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Presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad fala com a imprensa durante cletiva em Istambul, na Turquia | Osman Orsal / Reuters
Presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad fala com a imprensa durante cletiva em Istambul, na Turquia| Foto: Osman Orsal / Reuters

Após meses de duras negociações, as potências do Conselho de Segurança da ONU disseram nesta terça-feira estarem próximas de votar uma resolução para impor uma quarta rodada de sanções ao Irã por seu programa nuclear.

O embaixador mexicano na Organização das Nações Unidas (ONU), Claude Heller, atual presidente do Conselho de 15 nações, disse a repórteres que a reunião irá ocorrer às 11h de quarta-feira (horário de Brasília), após um acordo sobre a lista dos alvos das sanções.

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, afirmou esperar a aprovação da resolução, que daria um trampolim para que países adotassem suas próprias medidas mais duras contra Teerã por se recusar a interromper o enriquecimento de urânio.

O Irã, no entanto, alertou a Rússia, sua parceira comercial, para não apoiar as medidas punitivas contra a República Islâmica. Diplomatas ocidentais esperam que os 12 membros do Conselho, incluindo todos os cinco com poder de veto, votem pela resolução. Brasil, Turquia e Líbano devem ser contrários às sanções.

Diplomatas ocidentais disseram à Reuters em condição de anonimato haver um indivíduo e 41 instituições numa lista negra no esboço de resoluções. Eles identificaram a pessoa como Javad Rahiqi, diretor de um centro nuclear em Isfahan, onde o Irã tem uma unidade de processamento de urânio.

Apesar de as potências do Conselho terem concordado com a lista, os Estados Unidos e a China seguem discutindo um ponto, o que significa que ela poderá sofrer pequenas mudanças antes da votação, disseram os diplomatas.

Aqueles incluídos na lista negra da ONU por laços suspeitos com os programas nuclear e de mísseis do Irã podem enfrentar limitações em viagens internacionais e congelamento de bens.

Em Quito, no Equador, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, afirmou nesta terça-feira que as sanções são as "mais significativas que o Irã já enfrentou".

O esboço da resolução foi resultado de meses de conversas entre EUA, Grã-Bretanha, França, Alemanha, China e Rússia. As quatro potências ocidentais desejavam medidas mais duras, algumas contra o setor energético iraniano, mas Pequim e Moscou trabalharam intensamente para diluir estas propostas.

"Reação apropriada"

A resolução prevê medidas contra mais bancos iranianos no exterior. Estabelece também uma vigilância sobre transações com qualquer banco iraniano, inclusive o Banco Central.

Além disso, amplia o embargo de armas ao Irã e cria restrições a pessoas, empresas e entidades ligadas à Guarda Revolucionária e às Linhas de Navegação da República Islâmica do Irã.

Uma fonte iraniana de alto escalão alertou para uma "reação apropriada" por parte do país contra as potências mundiais. Um parlamentar disse que Teerã vai reconsiderar sua cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) se as sanções forem aprovadas --uma ameaça que o país já fez anteriormente.

O Irã insiste no caráter pacífico do seu programa nuclear, a despeito das suspeitas ocidentais em contrário. O país já desafiou cinco resoluções do Conselho de Segurança exigindo que paralise suas atividades de enriquecimento de urânio, processo que pode gerar combustível para reatores civis ou para armas nucleares.

Em Londres, Gates disse que vários países devem aprovar rapidamente medidas ainda mais duras do que o pacote da ONU.

"Um dos muitos benefícios da resolução é que irá fornecer uma plataforma jurídica para que nações individuais então tomem ações adicionais para irem bem além da resolução em si", disse ele. "Acredito que várias nações estejam preparadas para agir bem prontamente."

"Não acho que tenhamos perdido a oportunidade de impedir os iranianos de terem armas nucleares."

Em Istambul, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, alertou a Rússia a "não ficar ao lado dos inimigos do povo iraniano." Ele participou na Turquia de uma cúpula junto ao primeiro-ministro russo, Vladimir Putin.

Putin por sua vez disse que encontraria Ahmadinejad ainda nesta terça-feira, e prometeu que as sanções não serão excessivas.

"Teremos uma oportunidade de discutir esses problemas se o meu colega iraniano tiver tal necessidade", disse ele, acrescentando que não haverá obstáculos ao "desenvolvimento da energia nuclear pacífica do Irã."

Ahmadinejad disse que o acordo nuclear que ele fechou em maio com os governos de Turquia e Brasil foi uma oportunidade que não irá se repetir.

Esse acordo previa que o Irã entregasse ao exterior 1.200 quilos de urânio baixamente enriquecido, para em troca receber, no prazo de um ano, 120 quilos de material nuclear enriquecido a 20 por cento para uso em um reator de pesquisas médicas.

O Irã diz, no entanto, que isso não lhe impediria de continuar enriquecendo urânio, o que o Ocidente não quer.

"Esperamos que eles possam usar essa oportunidade, mas dizemos que esta oportunidade não vai se repetir", alertou Ahmadinejad.

O presidente turco, Abdullah Gul, pediu na segunda-feira a Ahmadinejad que mostre à comunidade internacional que o seu governo está preparado para cooperar e resolver a disputa a respeito do seu programa nuclear.

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