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O ex-ditador chileno Augusto Pinochet ficou milionário por meio de processamento e tráfico de cocaína, segundo disse o general reformado Manuel Contreras, que foi chefe da polícia secreta de seu regime e um dos mais fiéis subordinados do governante.

Segundo revela neste domingo o jornal chileno "La Nación", Contreras, ex-chefe da Direção de Inteligência Nacional (Dina), fez as acusações por escrito ao juiz Cláudio Pavez, o qual investiga o assassinato, em 1992, do coronel Gerardo Huber.

Contreras afirma que a cocaína era fabricada em um complexo químico que o Exército tinha na localidade de Talagante, a 40 quilômetros a Sudoeste de Santiago, pelo químico Eugenio Berríos, que também pertencia à Dina e que foi assassinado no Uruguai na década de 90.

Um filho de Pinochet, Marco Antonio, e o empresário Edgardo Bathich também participavam deste plano, segundo o general reformado, que cumpre sentença por assassinato.

O encarregado de distribuir a droga nos Estados Unidos e em outros países e de depositar posteriormente o dinheiro nas contas que o ditador tinha em diversos bancos internacionais era, sempre de acordo com Contreras, o sírio Monser Al Kassar, que ele também vincula a atividades terroristas .

Contreras também assinala que Pinochet usou fundos do Exército para ficar rico, os quais eram depositados em suas contas.

A cocaína que Berríos fabricava, segundo Contreras, era da espécie conhecida como "negra", que não pode ser detectada pelos métodos tradicionalmente usados pela polícia.

Ele também afirma que decidiu colaborar por causa do apreço que sentia pelo coronel Gerardo Huber, cujo assassinato é vinculado a um contrabando de armas para a Croácia descoberto no início da década de 90, durante a guerra no Bálcãs.

No processo judicial da morte do coronel, são réus por associação ilícita cinco ex-oficiais do Exército, entre eles três generais reformados.

Eugenio Berríos foi assassinado no Uruguai, para onde tinha sido levado clandestinamente em 1991, quando devia testemunhar no processo do homicídio do ex-chanceler Orlando Letelier.

Contreras, que teve desavenças públicas com seu antigo superior, cumpre sentença de 12 anos pelo desaparecimento do alfaiate Miguel Angel Sandoval, em 1975, e esta não é a primeira vez em que vincula Pinochet ao narcotráfico.

Em 1988, o ex-chefe da Dina, que cumpriu pena de sete anos de prisão pelo assassinato de Orlando Letelier, tratou de negociar sua situação judicial com a embaixada dos Estados Unidos em Santiago. Em troca de ser desvinculado do assassinato do ex-chanceler, ofereceu entregar informação sobre as atividades do narcotráfico de um filho de Pinochet e do ex-prefeito Armando Fernández Larios.

Este último desertou do Exército na década de 80 e se entregou à Justiça americana, que em troca lhe deu uma sentença reduzida.

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