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Veja que navegadores estão buscando rotas alternativas com o aumento de seqüestros |
Veja que navegadores estão buscando rotas alternativas com o aumento de seqüestros| Foto:

Parece tudo muito simples: despachar fuzileiros navais para retomar um navio de carga seqüestrado, matar ou capturar os piratas e libertar os tripulantes. Essa é uma das possibilidades discutidas para fazer frente aos cada vez mais freqüentes e ousados seqüestros de navios perpetrados por piratas somalis no Golfo de Áden.

Mas especialistas advertem que ações assim seriam extremamente arriscadas, pois colocariam em risco a vida dos cerca de 300 reféns atualmente mantidos pelos piratas e violaria os mandatos da Organização das Nações Unidas (ONU), as leis marítimas e as diretrizes internacionais de marinha mercante.

A situação é agravada pelo complicado quadro político da região e por questões de ordem prática. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) possui atualmente apenas quatro embarcações perto do litoral da Somália, um país com 3,9 mil quilômetros de costa que não possui um governo central desde 1991 e enfrenta atualmente uma insurgência islâmica.

A 5ª Frota Naval dos Estados Unidos, com base no Bahrein, ajuda a monitorar a costa somali com diversos navios enviados à região como parte da guerra americana contra militantes islâmicos de diferentes partes da Ásia e da África. Também circulam pela área fragatas de países como Rússia, Índia, Malásia e Dinamarca, entre outros.

Patrulhas

Em dezembro, a União Européia (UE) tomará a dianteira da missão da Otan e enviará quatro navios para substituir as embarcações que atualmente operam na região com a bandeira da entidade. Atualmente, as patrulhas operam sob um restritivo mandato do ONU que autoriza o uso da força somente em casos de ataque direto aos cerca de 20 mil navios de carga que transitam pela região anualmente. "Eles podem patrulhar. Eles podem prender. Eles podem inclusive impedir ataques em andamento, mas eles não podem subir a bordo de um navio seqüestrado e tentar recuperá-lo", explica James Appathurai, porta-voz da Otan. A 5ª Frota da Marinha dos EUA é regida pelas mesmas normas.

Em resposta à crise, o Conselho de Segurança (CS) da ONU impôs na última quinta-feira novas sanções aos piratas, aos traficantes de armas e a outros agentes desestabilizadores que atuam na Somália, mas não permitiram que as embarcações de guerra interceptassem os navios capturados.

Outras estratégias propostas para combater a pirataria no mar incluem ataques em terra a supostos responsáveis, o posicionamento de armas nos navios mercantes e até a alteração de rotas para que os navios evitem a perigosa costa da Somália e contornem toda a África pelo Cabo da Boa Esperança ao invés de cortar caminho pelo Canal de Suez.

Mas os especialistas no assunto as rejeitam como impraticáveis. "A única solução que eu vejo é um esforço coordenado de várias forças navais. O problema é que nenhum país quer assumir a dianteira", opinou Fred Burton, vice-presidente da Stratfor, uma agência de análise de riscos estratégicos baseada nos EUA.

Na semana passada, os piratas conseguiram seu maior feito até o momento. Eles tomaram o superpetroleiro MV Sirius Star em alto-mar, numa área bastante distante da costa da Somália. O navio, que transporta dois milhões de barris de petróleo e 25 tripulantes, está agora ancorado perto do porto somali de Eyl, base pirata na região de Puntland. A carga é avaliada em US$ 100 milhões.

Diversas companhias consideram a possibilidade de mudar o percurso feito por seus navios e, ao invés de mandá-los trafegar pelo Golfo de Áden para entrar no Mar Vermelho e atravessar o Canal de Suez, ordenar que contornem o Cabo da Boa Esperança. No entanto, especialistas observam que a viagem ficaria entre 12 e 15 dias mais longa, gerando um proibitivo custo adicional de US$ 20.000 a US$ 30.000 por dia.

Em um momento no qual governos e entidades internacionais buscam uma solução mais ampla e de longo prazo, há quem observe que ajudar a Somália a ter um governo capaz de restabelecer o controle sobre o país é a única forma garantida de pôr fim à ameaça. A Somália não tem governo central desde 1991, quando senhores da guerra derrubaram o ditador Mohamed Siad Barre e depois voltaram-se uns contra os outros. Um governo provisório apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU) foi formado em 2004, mas encontra extrema dificuldade para impor autoridade.

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