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Polícia chinesa assiste uma manifestante da etnia han em Urumqi, na província chinesa de Xinjiang: mulheres islâmicas entraram em choque com policiais próximo de um bazar | Peter Parks / AFP Photo
Polícia chinesa assiste uma manifestante da etnia han em Urumqi, na província chinesa de Xinjiang: mulheres islâmicas entraram em choque com policiais próximo de um bazar| Foto: Peter Parks / AFP Photo

A polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar uma manifestação de chineses da etnia han em Urumqi em meio ao acirramento da tensão étnica na província de Xinjiang, no noroeste da China. O caos voltou a Urumqi nesta terça-feira, com jovens homens da etnia han buscando vingança contra os turcos uigures islâmicos. Mulheres islâmicas entraram em choque com a polícia perto do bazar. Os jovens han jogaram pedras contra restaurantes islâmicos e tentaram ultrapassar cordões de isolamento da polícia que protegem bairros uigures em Urumqi. A polícia chinesa usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os han.

Milhares de policiais foram posicionados em pontos estratégicos de Urumqi depois de distúrbios ocorridos no fim de semana terem resultado na morte de pelo menos 156 pessoas.

Cerca de 200 mulheres uigures fizeram nesta terça-feira um protesto perto do bazar de Urumqi, pedindo a libertação de homens presos pela polícia chinesa. Elas foram dispersas pela polícia após 90 minutos de protestos.

Autoridades locais afirmaram ter prendido 1.434 suspeitos de envolvimento nos ataques de muçulmanos uigures contra integrantes da etnia han no fim de semana. Os agressores são suspeitos de assassinatos, agressões, saques e incêndios.

A etnia han é majoritária na China, representando mais de 90% da população do país. Em Xinjiang, uma remota e montanhosa província autônoma do noroeste chinês, os hans são amplamente vistos como "opressores". Xinjiang é terra natal dos uigures, um povo de linguagem e etnia turcas.

Apesar da repressão policial, milhares de hans conseguiram protestar nesta terça. Muitos deles levavam nas mãos tijolos, correntes e pedaços de pau e prometiam se vingar dos uigures.

Em um local da cidade de 2,3 milhões de habitantes, a multidão caçou um menino que parecia ter a fisionomia de turco uigur. O jovem, que parecia ter apenas 12 anos, subiu numa árvore, e a multidão tentou puxá-lo pelos pés, enquanto o menino aterrorizado gritava. A multidão acabou desistindo e se dirigiu contra outros alvos, até ser dispersa pela polícia.

Em outros episódios de violência nesta terça-feira, testemunhas viram grupos de cerca de dez uigures cada, com tijolos e facas de cozinha, que atacavam pedestres chineses han, perto da estação ferroviária de Urumqi. Os bandos fizeram os ataques até serem dispersos pela polícia.

"Em qualquer lugar que os bandos vissem alguém na rua, eles perguntavam 'você é um uigur?' Se a pessoa ficasse em silêncio ou não conseguisse responder em linguagem uigur, ela apanhava ou era morta", disse um trabalhador de um restaurante chinês perto da estação, que deu apenas o sobrenome, Ma. Ainda não está claro se alguém foi morto, no entanto, pela ação dos bandos.

A polícia lançou diversas bombas de gás lacrimogêneo, mas parte considerável dos manifestantes persistiu.

Intensificando a repressão, autoridades locais confirmaram a limitação do acesso à internet em partes da cidade.

"Nós cortamos as conexões à internet em algumas partes de Urumqi para debelar rapidamente os distúrbios e impedir que a violência se espalhe para outras áreas", disse Li Zhi, principal representante do Partido Comunista na cidade, à mídia estatal chinesa.

Apesar disso, fotografias, vídeos e relatos dos distúrbios chegaram a ser publicados em sites populares como o Twitter, o YouTube e o Flickr.

Autoridades locais informaram também que a polícia dispersou "mais de 200 desordeiros" que se reuniram ontem à noite em frente à principal mesquita de Kashgar, uma cidade de Xinjiang situada a mais de mil quilômetros de Urumqi, a capital da província.

De acordo com a agência de notícias Xinhua, a polícia suspeita que algumas pessoas "tentam organizar mais distúrbios" em outras cidades de Xinjiang.

Protestos na Turquia e nos EUA

Manifestantes turcos uigures, de nacionalidade chinesa, entraram em choque nesta terça com a polícia turca em Ancara, enquanto protestavam contra o governo chinês na frente da Embaixada da China na capital turca.

Enquanto isso, a Turquia convocou um diplomata graduado da China no país à sua chancelaria, pedindo "informações sobre os eventos e para comunicar a preocupação e os sentimentos da Turquia" com os confrontos na província chinesa de Xinjiang, que deixaram pelo menos 156 mortos no domingo e segunda-feira. A informação partiu de um funcionário do Ministério das Relações Exteriores da Turquia que falou sob anonimato.

Na frente da Embaixada da China, centenas de uigures e nacionalistas turcos gritavam contra o governo chinês. Um grupo de manifestantes tentou forçar o cordão de isolamento da polícia turca e apanhou. Ninguém, no entanto, precisou ser hospitalizado

Os manifestantes uigures e turcos jogaram ovos contra o prédio da embaixada chinesa e pediram um final ao que eles chamaram de agressão da China contra os turcos uigures.

Os turcos uigures são aparentados com os turcos da Turquia e os outros turcos que vivem na Ásia Central. Todos falam idiomas parecidos. A Turquia abriga uma grande comunidade de turcos uigures chineses.

Além do protesto em Ancara, aconteceu uma manifestação de cem pessoas em Washington, liderada pela líder uigur no exílio, Rebiya Kadeer. As pessoas marcharam até a frente embaixada chinesa nos EUA, onde gritaram "China, que vergonha".

Kadeer disse acreditar que pelo menos 500 pessoas tenham sido mortas nos protestos na província de Xinjiang. Ela disse que busca um "forte comunicado" do governo americano em repúdio à violência. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

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