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Cubanos exilados em Miami participam de ato em favor de protestos na ilha.
Cubanos exilados em Miami participam de ato em favor de protestos na ilha.| Foto: Ana Mengotti/EFE

O líder do grupo que convocou os protestos contra o governo em Cuba, Yunior García Aguilera, está incomunicável e vigiado por agentes à paisana, dentro da própria casa, como verificou equipe de reportagem da Agência EFE em Havana. Manifestações foram marcadas para essa segunda-feira (15) em Havana e outras sete províncias do país e terão como pauta, além das críticas ao governo cubano, a libertação dos presos em 11 de julho. Entretanto, o receio com a nova onda de repressão tem gerado incertezas sobre a participação popular nos atos.

Apesar da proibição por parte das autoridades, os organizadores ainda incentivaram os cubanos a lotarem as ruas na tarde de hoje. Os ativistas encorajaram qualquer pessoa que quisesse protestar a sair com roupas brancas e carregando flores brancas. Para aqueles que não podem ou não querem participar da passeata, propuseram desligar a televisão e fazer panelaços.

Aguilera havia anunciado três dias atrás que iria marchar no domingo (14) pela Avenida 23, localizada em Havana, mas o prédio onde vive com a família, no bairro de La Lisa, estava cercado por vários agentes de forças de segurança que impediam a passagem de pessoas e também de veículos pelos arredores. Desde as primeiras horas do dia de ontem, agentes se posicionaram nos arredores da residência do ativista, enquanto um ônibus foi atravessado na rua, para interromper o trânsito. O aparelho de telefone do ator teve chamadas restritas e o sinal de internet cortado. Em frente ao local onde os profissionais de imprensa se reuniram, apoiadores do governo estenderam três grandes bandeiras de Cuba no prédio, para impedir a visão da casa do ator.

Protestos ilegais e troca de acusações

O governo da ilha caribenha decretou a ilegalidade da passeata de hoje, atacou os organizadores e indicou que os Estados Unidos estão por trás dos atos. Em publicação no Twitter, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, elogiou as manifestações e afirmou  que o regime cubano tem a oportunidade de ouvir a população durante os protestos pacíficos e de demonstrar respeito pelos direitos humanos. “Elogiamos o valente povo cubano, que mostrou a força de sua vontade e o poder de sua voz”, afirmou. Em resposta, o chanceler cubano Bruno Rodríguez disse que Blinken deveria aprender de uma vez por todas que o único dever do governo cubano é para com seu povo. “Rejeitamos, em nome do povo, a interferência dos Estados Unidos. Defendemos o direito de usufruir, em paz, do nosso avanço rumo à normalidade e enfrentar, sem interferências, os desafios que temos pela frente”, escreveu. A subprocuradora-chefe da Procuradoria Provincial de Havana, Yahimara Angulo, disse que os organizadores dos atos de hoje enfrentarão “consequências legais por promover e realizar marchas ilegais”.

Reabertura do turismo e das escolas

As manifestações desta segunda-feira ocorrem no mesmo dia em que o regime cubano promove a reabertura do turismo e das aulas nas escolas primárias, interrompidos devido à pandemia de Covid-19. Para o historiador Michael Bustamante, da Universidade de Miami, esses retornos, além dos ecos dos atos de julho, ajudam a explicar por que a ditadura intensificou a repressão. Cuba registrou em 11 de julho as maiores manifestações contra o governo nas últimas décadas, violentamente reprimidas pela ditadura comunista: em outubro, a organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) informou em relatório que uma “estratégia brutal de repressão” implantada pelo regime após os protestos resultou em pelo menos 130 casos de detenções arbitrárias, maus-tratos e falsos julgamentos.

Jornalistas são impedidos de trabalhar

No sábado (13), as autoridades cubanas, sem aviso prévio, retiraram as credenciais de imprensa de jornalistas da equipe da Agência EFE, três redatores, um fotógrafo e um cinegrafista. Após protestos da União Européia e do governo da Espanha, foram restituídas duas credenciais para profissionais da agência no domingo. O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, garantiu nesta segunda-feira (15) que o país "não desistirá" até que as autoridades de Cuba devolvam aos jornalistas "todas as credenciais" que foram retiradas sem explicação.

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