Estas eleições estão mais polarizadas também na cobertura da mídia?
Sim, mais do que nunca. Especialmente na internet, mas também nos canais de tevê a cabo há veículos para atrair pessoas de uma ou outra convicção política. E essas coisas realimentam a si mesmas: o público vai a um determinado veículo esperando encontrar certas opiniões políticas, e os veículos conhecem seu público, então eles o abastecem. É claro que sempre tivemos opiniões na mídia, no rádio, colunistas de jornais, mas agora isso parece ser uma parte muito mais importante do ciclo das notícias. Nunca tínhamos visto isso.
A polarização entre Fox News e MSNBC está tirando o espaço da CNN, de um jornalismo mais sóbrio?
Basta olhar os números: a fórmula da Fox News tem sido incrivelmente bem-sucedida, e a CNN vem perdendo audiência há algum tempo. A CNN ainda dá dinheiro, é um produto que agrada a muitos. A rádio pública e a tevê pública ainda fazem uma cobertura bastante comedida, e há público para isso. Mas esses veículos sempre foram menos populares que as tevês a cabo, e agora o canal a cabo de mais sucesso é a Fox, que é, sem dúvida, a mais opinativa.
Quando assistimos a um programa da MSNBC, por exemplo, a apresentadora Rachel Maddow entrevistando um republicano, também há um alto grau de agressividade no ar, não?
Há muito tempo executivos e produtores de tevê sabem que uma chave para a audiência é uma boa discussão. Mas há um problema: você não quer uma briga só pelo prazer da briga.
A confrontação pode funcionar para fazer com que os políticos prestem contas de seus atos, mas há uma linha tênue aí.
O senhor vê algum tipo de mudança na cobertura política feita pelos jornais?
Houve algumas mudanças, mas não no sentido de alinhamento com posições políticas. O que se vê é uma abordagem de mais confronto com os políticos, sem necessariamente ser ideológica.