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Papa Francisco criticou atitudes da Igreja Católica frente a casos de abuso nos EUA | FILIPPO MONTEFORTE/AFP
Papa Francisco criticou atitudes da Igreja Católica frente a casos de abuso nos EUA| Foto: FILIPPO MONTEFORTE/AFP

O papa Francisco disse, em uma carta divulgada nesta segunda-feira (20) pelo Vaticano, que a Igreja Católica não tratou adequadamente crimes contra crianças e que precisa evitar que os abusos sexuais sejam "encobertos e perpetuados".

"Nós não mostramos nenhum cuidado com os pequenos; nós os abandonamos", Francisco escreveu. 

A carta de 2.000 palavras dirigida ao "Povo de Deus" marca uma das abordagens mais diretas do papa Francisco sobre os dolorosos casos de abuso que erodiram a credibilidade da Igreja Católica Romana e provocaram apelos profundos de dentro e fora da igreja para responsabilizar os culpados. 

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O papa não apresentou nenhuma medida concreta que será adotada pelo Vaticano, mas reconheceu que é necessária uma mudança sistêmica. 

"Olhando para o futuro, nenhum esforço deve ser poupado para criar uma cultura capaz de impedir que tais abusos aconteçam, mas também para evitar a possibilidade de serem encobertos e perpetuados", escreveu Francisco. 

A carta foi divulgada após a divulgação de um relatório investigativo que documentou casos de abusos no estado da Pensilvânia cometidos por mais de 300 padres contra mil crianças durante sete décadas.

Neste fim de semana, Francisco viajará para a Irlanda, um país marcado por décadas de abuso sexual em paróquias e escolas administradas por católicos. Em Dublin, muitos exigiram que o papa reconheça durante sua viagem o papel que os superiores da Igreja desempenhavam em silenciar as vítimas e em ajudar a manter os padres pedófilos em seus empregos. 

Embora a Igreja Católica lide há mais de três décadas com casos de abuso publicamente conhecidos, nos últimos meses novos relatos provocaram uma onda de revolta entre os católicos, que dizem que o Vaticano demorou a fazer reformas significativas. 

Em sua carta, Francisco mencionou especificamente o relatório do Grande Júri da Pensilvânia, mas não mencionou outros escândalos nos Estados Unidos, no Chile ou na Austrália que ocorreram em seu papado. 

Francisco disse que o relatório da Pensilvânia reflete o "abuso de poder e de consciência". 

"A dor angustiante dessas vítimas, que clamam ao céu, foi por muito tempo ignorada, mantida em silêncio ou silenciada", escreveu Francis. "Mas seu clamor foi mais poderoso do que todas as medidas destinadas a silenciá-lo, ou procurou até mesmo resolvê-lo por decisões que aumentaram sua gravidade ao cair em cumplicidade".

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