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Eleições

Partido de Zuma espera vitória folgada na África do Sul

Sul-africanos votam para renovar as assembleias provinciais e o Parlamento. País tem maior votação desde o apartheid

Nelson Mandela, mesmo com a saúde debilitada, votou cedo em Johannesburgo: recebido com aplausos pela multidão | Siphiwe Sibeko / Reuters
Nelson Mandela, mesmo com a saúde debilitada, votou cedo em Johannesburgo: recebido com aplausos pela multidão (Foto: Siphiwe Sibeko / Reuters)

Mais de 23 milhões de sul-africanos foram nesta quarta-feira (22) às urnas para renovar as assembleias provinciais e os 400 membros do Parlamento. O líder do partido mais votado será o novo presidente do país. O vencedor mais uma vez deve ser o Congresso Nacional Africano (CNA), partido governista liderado por Jacob Zuma. Resta saber apenas o tamanho da vitória do CNA, que desde o fim do apartheid, em 1994, sempre obteve mais de 60% dos votos. Os resultados oficiais são esperados para esta quinta (23).

O CNA deve essa enxurrada de votos aos anos de luta contra o regime branco e à liderança incontestável de Nelson Mandela, primeiro presidente negro da África do Sul e herói da resistência contra o apartheid.

Aos 90 anos, com a saúde debilitada em razão da idade, ele não participa mais ativamente da vida pública, mas compareceu ao último comício de Zuma, que reuniu 100 mil pessoas no Ellis Park, em Johannesburgo, no domingo.

Mandela votou cedo em Johannesburgo. Ele entrou no local de votação com a ajuda de um político local e foi recebido com aplausos pela multidão. Caminhando com dificuldade, ele respondeu com acenos antes de depositar a cédula na urna.

Desde as primeiras horas foram formadas longas filas para a votação manual, o que levou a comissão eleitoral sul-africana a manter alguns locais de votação abertos, mesmo após o fechamento oficial das urnas.

Apesar da tranquilidade, faltou material para a votação e vários partidos de oposição ameaçaram denunciar as autoridades por escassez de urnas e cédulas em algumas províncias.

A única ameaça ao partido de Zuma e Mandela é o Congresso do Povo (Cope), fundado no ano passado por uma dissidência do CNA. O Cope é formado por partidários do ex-presidente Thabo Mbeki, que disputou - e perdeu - a liderança do CNA para Zuma.

O fato de ter em seus quadros muitos ex-companheiros de luta antiapartheid, aumentou a expectativa de que o Cope roubasse votos do CNA, mas a impopularidade de Mbeki e a dificuldade de arrecadar dinheiro fizeram a campanha patinar.

Pesquisas de opinião colocam o Cope em segundo lugar, bem distante do CNA, o que faria do bispo metodista Mvume Dandala, presidente do partido, o principal líder oposicionista do país.

Outros dois partidos importantes são a Aliança Democrática (AD), de Hellen Zille, prefeita branca de Cidade do Cabo, e o Inkhata, de Mangosuthu Buthelezi. Contudo, a força dos dois é regional: Hellen na província de Western Cape, Buthelezi em Kwazulu-Natal.

O maior problema de Hellen é que a AD ainda carrega o fardo de ter sustentado o regime branco e não conseguiu expandir sua base eleitoral. Já Buthelezi segue muito identificado com o nacionalismo zulu. Seu partido nunca deixou o CNA dominar a província de Kwazulu-Natal, mas como Zuma também é zulu, o Inkhata está ameaçado em seu próprio reduto.

Nesta quarta, o arcebispo Desmond Tutu criticou Zuma. O ganhador do Nobel da Paz de 1984, veterano na luta contra o apartheid, pediu que as pessoas "pensassem bem antes de votar".

Para Tutu, Zuma deveria ser julgado por corrupção e lavagem de dinheiro. Apesar de se dizer "desiludido" com o CNA, o arcebispo, que havia prometido não votar, compareceu a sua sessão eleitoral logo cedo na Cidade do Cabo. As informações são da Associated Press.

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