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O ex-deputado opositor venezuelano Freddy Guevara fala em coletiva de imprensa em Caracas, 31 de agosto. A oposição ao regime de Maduro decidiu participar das próximas eleições regionais na Venezuela
O ex-deputado opositor venezuelano Freddy Guevara fala em coletiva de imprensa em Caracas, 31 de agosto. A oposição ao regime de Maduro decidiu participar das próximas eleições regionais na Venezuela| Foto: EFE/ Miguel Gutiérrez

A oposição à ditadura da Venezuela, incluindo a ala liderada por Juan Guaidó, anunciou na terça-feira que vai disputar as eleições regionais marcadas para 21 de novembro, depois de se recusar a participar do pleito legislativo de dezembro do ano passado, por considerar o processo fraudulento.

"Anunciamos à comunidade nacional e internacional nossa participação no processo regional e municipal de 21 de novembro de 2021, com a sigla da Mesa da Unidade Democrática (MUD)", diz comunicado da plataforma unitária, que agrupa os principais partidos da oposição, lido em coletiva de imprensa em Caracas.

Os opositores afirmaram no texto que sabem que essas eleições "não serão nem justas, nem convencionais". "A ditadura impôs graves obstáculos que colocam em risco a expressão de mudança do povo venezuelano", dizem. Entretanto, eles enfatizaram que esse processo eleitoral será "um terreno útil de luta" para promover a solução da "grave crise em nosso país: eleições presidenciais e legislativas livres".

A oposição não participou das eleições de 2018, que deu mais um mandato para o ditador Nicolás Maduro, nem do pleito de 2020, para o Parlamento, dois processos eleitorais considerados fraudulentos pela oposição venezuelana e grande parte da comunidade internacional.

O ato contou com a presença de vários líderes da oposição, como Henry Ramos Allup, líder do partido social-democrata Ação Democrática (AD), e Tomás Guanipa, do Primeiro Justiça (PJ), do qual o duas vezes candidato presidencial Henrique Capriles é integrante.

Em 29 de junho, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) autorizou a coalizão MUD, que estava inabilitada desde 2018 e é a maior coalizão opositora ao regime do ditador Nicolás Maduro, a participar do pleito.

A plataforma unitária tomou a decisão de concorrer nas eleições de novembro "após um extenso e difícil processo de deliberação interna que envolveu líderes locais, regionais e nacionais".

"Estamos emocionados com a difícil situação que nosso país está passando, com o senso de urgência de encontrar soluções permanentes para nossos problemas e com o propósito de fortalecer a união", afirma o comunicado.

A decisão de ir às urnas "complementa os esforços que estão sendo feitos no México", onde representantes da ditadura e da oposição iniciaram negociações "e estão visando uma solução pacífica e negociada", ainda de acordo com o comunicado.

Capriles já havia mostrado apoio à ideia de os opositores irem às urnas em 21 de novembro, mas Guaidó vinha relutando em fazê-lo.

Guaidó exige garantias de eleições livres

Após o anúncio da oposição, Juan Guaidó, ex-presidente da Assembleia Nacional, exigiu garantias para eleições regionais "livres e justas" em novembro na Venezuela.

"As condições para eleições livres e justas devem ser consolidadas. Os que decidiram participar e os que decidiram não participar lutamos pela liberação e a democracia, para sair da tragédia, nas ruas, ou no México. Lutamos por condições para sair da ditadura", afirmou Guaidó em série de mensagens publicadas no Twitter.

O ditador Nicolás Maduro reagiu com sarcasmo ao anúncio da participação da oposição nas eleições. "Vou sentar na minha poltrona, ligar a televisão e assistir Guaidó votando no dia 21, e aplaudirei porque conseguimos incluí-lo na democracia", afirmou durante ato na terça-feira.

Guaidó respondeu a provocação, referindo-se às negociações que acontecem no México. "Maduro: seja sério. Todos sabemos que hoje não existem condições nem garantias para uma eleição livre e justa. Tanto é verdade que o senhor está sentado como contraparte em um processo de negociação internacional que busca essas garantias eleitorais, políticas e um calendário eleitoral".

A segunda reunião entre a ditadura e a oposição venezuelana na Cidade do México está marcada para a sexta-feira, 3 de setembro. O diálogo é mediado pela Noruega. Um grupo de países amigos participa do diálogo, e a Rússia participa como país acompanhante do regime de Maduro, enquanto os Países Baixos são país acompanhante da delegação da oposição.

Maduro "aplaude" decisão da oposição

O ditador Nicolás Maduro disse na terça-feira que é "digno de aplauso" que a oposição da Venezuela tenha tomado a decisão de disputar as eleições regionais e municipais de 21 de novembro.

"Peço aplausos para o G-4 (grupo dos quatro maiores partidos da oposição) e para seu anúncio, peço aplausos, porque é digno de aplaudir o gesto político de participar das eleições", afirmou Maduro em um evento do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) transmitido pelo canal estatal VTV.

Maduro declarou que as eleições de 21 de novembro serão "um triunfo total da cultura política chavista", descrita por ele como "democrática e inclusiva".

"Nunca mais ninguém poderá sonhar em tomar o poder sem antes passar pelas urnas, porque os problemas dos venezuelanos (...) nós mesmos os resolveremos", disse.

Para o ditador, a soberania popular "se impôs mais uma vez e vai impor uma grande vitória em 21 de novembro", porque "foi aberto um ciclo de estabilidade política que deve durar pelo menos até 2030".

Ainda de acordo com Maduro, a participação da oposição nas eleições foi possível graças à mediação do presidente do Parlamento e chefe da delegação de seu regime nas negociações com a oposição, Jorge Rodríguez. "Ele os convenceu, em meu nome", garantiu.

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