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Bandeiras da França indicam luto na frente da Assembleia Nacional, em Paris | Jacky Naegelen/EFE
Bandeiras da França indicam luto na frente da Assembleia Nacional, em Paris| Foto: Jacky Naegelen/EFE

Milhares de pessoas se reúnem em Paris em repúdio a ataque

Milhares de pessoas se reuniram no fim da tarde desta quarta-feira (7) na Place de la République (Praça da República), em Paris, para homenagear os jornalistas do jornal satírico Charlie Hebdo mortos em um atentado terrorista.

Os manifestantes usaram broches com a inscrição "o ser humano em primeiro lugar" e carregaram cartazes com a frase "eu sou Charlie". Eles também exibiram mensagens em defesa da liberdade de imprensa e contra o extremismo político.

Para o jornalista Quentin Pichon, o maior receio é a estigmatização dos árabes na França. "Não podemos deixar que uma comunidade numerosa e que vive bem na França seja igualada aos selvagens que invadiram o jornal", disse.

Em São Paulo e no Rio de Janeiro também houve manifestações de solidariedade. Os atos reuniram cerca de 200 pessoas em cada cidade, segundo as agências de notícias

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Maior nome do quadrinho francês morre no atentado

O ataque terrorista à redação do jornal Charlie Hebdo, em Paris, vitimou George Wolinski, de 70 anos, o maior nome do quadrinho francês, e um dos maiores do mundo. O cartunista nascido na Tunísia influenciou toda uma geração de colegas brasileiros, que lamentam sua morte.

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As polêmicas do Charlie Hebdo

O semanário Charlie Hebdo sucedeu a revista Hara-Kiri Hebdo, fechada em 1970 pelo Ministério do Interior da França após uma manchete ser considerada ofensiva ao presidente Charles de Gaulle, que acabara de morrer. O slogan do Charlie Hebdo é "jornal irresponsável". A tiragem de cerca de 50 mil exemplares por semana.

CRONOLOGIA

Setembro 2005> Jornal dinamarquês "Jyllands-Posten" publica charges do profeta Maomé consideradas ofensivas. Ação provoca atos de violência contra embaixadas da Dinamarca

Fevereiro 2006> O Charlie Hebdo reproduz as charges do jornal dinamarquês como forma de protesto. Os 140 mil exemplares com as caricaturas se esgotam rapidamente e o semanário providencia tiragens extras de 400 mil exemplares

> O então presidente da França, Jacques Chirac, critica publicação, dizendo que ela é uma "provocação que pode perigosamente exacerbar as paixões. A polícia é mobilizada para proteger sede da redação

Março 2007> Tribunal parisiense determina arquivamento de processo que poderia ser aberto por iniciativa de entidades muçulmanas contra o Charlie-Hebdo

Fevereiro 2008> Polícia dinamarquesa anuncia prisão de três pessoas que planejavam assassinar o cartunista dinamarquês responsável por charges de Maomé no jornal "Jyllands-Posten". A publicação diz que alvo do ataque seria Kurt Westergaard, então com 73 anos

Novembro 2011> A sede do Charlie Hebdo é alvo de bomba incendiária depois que o semanário ironicamente nomeia Maomé "editor-chefe" de uma edição. O diretor da publicação é mantido sob proteção policial.

Setembro 2012> O Charlie Hebdo volta publicar charges do profeta. Na capa, desenho mostrava judeu ortodoxo carregando um muçulmano numa cadeira de rodas. Ambos diziam ao leitor: "Não ria!"

> Governo francês fecha escolas, representações diplomáticas e centros culturais em uma sexta-feira - dia tradicional de protestos em países islâmicos - em 20 países para evitar ataques

Janeiro 2013> O site do Charlie Hebdo fica fora do ar por algumas horas após ser atacado por hackers. No mesmo dia, publicação havia lançado uma história em quadrinhos sobre Maomé.

Janeiro 2015> A sede da publicação, no centro de Paris, é alvo de ataque terrorista; 12 pessoas são mortas por extremistas.

  • Franceses foram às ruas de Paris para homenagear os mortos
  • Equipe socorre uma das vítimas do atentado ao jornal Charlie Hebdo, em paris
  • O presidente francês, François Hollande, em pronunciamento nesta quarta-feira
  • Policial à frente da sede do jornal francês Charlie Hebdo, que sofreu ataque
  • Policiais trabalham no região onde ocorreu o atentado
  • A polícia bloqueou as ruas próximas à redação do jornal depois do ataque
  • Equipes de resgate, logo após o atentado
  • Outro bloqueio das ruas próximas ao jornal
  • Francês homenageia mortos no atentado
  • Manifestantes fazem vigília em Paris
  • Mulher lê o ultimo número do Charlie Hebdo, em Paris, nesta quarta-feira (7)
  • O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o vice-presidente Joe Biden, e a secretária de Estado Susan Rice durante entrevista sobre o atentado em Paris
  • Flores, velas e um cartaz com a inscrição
  • Flores na frente da embaixada da França em Washington
  • Britânicos também foram às ruas de Londres para se solidarizar com as vítimas do ataque em Paris
  • Cherif Kouachi e Said Kouachi, suspeitos de participar do ataque, estão foragidos. As fotos foram divulgadas pelas autoridades francesas
  • Cidadão deposita flores em frente à Embaixada da França em Berlim, Alemanha. Em todo o mundo houve manifestações de pesar pelo atentado e também em favor da liberdade de expressão e de imprensa
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O primeiro-ministro da França, Manuel Valls, informou nesta quarta-feira que várias pessoas foram detidas na noite passada por relação com o atentado contra a revista "Charlie Hebdo" e que os dois principais suspeitos procurados estavam sendo monitorados pelas forças da ordem.

"O serviço secreto os conhecia e por isso os seguia", disse Valls, em referência aos irmãos Chérif e Said Kouachi, suspeitos de terem cometido o atentado contra a publicação satírica, que resultou na morte de 12 pessoas.

No entanto, afirmou em entrevista à emissora de rádio "RTL" que "estamos diante de uma ameaça terrorista sem precedentes" e "centenas" de indivíduos são monitorados por possíveis relações com o terrorismo.

"O risco zero não existe", frisou, ao justificar o fato de o atentado ter ocorrido mesmo com os irmãos Kouachi entre os monitorados pelo serviço secreto.Chargistas fazem homenagem a mortos; confira

Veja galeria de fotos de Paris nesta quarta-feira e da repercussão do atentado

Veja como foi o ataque ao jornal francês

Confira capas e charges polêmicas do Charlie Hebdo

Suspeito teria se entregado

Um homem de 18 anos procurado pela polícia por envolvimento no ataque de quarta-feira à revista semanal de sátiras Charlie Hebdo entregou-se voluntariamente no nordeste da França, disse um funcionário da procuradoria-geral de Paris.

A polícia busca três cidadãos franceses suspeitos de envolvimento no suposto ataque jihadista que deixou 12 mortos: os irmãos Said Kouachi, nascido em 1980, e Cherif Kouachi, nascido em 1982, e Hamyd Mourad, nascido em 1996.

O funcionário da procuradoria disse que o suspeito mais novo se dirigiu a uma delegacia de polícia em Charleville-Mézières, no nordeste da França, na quarta-feira à noite.

A emissora BFM TV, citando fontes não identificadas, disse que o homem decidiu se entregar após ver seu nome nas redes sociais. A TV disse que outras prisões foram feitas em círculos ligados aos dois irmãos.

Operação em Reims

Nesta quarta-feira, as forças de segurança francesas lançaram uma enorme operação na cidade de Reims, 130 quilômetros a nordeste de Paris, em busca dos três suspeitos de terem cometido o massacre.

Mais de 50 de caminhonetes e veículos policiais estão na cidade, mostraram as imagens das redes de televisão francesas.

O governo francês elevou ao nível máximo o alerta antiterrorista e mobilizou mais de três mil membros das forças de segurança na operação de busca e captura dos autores do atentado.

Foragidos

Os nomes dos três suspeitos de participarem do ataque foram divulgados no início da noite desta quarta-feira pelas autoridades francesas. Além de Hamyd Mourad, que teria se entregado, são suspeitos os franceses Cherif Kouachi, de 32 anos, e Said Kouachi, de 34. Eles estão foragidos.

Um policial que pediu para não ser identificado disse a repórteres que os três têm ligação com uma rede terrorista do Iêmen.

Cherif Kouachi teria sido condenado em 2008 a 18 meses de prisão sob acusações de terrorismo por ajudar combatentes da insurgência no Iraque.

O site da revista francesa Le Point afirmou que os suspeitos puderam ser identificados graças a uma carteira de identidade encontrada no veículo utilizado na fuga.

O ataque

Os terroristas chegaram pouco depois das 11 horas locais (7 horas em Brasília) à sede do Charlie Hebdo. Eles estavam mascarados e com fuzis AK-47. Chamaram pelo nome os chargistas e colunistas do jornal e dispararam contra eles.

Ao deixarem o prédio, um deles executou um policial na rua. Durante a fuga, teriam gritado "Alá é grande" e "vingamos o profeta", o que é considerado uma alusão à publicação pela revista de caricaturas de Maomé.

Eles fugiram em um Citroën C1 de cor preta, que abandonaram em seguida. O policial Rocco Contento descreveu o interior do prédio como uma "carnificina" após o ataque.

Testemunhas disseram ao canal de notícias francês iTELE terem visto o incidente a partir de um prédio próximo no coração da capital francesa. "Cerca de meia hora atrás dois homens com capuz preto entraram no prédio com (fuzis) Kalashnikovs", disse Benoit Bringer à emissora. "Poucos minutos depois, nós ouvimos vários tiros", disse, acrescentando que os homens depois foram vistos fugindo do prédio.

Vítimas

Cinco chargistas foram mortos: o diretor do Charlie Hebdo, Stéphane Charbonnier (conhecido com Charb); Jean Cabu; Bernard Verlhac (conhecido como Tignous); Phillippe Honoré; e George Wolinski (um dos mais conceituados quadrinistas do mundo).

As outras vítimas foram o colunista e economista do Banco da França Bernard Maris; o revisor do jornal Mustapha Ourad; a psicanalista e colunista Elsa Cayat; um funcionário de outra empresa, que trabalhava no prédio, Frédéric Boisseau; Michel Renaud, que visitava o Charlie Hebdo; e dois policiais, Franck Brinsolaro (morto dentro do prédio) e Ahmed Merabet, executado na rua, quando os atiradores fugiam.

Hollande pede união

Em pronunciamento na TV francesa, o presidente François Hollande pediu a "união" do país como reação ao atentado à sede do Charlie Hebdo.

Hollande disse ainda que "todo o país foi atacado" com o atentado "covarde". Ele ainda ressaltou que seu governo "fará tudo" para encontrar os assassinos e proteger os franceses em lugares públicos.

"Nossa melhor arma é a união. Nada pode nos dividir e nada pode nos colocar uns contra os outros", disse Hollande, ao discursar brevemente.

O presidente francês determinou que esta quinta-feira (8) será um dia de luto no país e convocou um momento de silêncio em todo o serviço público francês ao meio-dia.

Alerta

À tarde, o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, assegurou que todas as forças policiais estavam mobilizadas para "neutralizar" os três criminosos envolvidos no ataque. "Foram mobilizados todos os meios" para detê-los e queremos que eles "sejam castigados com a dureza que merecem após o ato bárbaro que cometeram", declarou o ministro à imprensa após uma reunião de emergência convocada no Palácio do Eliseu pelo presidente François Hollande.

Cazaneuve confirmou que, além de causar 12 mortes, o ataque deixou cerca de 20 feridos, "quatro em situação grave". O governo elevou o nível do Plano Vigipirate a seu máximo, o de "alerta de atentados", na região de Paris.

O ministro enviou um telegrama a todos os governadores regionais (delegados do governo) da França para que aumentem a proteção em estações, locais religiosos e outras instituições sensíveis.

Em Paris, foram iniciados dispositivos de proteção suplementares nos transportes públicos, nas galerias comerciais e nos centros escolares. Também há proteção na sede de alguns meios de comunicação.

"Esse é um ataque terrorista, não há dúvida disso", disse Hollande a repórteres ao visitar o local do crime. Testemunhas afirmam que os atiradores se identificaram como membros do braço da rede terrorista Al Qaeda no Iêmen. O presidente disse ainda que vários ataques terroristas foram evitados no país nas últimas semanas.

Ameaças

O Charlie Hebdo foi alvo de várias ameaças por causa da publicação de caricaturas do profeta Maomé e de outros desenhos controversos.

Desde 2011, quando a sede da revista foi alvo de ataque à bomba horas antes de uma edição com uma charge do profeta Maomé ir às bancas, Stéphane Charbonnier andava com escolta de um policial.

Repercussão e solidariedade

A chanceler alemã, Angela Merkel, expressou repúdio pelo atentado, incidente que classificou como "ataque contra a liberdade de imprensa e expressão", dois "pilares da sociedade democrática".

O atentado é absolutamente "injustificável", criticou a chanceler em mensagem enviada ao presidente francês, François Hollande, na qual expressa sua "comoção". "Quero expressar, ao senhor e a seus compatriotas, as condolências dos cidadãos alemães e as minhas pessoais", prossegue a mensagem, divulgada pela Chancelaria.

Nos Estados Unidos, a Casa Branca condenou "nos termos mais fortes" o ataque e se comprometeu a ajudar na caça aos terroristas. "Os EUA estão determinados a ajudar a França a prender e levar os responsáveis pelo ataque ao Charlie Hebdo à Justiça", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, em entrevista à rede CNN.

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, também condenou o atentado. Cameron disse que os responsáveis pelo atentado contra a publicação são "doentes" e se solidarizou com o povo francês na luta contra o terrorismo. "Estamos com o povo francês na luta contra o terror e na defesa da liberdade de expressão", afirmou.

O vice-primeiro-ministro britânico, Nick Clegg, disse que a ação foi um ataque contra a liberdade de expressão e manifestou sua solidariedade com as vítimas, famílias e colegas.

A presidente Dilma Rousseff também lamentou o atentado. Para Dilma, além das perdas humanas, o atentado representa também um ataque à liberdade de imprensa.

UE

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, qualificou como "ato intolerável" o ataque contra o semanário. "É um ato intolerável, uma barbárie que nos preocupa a todos como seres humanos e como europeus", disse Juncker em um comunicado. Ele se declarou "profundamente consternado pelo ataque brutal e desumano". "Expresso em meu próprio nome e em nome da Comissão Europeia nossa máxima solidariedade com a França", acrescentou.

Já o presidente do parlamento Europeu, Martin Schulz, disse em sua conta do Twitter que estava "profundamente consternado" pelo ataque e que seus pensamentos estão com a equipe da revista, os policiais e familiares.

Egito

O ministro das Relações Exteriores egípcio, Sameh Shoukry, mostrou sua "enérgica" condenação ao atentado contra a sede da Charlie Hebdo. Segundo um comunicado oficial, Shoukry expressou a solidariedade do Egito à França e seu apoio na luta antiterrorista. Para o ministro das Relações Exteriores, "o terrorismo é um fenômeno internacional cujo alvo é a segurança e a estabilidade no mundo" e pediu que sejam unificados os esforços internacionais para acabar com ele. O texto também expressa as condolências do Egito às famílias das vítimas, ao povo e ao governo da França.

Dia de terror em Paris

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