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A líder da Câmara Nancy Pelosi e o líder do Senado Chuck Schumer (à direita) no Capitol Hill, em Washington, 22 de maio, após reunião com o presidente americano Donald Trump
A líder da Câmara Nancy Pelosi e o líder do Senado Chuck Schumer (à direita) no Capitol Hill, em Washington, 22 de maio, após reunião com o presidente americano Donald Trump| Foto: SAUL LOEB / AFP

Se os democratas estão realmente tentados pelo impeachment, que venham. Desde o dia seguinte à eleição de 2016, eles vêm ameaçando isso, colocando suas fichas na fantasia do conluio russo e depois no enigma sem substância da obstrução da justiça. O procurador-geral deu exatamente os ingredientes do delito de obstrução da justiça em seu resumo de quatro páginas do relatório de Mueller: um ato corrupto para propósitos corruptos na contemplação de um processo legal. O procurador-geral, William Barr, o então vice-procurador-geral Rod Rosenstein e o conselho do Departamento de Justiça concordaram que nenhum dos elementos estava presente na conduta do presidente, conforme relatado por Mueller. O sonho morreu, exceto no imaginário febril dos democratas, que lançaram um ataque infundado à integridade do procurador-geral. Todo mundo sabe que as perspectivas de uma jogada bem-sucedida de destituir o presidente do cargo com dois terços do Senado comprovando que ele, além de qualquer dúvida razoável, cometeu crimes e delitos graves, como a Constituição exige, são menores que zero.

A virada de mesa foi completa. A ideia de que qualquer pessoa que já tenha se candidatado por um partido político americano sério conspiraria com uma potência estrangeira para fraudar uma eleição presidencial é insana. Ninguém, nem mesmo um patife como Aaron Burr ou um ingênuo manipulado por terceiros como Henry Wallace, teria sonhado com tal coisa. Mas em seu desespero e negação após a vitória inimaginável de alguém que prometeu limpar toda a classe política que governou a América desde os anos Reagan, os democratas pagaram US$ 10 milhões por um falso dossiê sobre Trump, corromperam e politizaram os serviços de inteligência e o FBI, montaram uma câmara de eco com a mídia nacional que Trump já tinha acusado de ser desonesta, e provocaram a criação de um conselho especial para investigar o conluio entre Trump e a Rússia. Os líderes republicanos do Congresso cruzaram os braços para ver se o líder que nenhum deles havia apoiado seria cassado, e os democratas e seus parceiros da mídia esperaram ansiosos como crocodilos barulhentos que sua vítima fosse reduzida a algo incapaz e inerte. Adivinhe só.

Mueller fez o melhor que pôde. Ele sabia que ninguém havia lhe pedido para fazer outra coisa a não ser declarar se havia ou não razão válida para um impeachment do presidente. Sua recitação espúria e covarde de minúcias legais que não preenchem nenhum dos requisitos de obstrução, combinada com uma dolorosa declaração de incapacidade de exonerar sob essa acusação é, de fato, uma absolvição. Era o melhor que Mueller, que detesta Trump e que juntou um grupo de lobos famintos e odiadores patológicos de Trump como sua equipe de investigação, poderia fazer: ele falhou com a turba do linchamento democrata porque não encontrou nenhuma evidência, e ele falhou com o país em não produzir um relatório totalmente honesto e imparcial. Os democratas foram deixados em uma encruzilhada: continuem balançando como piqueteiros bêbados, ou abandonem o navio do impeachment enquanto ainda há espaço nos botes salva-vidas.

O presidente ganhou agulhadas de seu próprio partido. Enquanto esperavam como espectadores mudos e sem coragem, ele lutou para tirar o leopardo do conluio russo de suas costas e o matou. Ele está certo em bloquear os comitês da Câmara Democrata durante a sua muito propalada tempestade de intimações. O presidente do comitê judiciário, Jerry Nadler, um virulento inimigo de Trump por 30 anos, fala com retidão, mas ele não tem nenhum direito legal nem apoio político decisivo para começar tudo de novo depois que Mueller surgiu de mãos vazias. O Presidente Truman determinou, em referência à Comissão de Assuntos Não Americanos da Câmara, e o Presidente Eisenhower declarou, em referência às várias audiências de Joseph R. McCarthy, que eles não tolerariam que qualquer funcionário do Poder Executivo federal fosse intimado por causa de qualquer conselho dado ao presidente, que eles não aceitariam e não cumpririam tais intimações, e que qualquer um que respondesse a tais intimações seria demitido imediatamente. Essa foi uma prática estabelecida antes do Watergate e é uma lei sólida. Ninguém deve imaginar que Nadler é mais virtuoso do que McCarthy ou os outros.

Finalmente, a nação está se recuperando do assassinato de Watergate. Richard Nixon se opôs à posição de Truman, mas lealmente apoiou Eisenhower quando ele o serviu como vice-presidente, na mesma posição que Truman havia tomado, e ele foi fundamental na censura de McCarthy. Ele supôs quando era presidente que ele poderia definir critérios executivos como Truman e Eisenhower fizeram. Ele lidou de maneira completamente errada com a investigação do Watergate. Ele esqueceu que qualquer júri do Distrito de Colúmbia condenaria os republicanos por qualquer coisa, esqueceu os perigos do sistema de acordos judiciais da maneira como ele havia evoluído e esqueceu que o Senado poderia ignorar o sigilo entre advogado e cliente no caso de um vira-casaca útil como John Dean (que serviu como Conselheiro da Casa Branca para Nixon e que ainda impõe suas opiniões desprezíveis sobre o país a pedido da mídia que odeia Trump). Ainda há evidências insuficientes para concluir que Nixon participou da semi-conspiração espontânea que se desenvolveu na comitiva de Nixon para obstruir a justiça, e depois o perjúrio de vários de seus subordinados na administração e na organização republicana.

Os agressores de Nixon viveram desde então dessa confusão sobre a ameaça de impeachment, que nunca tinha sido seriamente considerada em relação a um presidente desde o fracasso em remover Andrew Johnson em 1868. (Isso explica a frequente aparição em nossas telas de televisão, como um monstro reptiliano saído das profundezas, de Carl Bernstein propagando suas tolices sobre uma "crise constitucional" decorrente da suposta incapacidade mental do presidente). Nixon reconheceu tarde demais o que ele permitira que acontecesse; o impeachment era impensável e, como um fervoroso patriota americano, sentia vergonha de embaraçar a presidência e estava determinado a poupar o país de um julgamento no Senado e, portanto, retirou-se. Infelizmente, como alguns de nós previram, o processo resultou temporariamente em um vício pelo impeachment de ambos os partidos como um truque destrutivo para emascular um presidente, uma mutação pervertida de uma moção parlamentar de não-confiança.

A resposta do poder executivo a essa ameaça evoluiu e tornou-se mais engenhosa, como a imunidade a uma doença após algumas recaídas. Onde o presidente Nixon poupou o país da agonia depois de ter provocado incursões provavelmente terminais, o presidente Reagan no caso Irã-Contras, uma questão menor envolvendo um presidente popular perto do final de seu mandato, com negação plausível, apenas disse: “Eu não me lembro", e isso passou. O presidente Clinton lutou, e seus adversários tiveram uma divisão de 50-50 em uma contagem, mas não chegaram nem perto de uma remoção. Agora, finalmente, vem um presidente armado com uma vantagem legal e política decisiva que vai feliz encontrar seus acusadores e massacrá-los se eles o atacarem. Se Nancy Pelosi não puder conter os imbecis de extrema-esquerda de votar pelo impeachment, eles nem mesmo deterão os democratas no Senado. Não há provas para convencer este presidente de nada, e o país ficará indignado.

Os democratas se colocaram em um beco sem saída. Eles devem aguentar ou se calar, pedir impeachment ou recuar. O presidente expôs o blefe deles e o jogo está prestes a terminar, ou em uma derrota embaraçosa para os democratas ou em aniquilação política. Pelosi não é uma líder estimulante, mas é uma veterana cautelosa. Ela tentou alertar os membros mais furiosos do seu partido sobre onde eles estão se metendo, mas está obviamente tendo dificuldades para controlar seus partidários. Suponho que a contemplação do que está à sua espera induzirá os democratas da Câmara a não optarem por uma viagem à forca política, mas seria impetuoso apostar um charuto de cinco centavos em seu julgamento coletivo. Sua tentativa de regicídio falhou completamente; ainda é uma chance remota, mas eles podem conseguir o suicídio, não por vergonha conscienciosa justificada, mas por causa de um antagonismo insensato. De um jeito ou de outro, a espada de Dâmocles do impeachment feita de papier-maché se desintegrará assim que os proeminentes democratas que abusaram gravemente de seus cargos na tentativa de destruir Trump se preparam para seus próprios julgamentos. Ambos os lados foram à batalha neste jogo legal, e os democratas falharam.

*Conrad Black é autor do livro "Donald Trump, A President Like No Other" (Donald Trump, um presidente como nenhum outro)

©2019 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês

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