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Policial atira spray de gás em manifestantes no centro de Atenas, em mais um conflito na capital grega | Yiorgos Karahalis / Reuters
Policial atira spray de gás em manifestantes no centro de Atenas, em mais um conflito na capital grega| Foto: Yiorgos Karahalis / Reuters

A polícia grega lançou bombas de gás lacrimogêneo contra pequenos grupos de manifestantes que atiravam pedras e coquetéis molotov no centro de Atenas, nesta segunda-feira (15), na segunda semana de protestos contra o governo após a morte de um adolescente baleado por um policial.

Jovens enfrentaram a tropa de choque da polícia no lado de fora do principal tribunal e da delegacia central de Atenas, ao mesmo tempo em que chegavam notícias de lojas atacadas em duas cidades do norte do país. Os atos, que representam os piores protestos das últimas décadas na Grécia, têm ocorrido em reação à morte de Alexandros Grigoropoulos, de 15 anos, em 6 de dezembro.

A revolta já causou mais de 200 milhões de euros em prejuízos, e foi alimentada também pela raiva contra escândalos políticos, pelo alto desemprego e a baixa renda dos jovens e pelo impacto da recessão mundial sobre a Grécia.

No mercado de bônus, a diferença de rendimento entre os títulos de referência da Grécia e da Alemanha - uma medida de percepção de risco - atingiu nesta segunda-feira o ponto mais amplo em quase uma década, mais de 2%. Analistas dizem que a crise política se juntou à preocupação com a crise econômica global.

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, alertou que a revolta social corre o risco de se espalhar caso o setor financeiro global não compartilhe a riqueza de modo mais igualitário. Manifestações semelhantes também ocorreram em muitos países europeus.

A escala dos protestos na Grécia diminuiu bastante nos últimos dias, e Atenas chegou a ter um domingo de paz. Mas estudantes e sindicatos convocaram mais manifestações, marcadas para quinta e sexta-feira, contra as reformas na educação e na previdência e contra as privatizações e o aumento dos impostos. O orçamento do país foi levado à apreciação do Parlamento.

O governo, de perfil conservador, detém a maioria por apenas uma cadeira e atualmente sofre nas pesquisas.

"Esperava-se que isso continuasse pela segunda semana", disse Kiki Toudoulidou, professor de 37 anos. "Se o governo estivesse conduzindo a situação do jeito certo, nós não teríamos chegado a esse ponto."

O primeiro-ministro do país, Costas Karamanlis, têm afirmado que os protestos são provocados por um pequeno grupo de anarquistas radicais. Mas o momento mais tenso das manifestações, no começo da semana passada, teve atos em 10 cidades com milhares de jovens. Centenas de carros, bancos e estabelecimentos foram danificados, assustando os investidores.

Uma pesquisa publicada no domingo pelo jornal Kathimerini mostra que 68% da população reprova o governo, com 60% das pessoas classificando os protestos como uma revolta social, e não como um distúrbio provocado por um grupo isolado de manifestantes violentos.

Crime

O relatório de balística que poderia esclarecer se o agente atirou intencionalmente contra o jovem ou se a bala ricocheteou e atingiu Alexis após um disparo para o ar, como alega o agente, ainda não foi divulgado.

Segundo a Federação de Professores (Olme), mais de 600 colégios de ensino médio permanecem ocupados há uma semana.

Várias faculdades gregas também estão ocupadas por estudantes e grupos de radicais que se aproveitam do asilo universitário.

Para quarta e quinta-feira, a federação de professores e alunos convocou manifestações no centro de Atenas, que foram apoiadas pelo Partido Comunista grego.

Na sexta-feira, a Confederação Geral de Trabalhadores (GSEE) anunciou uma manifestação no Parlamento em protesto contra os orçamentos estaduais de 2009, os impostos e os cortes nas áreas de saúde e educação por parte do Executivo conservador.

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