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Última das potências nucleares do Ocidente a realizar testes em larga escala, em 1995, a França quer passar à vanguarda pacifista. Pela primeira vez desde que lançou seu programa de armas atômicas, em 1958, o governo abriu à mídia as instalações de enriquecimento de urânio e plutônio, combustíveis essenciais para a fabricação da bomba atômica. Em fase avançada de desmantelamento, as usinas de Pierrelatte e Marcoule servem como esqueleto de um projeto ambicioso: proibir em todo o planeta a produção de materiais físseis (que geram fissão nuclear e podem ser usados em reatores nucleares - para a produção de energia - ou em armas nucleares).

A visita foi realizada há dez dias, nas duas usinas perto de Marselha, no sul. Foi a primeira vez que um país dotado de armas nucleares admitiu a presença de jornalistas em suas instalações, que, apesar da desativação, ainda guardam segredos militares. Dotada de 300 ogivas, a França não precisa mais produzir combustível para seu arsenal. Daí a opção de encerrar as atividades. A primeira, Pierralatte, inaugurada em 1967 para enriquecimento de urânio, funcionou até 1996, um ano após os testes no Atol de Mururoa. Seu desmantelamento completo será em 2010.

O mesmo fim terão os reatores G1, G2 e G3 da planta de Marcoule, em serviço desde 1956. Dedicada ao retratamento de combustível nuclear, a usina tem grande parte de seu equipamento contaminado por radiação residual, o que torna sua desmontagem mais lenta. A perspectiva é a de que até 2040 os últimos resquícios de lixo radioativo tenham sido estocados.

Com a desativação, a França espera pressionar os EUA, Rússia e Grã-Bretanha, signatários da moratória na produção de combustível nuclear, a fazer o mesmo em suas usinas. Além disso, Paris defende um tratado de proibição total de material físsil para fins militares.

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