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Cão com GPS- Na última sexta-feira, Vladimir Putin colocou um dispositivo GPS na coleira de seu cachorro Koni. Dessa forma, o primeiro-ministro russo (ao fundo) poderá monitar os movimentos do seu labrador por meio do Glonass, novo satélite russo usado para o sistema de posicionamento global (GPS) | Ria Novosti/Reuters
Cão com GPS- Na última sexta-feira, Vladimir Putin colocou um dispositivo GPS na coleira de seu cachorro Koni. Dessa forma, o primeiro-ministro russo (ao fundo) poderá monitar os movimentos do seu labrador por meio do Glonass, novo satélite russo usado para o sistema de posicionamento global (GPS)| Foto: Ria Novosti/Reuters

Democrata ou republicano, o novo governo dos Estados Unidos terá que enfrentar a má vontade crescente dos russos. Há muito tempo o sentimento ruim em relação ao país não é tão forte: 67% da população da russa admitem ver os EUA de maneira negativa. O dado está na pesquisa de opinião que acaba de ser divulgada pelo Centro Iuri Levada e reflete o pior momento do relacionamento entre os dois países desde o fim da Guerra Fria.

O grande desafio do próximo governo americano será retomar a agenda de cooperação entre os dois países e as negociações sobre temas globais delicados, como o programa nuclear do Irã, apesar do desgaste evidente das relações e da imagem americana. Se as conversas já não vinham bem desde o anúncio da base de escudos antimísseis americanas na República Checa e na Polônia, só terminaram de piorar com o apoio do governo americano à entrada da Geórgia e da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), e, pouco depois, com a guerra no Cáucaso.

Unilateral

O Kremlin não se conforma com a expansão das fronteiras da aliança, cada vez mais próximas do território russo, e se queixa da política externa unilateral dos Estados Unidos de George W. Bush. Segundo especialistas, nos últimos anos, os americanos ignoraram a Rússia em questões internacionais importantes, como a guerra contra o Iraque e o apoio à independência do Kosovo, embora precisem da mediação russa para tratar com o líder iraniano Mahmoud Ahmadinejad, por exemplo.

A gota d’água veio no início de agosto, quando as tropas georgianas invadiram a capital separatista da Ossétia do Sul numa tentativa de retomar o controle da região. O problema é que 80% da população local detinham passaportes russos, o que levou a Rússia a enviar milhares de soldados à Geórgia para defender seus cidadãos.

Rapidamente, os americanos, cada vez mais presentes na ex-república soviética, manifestaram apoio a seus aliados. Bush fez duras críticas à reação russa, mandou ajuda humanitária e enviou a secretária de Estado Condoleezza Rice e o vice-presidente Dick Cheney ao país. Para 22% dos russos, os responsáveis pela guerra no Cáucaso foram os EUA.

O governo russo evita demonstrar preferência por um candidato, mas há aqueles que não conseguem disfarçar certa simpatia pelo democrata Barack Obama, ainda que sua posição em relação à guerra na Geórgia tenha se aproximado daquela manifestada pelo republicano McCain. Integrante do principal partido do país, o da Rússia Unida, o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Duma (Câmara baixa do Parlamento russo), Konstantin Kosachyov, disse que a falta de experiência em política externa de Obama pode ser uma vantagem do democrata.

"A carreira política de John McCain começou durante a Guerra Fria. Barack Obama não tem este viés histórico e pode adotar formas mais novas de reconstruir os laços entre os EUA e a Rússia", afirmou.

Durante o período da Guerra Fria, republicanos e democratas costumavam ter a mesma atitude diante da União Soviética. A URSS acabou, mas, nem por isso, a retórica política dos candidatos à Presidência americana mudou. Em 2000, a campanha de George W. Bush falava dos riscos de a Rússia voltar ao passado sob o comando o ex-oficial do serviço secreto Vladimir Putin. Após a primeira reunião de cúpula que participou com o presidente russo, Bush disse ter "olhado nos olhos do colega e visto a sua alma", dando a entender que Putin era uma pessoa confiável.

Diálogo

Embora não vejam muita saída para reverter a má vontade russa em relação aos EUA neste momento, especialistas acham que há chances de se restabelecer o bom diálogo. Vale lembrar que, mesmo durante a Guerra Fria, John Kennedy manteve conversas secretas com Nikita Krushev após a crise dos mísseis em Cuba. Richard Nixon decidiu visitar Moscou em 1972 para uma reunião com Leonid Brejnev, que inaugurou o início de uma cooperação entre os dois países.

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