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Cargueiro saudita Bahri Yanbu esperando para entrar no porto de Le Havre, na França
Cargueiro saudita Bahri Yanbu esperando para entrar no porto de Le Havre, na França| Foto: JEAN-FRANCOIS MONIER/AFP

A Arábia Saudita informou, nesta segunda-feira (13), que dois de seus petroleiros foram atacados enquanto navegavam em direção ao Golfo Pérsico, aumentando ainda mais as tensões entre Estados Unidos e Irã na região.

Os petroleiros sauditas foram danificados em um "ataque de sabotagem" ao largo da costa dos Emirados Árabes Unidos no domingo, segundo a agência de notícias Saudi Press (SPA, na sigla em inglês). Os navios estavam se aproximando do Estreito de Ormuz, o ponto de embarque mais importante do mundo para o carregamento de petróleo.

O Ministério das Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos divulgou no domingo um ataque a quatro navios comerciais perto de suas águas territoriais. Ninguém reivindicou a responsabilidade e o órgão disse que está investigando o incidente.

Ninguém ficou ferido no ataque e nenhum combustível ou produto químico foi derramado, segundo a agência de notícias estatal dos Emirados WAM. Um dos dois petroleiros sauditas estava a caminho do porto de Ras Tanura para embarcar petróleo, que seria destinado aos Estados Unidos, de acordo com a SPA.

A natureza do incidente permanece incerta – nem a Arábia Saudita nem os Emirados Árabes Unidos disseram exatamente o que aconteceu. Mas o fato ocorre em um momento de intensas tensões no Golfo. Os Estados Unidos enviaram um porta-aviões, aviões de bombardeio e mísseis de defesa para a região, em meio ao agravamento da crise com o Irã, rival regional da Arábia Saudita.

O ministro da Energia da Arábia Saudita, Khalid Al-Falih, disse que o incidente visa "minar a liberdade de navegação marítima e a segurança do fornecimento de petróleo a consumidores em todo o mundo", segundo a SPA. Ele instou a comunidade internacional a garantir a segurança dos petroleiros "para mitigar as consequências adversas de tais incidentes nos mercados de energia e o perigo que representam para a economia global".

O antagonismo entre os Estados Unidos e o Irã se intensificou neste mês depois que o presidente americano Donald Trump acabou com as exceções às sanções norte-americanas às vendas de petróleo iranianas. A República Islâmica ameaçou bloquear as remessas de petróleo através do Estreito de Hormuz se os EUA suspenderem as exportações iranianas de energia, além de ter anunciado que não vai cumprir parte de suas obrigações previstas no acordo nuclear de 2015.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Abbas Mousavi, descreveu o incidente marítimo como "preocupante e lamentável" e pediu esforços para esclarecer o que exatamente aconteceu, informou a agência semi-oficial Tasnim News. Ele alertou contra "tramas subversivas estrangeiras para perturbar a segurança e a estabilidade da região".

Ataque raro

Os ataques a petroleiros no turbulento Golfo têm sido raros desde 1991. A Arábia Saudita continuou navegando pelo Estreito de Ormuz durante a chamada guerra dos petroleiros, uma fase do conflito de 1981-88 entre Iraque e Irã quando ambos os inimigos atacaram embarcações no Golfo. As exportações de petróleo fluíram também durante a primeira Guerra do Golfo em 1990-91.

Um navio-tanque japonês, o M. Star, foi danificado em um ataque a bomba em 2010, quando foi atracado a cerca de 22 quilômetros da costa dos Emirados Árabes Unidos, perto do porto de Fujairah. As Brigadas de Abdullah Azzam, um grupo militante jihadista, reivindicaram a responsabilidade.

O Estreito de Hormuz conecta o Golfo ao Oceano Índico. O Irã fica ao norte e os Emirados Árabes e Omã ao sul. Hormuz é a via navegável mais importante para as remessas mundiais de petróleo, com os navios-tanque transportando cerca de 40% de todo o petróleo bruto comercializado internacionalmente todos os dias. Todas as exportações de petróleo do Kuwait, Irã, Catar e Bahrein, mais de 90% das da Arábia Saudita e do Iraque, e 75% das remessas dos Emirados Árabes passam pelo estreito.

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