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Primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, e o presidente dos EUA, Donald Trump, em reunião do G20 antes da pandemia| Foto: AFP

Ainda em março, no começo da pandemia, os líderes das 20 maiores economias do mundo (G20) se comprometeram a “não poupar esforços” contra a pandemia de Covid-19 e afirmaram que injetariam US$ 5 trilhões na economia mundial para proteger vidas, salvaguardar empregos e a renda das pessoas e preservar a estabilidade financeira.

Porém, a extensão da pandemia e os estragos econômicos derivados dela forçaram os países a estabelecer uma resposta muito mais robusta. Segundo levantamento do think tank americano Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês), os países anunciaram, até junho, uma resposta fiscal de US$ 7,6 trilhões, o equivalente a 11,2% do PIB de todas as nações do G20.

Esse montante abrange desde políticas de distribuição temporária de renda para cidadãos, como o conhecido “coronavoucher” no Brasil e a ajuda de US$ 1.200 que o governo dos EUA deu para boa parcela de sua população, até redução temporária de alguns impostos e contribuições e melhoramento do crédito, uma aposta adotada principalmente pelos países da União Europeia.

Em todo o mundo os casos de Covid-19 passaram de 10 milhões em seis meses. Nesse período, o epicentro da pandemia passou da Ásia para a Europa e agora está na América, sendo Estados Unidos e Brasil os países com mais casos e mortes pela doença. A previsão do Fundo Monetário Internacional é de que a economia global contraia 4,9% neste ano, enquanto o endividamento dos países, especialmente os ricos, deve aumentar consideravelmente, já que são eles os que mais estão gastando nessa pandemia. Outro estudo, da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), revelou que a resposta fiscal deve custar aos países da organização US$ 17 trilhões em aumento na dívida pública.

As economias emergentes do G20, como Argentina, China, México, Índia e Rússia, vivem uma situação diferente e não estão comprometendo tanto de seus PIBs. O CSIS destacou a situação de México e Rússia, que anunciaram “apenas” 1% e 2,5% do PIB em apoio fiscal, apesar da previsão de contração econômica em 10% e 6,6%, respectivamente. Entre os emergentes o Brasil é o país que anunciou um pacote fiscal mais abrangente, equivalente a 8,6% do PIB – embora o auxílio emergencial ainda não tenha chegado a todos os solicitantes e as microempresas estejam enfrentando dificuldades para ter acesso a linhas de crédito para cobrir custos da folha de pagamento.

Com base no levantamento do CSIS e informações de resposta fiscal dos países compiladas pelo FMI, elencamos os países do G20 que mais estão gastando nesta pandemia, considerando gastos diretos dos governos e não todo o pacote de fiscal anunciado, que inclui também garantias em empréstimos.

1. Austrália

A Austrália é um dos países cujo o governo mais está gastando com a pandemia. Cerca de 122 bilhões de dólares australianos, o equivalente a 8,9% do PIB do país, foram comprometidos na luta contra o coronavírus, com medidas que vão desde subsídios salariais, apoio à renda familiar, creche gratuita para cerca de um milhão de famílias e apoio ao sistema de ensino. O governo australiano também se comprometeu a gastar cerca de 5 bilhões para melhorar o sistema de saúde e proteger as pessoas mais vulneráveis à Covid-19. Somando o aprimoramento do crédito e redução de impostos, o pacote fiscal é de 10,1% do PIB da Austrália de 2019.

2. Estados Unidos

A resposta fiscal dos Estados Unidos à pandemia impressiona pelos números gigantescos: quase US$ 3 trilhões foram direcionados para ajuda emergencial aos cidadãos americanos que ganham menos de US$ 5 mil por mês, para garantir os pagamentos de auxílio-desemprego, fornecer uma rede de segurança alimentar aos mais vulneráveis, fornecer apoio para que pequenas empresas não demitam funcionários. Além disso o governo americano aprovou US$ 510 bilhões em empréstimos e garantias para impedir a falência de empresas e cerca de US$ 50 bilhões para ajuda internacional. Testagem, desenvolvimento de medicamentos e vacinas e transferências de verbas para os estados também fazem parte da resposta dos EUA à pandemia. Os Estados Unidos são o país que mais reduziu impostos por causa da pandemia: o equivalente a 2,3% do PIB. O total da resposta fiscal americana é de 13,6% do PIB do país. O gasto direto do governo até agora é de 8,6% do PIB.

Porém, segundo notou o CSIS, o país não anuncia medidas de estímulo fiscal desde abril e vários programas assistenciais devem expirar no fim de julho. Apesar de uma retomada dos empregos em maio e junho, um novo aumento de casos de Covid-19 já está atrapalhando os planos de reabertura da economia do país.

3. Japão

O pacote fiscal do Japão de resposta à pandemia é de 18,4% do PIB do país, cerca de um trilhão de ienes. A maior parte desse montante está se materializando em ampliação de crédito, mas, ainda assim, os gastos do governo são consideráveis: mais de 400 bilhões de ienes. Esse dinheiro está sendo investido em medidas preventivas contra a propagação da Covid-19, fortalecimento da capacidade de tratamento da doença, auxílio a empresas que tiveram que fechar durante a pandemia e para melhorar a prontidão de resposta no futuro. Pessoas e empresas receberam ajuda financeira do governo, houve adiamento do pagamento de contribuição previdenciária e de impostos e concessão de empréstimos.

4. Canadá

A resposta fiscal do Canadá, considerando-se os gastos diretos do governo, é maior do que Reino Unido e Itália, que, no total possuem um pacote fiscal mais amplo em proporção ao PIB. Mas o Canadá, até agora, investiu o equivalente a 7,6% do PIB em testes para a Covid-19, equipamentos médicos, esforços de prevenção, desenvolvimento de vacina, auxílio a comunidades indígenas e auxílio direto a famílias e empresas. Considerando também o aumento da oferta de crédito e o alívio em impostos, o Canadá comprometeu 9,5% do seu PIB.

5. Alemanha

A Alemanha é o país que mais melhorou a oferta de crédito na pandemia, com uma estrutura de garantia de empréstimos que chegam a 15,4% do PIB. Foi criado um fundo de estabilização econômica que, junto com o banco de desenvolvimento público KfW, está expandindo o volume e o acesso a financiamento público para empresas de diferentes tamanhos e seguradoras de crédito, aumentando o volume total para 757 bilhões de euros em crédito. Os gastos do governo alemão com equipamentos de saúde, capacidade de hospitais, desenvolvimento de vacinas, auxílio a empresas para evitar demissões, entre outras medidas, somam 290 bilhões de euros, equivalente a 7,5% do PIB alemão em 2019.

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