras do platô.

A Embaixada dos Estados Unidos em Abuja, a capital da Nigéria, divulgou um comunicado pedindo que o governo federal da Nigéria busque justiça "sob o domínio da lei e de maneira transparente".

Os Estados Unidos também pediram ao governo estadual que "assegure que todas as pessoas e cidadãos da área de Jos sintam que são respeitados e protegidos".

Jonathan disse que as forças de segurança vão fechar as fronteiras do Estado de Plateau para interromper a entrada de armas e de potenciais combatentes na região.

Mas na segunda-feira, um repórter da Associated Press passou por sete supostos postos de checagem onde revistas deveriam ter sido feitas, mas nada aconteceu. Alguns dos postos estavam vazios enquanto em outros a polícia e os soldados apenas observavam os carros passando, sem pará-los.

Os assassinatos de domingo se somam a outros milhares ocorridos no mais populoso país da África na última década em razão de problemas políticos e religiosos. Confrontos em setembro de 2001 mataram mais de 1.000 pessoas. Batalhas entre cristãos e muçulmanos mataram 700 pessoas em 2004 e mais de 300 morreram durante levantes semelhantes em 2008.

A Nigéria é praticamente dividida ao meio entre muçulmanos no norte e cristãos no sul. O mais recente derramamento de sangue acontece na região central do país, em cidades localizadas ao longo da fronteira religiosa do país, no "cinturão do meio", onde dezenas de grupos étnicos lutam pelo controle das terras férteis.

Tiros de armas automáticas misturados a gritos foram ouvidos na noite desta terça-feira na cidade nigeriana de Jos, perto das vilas onde dois dias atrás mais de 200 pessoas foram massacradas

As autoridades impuseram um toque de recolher que vai do anoitecer até o nascer do sol. Mas quando as salvas de tiros se mantiveram por cerca de três minutos, aparentemente provenientes de várias armas automáticas, as pessoas saíram correndo pelas ruas.

Mais de 100 pessoas, a maioria mulheres e crianças, buscaram abrigo num hotel onde jornalistas e comandantes militares estavam hospedados.

Evarisitus Fuanbal, um ex-soldado que agora trabalha no hotel Jos' City Lodge, disse que os oficiais militares que estavam no hotel foram embora na noite de terça-feira após receberem informações de que havia pessoas se reunindo nas proximidades.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]