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Mulher cristã participa de orações durante celebração do Natal na Basílica de Santa Maria, em Bangalore, Índia, 25 de dezembro
Mulher cristã participa de orações durante celebração do Natal na Basílica de Santa Maria, em Bangalore, Índia, 25 de dezembro| Foto: EFE/EPA/JAGADEESH NV

A perseguição a cristãos na Índia tem aumentado nos últimos meses e se intensificou durante o fim de semana do Natal, com ataques a celebrações, destruição de estátuas e vandalismo.

Grupos hindus nacionalistas de direita interromperam diversas celebrações cristãs durante o final de semana do Natal em várias regiões do país, alegando que os cristãos usam as festividades para obrigar os hindus a se converter.

Na madrugada de domingo (26), uma estátua de Jesus Cristo foi destruída e a Igreja vandalizada na cidade de Ambala, no estado de Haryana, norte do país. A polícia local está analisando imagens de câmeras de segurança para identificar os criminosos.

Em Agra, no estado de Utar Pradesh, extremistas queimaram imagens do Papai Noel que estavam em frente a escolas missionárias e acusaram os missionários cristãos de usar as celebrações natalinas para atrair as pessoas, noticiou o jornal britânico The Guardian.

"Quando chega dezembro, missionários cristãos atuam em nome do Natal, de Papai Noel e do Ano Novo. Eles atraem crianças fazendo o Papai Noel distribuir presentes para atraí-las para o Cristianismo", disse Ajju Chauhan, secretário-geral de um grupo nacionalista hindu que liderou protestos anti-cristãos em Uttar Pradesh.

Celebrações de Natal em outras cidades foram interrompidas por grupos que gritavam palavras de ordem nacionalistas e contra os cristãos, como "parem as conversões" e "morte à igreja", relata a imprensa local.

O religioso Anand, sacerdote de uma "ashram" (comunidade religiosa) em Varanasi, falou à imprensa local sobre a interrupção de uma cerimônia no fim de semana. "Esse é um símbolo do que está acontecendo, porque essas pessoas têm impunidade, e isso cria tensão. Cada domingo é um dia de terror e trauma para os cristãos, especialmente os que pertencem a igrejas pequenas, como as pentecostais", afirmou.

Membros da comunidade cristã e de outras organizações protestam contra proposta de lei anti-conversão em Bangalore, Índia, 22 de dezembro
Membros da comunidade cristã e de outras organizações protestam contra proposta de lei anti-conversão em Bangalore, Índia, 22 de dezembro| EFE/EPA/JAGADEESH NV

Lei anti-conversão

Vários estados indianos aprovaram ou estão avaliando leis "anti-conversão", consideradas por muitos como um ataque às liberdades religiosas e aos direitos de minorias.

A legislação, que proíbe "conversões ilegais", tem sido usada contra pastores e missionários cristãos nos estados onde já está em vigor.

De acordo com um grupo protestante na Índia, desde que a legislação foi apresentada no estado de Karnataka, em outubro, houve um aumento de ataques violentos contra cristãos.

O relatório da Comissão de Liberdade Religiosa da Irmandade Evangélica da Índia (EFI), publicado em 13 de dezembro, diz que o debate sobre a legislação anti-conversão no mais alto escalão do governo estadual encorajou atores não estatais a promover ataques contra os cristãos, que representam 1,87% da população de Karnataka, conforme relatou o UCANews.

Segundo o documento, que foi enviado ao gabinete do primeiro-ministro indiano e a outras autoridades, ocorreram 39 ataques violentos contra cristãos no estado entre janeiro e o começo de dezembro. A legislação foi aprovada neste mês no estado.

A população católica da Índia é a segunda maior entre os países asiáticos, atrás das Filipinas, com cerca de 18 milhões de pessoas. No entanto, os cristãos representam uma minoria de cerca de 2% da população indiana, que é de cerca de 1,4 bilhão.

Índia bloqueia fundos de fundação de Madre Teresa

Na esteira dos ataques contra cristãos na Índia, o governo do país bloqueou, nesta segunda-feira (27), fundos estrangeiros para os Missionários da Caridade de Madre Teresa (MoC), uma das principais organizações de caridade, que oferece abrigo para pessoas pobres.

Um comunicado do Ministério do Interior disse nesta segunda-feira que o pedido da organização para renovar a licença que permite o recebimento de fundos do estrangeiro foi rejeitado, afirmando que a organização não cumpriu com leis locais, sem entrar em detalhes, noticiou a Associated Press.

A organização foi fundada pela freira católica Madre Teresa em Calcutá, em 1950, e coordena centenas de abrigos, escolas e cozinhas comunitárias para cuidar dos "mais pobres entre os pobres", como descreveu a vencedora do Prêmio Nobel da Paz.

Apoiadores do partido BJP, do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, diversas vezes acusaram o MoC de promover programas de conversão sob o pretexto da caridade, oferecendo dinheiro, educação e abrigo aos hindus de comunidades pobres.

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