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Alexey Navalny usou suas redes sociais para concovar protestos na Rússia em 1º de julho | Wikimedia
Alexey Navalny usou suas redes sociais para concovar protestos na Rússia em 1º de julho| Foto: Wikimedia

O mais famoso opositor do governo de Vladimir Putin, Alexey Navalny, enfim deu um sinal a seus seguidores e marcou um protesto em 20 cidades russas para o dia 1º de julho. Só que ele não mirou a Copa do Mundo, como muitos apostavam: o alvo da manifestação é a reforma previdenciária proposta pelo governo, e nenhum dos locais previstos para os atos é sede do Mundial.

Navalny disse em redes sociais que evitou as sedes devido às medidas de exceção em vigor para garantir a segurança dos fãs. Desde o começo do mês não são permitidas manifestações em nenhuma das 11 cidades que recebem jogos da Copa, e o policiamento em todas elas está reforçado.

“Venha para rua ou não vai viver para se aposentar”, tuitou ele.

A proposta de mudança previdenciária na Rússia é tema tão polêmico como no Brasil. O premiê Dmitri Medvedev enviou na semana passada um projeto para o Parlamento que prevê o aumento da idade mínima para a aposentadoria de 60 para 65 anos no caso dos homens, e de 55 para 63 anos para as mulheres. Espertamente, o Kremlin diz que Putin não tem ainda opinião sobre o tema e não se envolveu com a elaboração do texto.

A polêmica vem do óbvio: a expectativa de vida na Rússia é mais baixa do que em países ocidentais. Para homens, é de 64 anos —menos do que a idade mínima proposta. Para mulheres, 76 anos. Na média, o russo vive 70 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde. Putin chegou a dizer, em 2015, que a mudança não seria necessária, mas seu porta-voz disse que as circunstâncias econômicas mudaram.

O principal opositor de Putin

Navalny foi libertado da cadeia, onde cumpriu pena por 30 dias por fazer um protesto não autorizado contra a posse de Putin em seu quarto mandato no Kremlin, no dia em que a Copa começou, quinta (14) passada. Seus apoiadores, uma rede difusa coordenada por meio da internet, esperavam que ele fosse promover protestos contra a Copa, que teve 60% dos R$ 38,4 bilhões de custo bancados pelos cofres públicos.

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Mas o ativista está sendo prático. Além da segurança reforçada, a Copa está sendo um aparente sucesso de público na Rússia. As ruas das maiores cidades-sede estão tomadas de turistas, há confraternização constante com os russos e a economia está sendo pontualmente aquecida —no geral, o impacto será mínimo, previsto entre 0,1% e 0,2% do PIB, mas há o "fator de bem-estar" envolvido.

Navalny foi o responsável pelos maiores atos de oposição na Rússia de Putin, ocorridos no ano passado. Seu discurso foca na corrupção estatal, e ele tentou concorrer à Presidência em março, só que foi barrado por ter uma condenação judicial que reputa como persecutória. Não que tivesse muita chance, já que patinava nos 1% de intenções de voto, enquanto Putin foi reeleito com 77% dos votos.

O presidente, por sua vez, segue popular. Pesquisa divulgada nesta terça (18) pelo Centro Levada, um instituto de opinião pública independente, mostra que 51% dos russos gostariam que Putin seguisse comandando o país depois de 2024, quando constitucionalmente acaba seu mandato e não tem direito a disputar reeleição automaticamente. Apenas 27% dos 1.600 ouvidos se disse contra a hipótese. A aprovação do presidente segue na casa dos 80%.

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