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Foto de 27 de fevereiro de 2018 da Marjory Stoneman Douglas High School, escola onde um atirador deixou 17 pessoas mortas em fevereiro de 2018
Foto de 27 de fevereiro de 2018 da Marjory Stoneman Douglas High School, escola onde um atirador deixou 17 pessoas mortas em fevereiro de 2018| Foto: RHONA WISE / AFP

O ex-policial do condado de Broward, na Flórida (EUA), que não confrontou um homem armado que atacou uma escola secundária em Parkland no ano passado foi preso na terça-feira (4), acusado de negligência e abandono infantil decorrentes de suas ações naquele dia.

Scot Peterson, de 56 anos, foi preso pelo mesmo departamento em que trabalhava, com 11 acusações e criticado por agentes da lei que condenaram sua reação ao massacre. As acusações contra Peterson incluem sete acusações de negligência infantil, três acusações de negligência culposa e uma acusação de perjúrio, segundo documentos judiciais.

Suas ações foram amplamente condenadas pelo público desde o ataque, em 14 de fevereiro de 2018, na Marjory Stoneman Douglas High School, que terminou com 17 estudantes e funcionários mortos. Peterson, o único oficial armado que estava na escola durante o massacre, foi gravado por câmeras de segurança parado do lado de fora do prédio da escola enquanto a carnificina estava acontecendo.

Peterson afirmou que não sabia de onde vinham os disparos. Ele disse ao Washington Post no ano passado: "Foi tudo tão rápido. Eu não conseguia compreender". O advogado que representa Peterson não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre sua prisão.

O escritório do promotor estadual do condado de Broward que trabalha com o caso de pena de morte contra o ex-aluno acusado pelo ataque em Parkland também ficará encarregado do caso de Peterson, que foi detido na mesma prisão onde está Nikolas Cruz, que confessou o ataque.

Investigação

A prisão de Peterson seguiu uma extensa investigação realizada pelo Departamento de Polícia da Flórida, que disse ter entrevistado 184 testemunhas e vasculhado "incontáveis ​​horas de imagens de câmera de segurança".

O departamento disse que a investigação concluiu que o ex-policial "se recusou a investigar a fonte dos tiros, recuou durante o tiroteio enquanto as vítimas estavam sendo baleadas e orientou outros agentes da lei que chegaram ao local a permanecer a 150 metros de distância do edifício".

Documentos previamente divulgados pelo gabinete do xerife do Condado de Broward mostraram que enquanto Peterson havia dito que não tinha certeza de onde vinham os disparos, ele rapidamente identificou o prédio onde estava ocorrendo o ataque e ordenou que outros policiais permanecessem "a pelo menos 150 metros de distância".

Peterson teve treinamento de atirador ativo pela última vez em abril de 2016, quase dois anos antes do ataque de Parkland, de acordo com um documento apresentado no Tribunal do Condado de Broward. Durante o treinamento, os policiais foram informados sobre a importância de reagir com urgência durante um ataque como esse, porque "toda vez que você ouve um tiro em um incidente de atirador ativo, você tem que acreditar que outra vítima está sendo morta", afirma o documento.

O atirador disparou cerca de 140 tiros durante o massacre em Parkland, incluindo cerca de 75 disparos depois que Peterson chegou perto do prédio, de acordo com o documento, assinado por Keith Riddick, um inspetor do Departamento de Polícia da Flórida.

Peterson "consciente e voluntariamente falhou em agir... em vez disso, recuou para uma posição de maior segurança pessoal", escreveu Riddick, e em seguida repreendeu o ex-policial por não investigar a fonte dos tiros ou tentar "procurar, confrontar ou enfrentar o atirador".

Peterson também é acusado na declaração de prisão de mentir para os investigadores, dizendo sob juramento que ele só ouviu dois ou três tiros depois de chegar ao prédio.

"A investigação do Departamento de Polícia da Flórida mostra que o ex-policial Peterson não fez absolutamente nada para mitigar o tiroteio na escola que matou 17 crianças, professores e funcionários e feriu outras 17 pessoas", afirmou Rick Swearingen, comissário do departamento, em um comunicado. "Não pode haver desculpa para sua completa inação e nenhuma dúvida de que sua inação custou vidas."

'Paralisado'

Jeff Bell, presidente da Associação de Representantes do Gabinete do Xerife de Broward, escreveu em um e-mail que o sindicato tinha "várias preocupações" sobre as acusações, e descreveu as acusações de negligência e negligência culpável como "um exagero na melhor das hipóteses". Bell disse que faltavam detalhes suficientes para que ele pudesse comentar sobre a acusação de perjúrio, mas acrescentou que tem dúvidas de que o caso leve a uma condenação.

Bell disse que "Peterson nunca foi visto como um covarde por este sindicato", e acrescentou que "ele alcançou seu potencial máximo naquele dia e ficou paralisado em uma escadaria por 45 minutos".

O Departamento de Polícia da Flórida está investigando a resposta da polícia ao tiroteio em meio a críticas sobre como vários policiais reagiram e está analisando elementos além das ações de Peterson, disse um representante na terça-feira.

Uma comissão estadual que investiga o tiroteio divulgou um relatório atacando tanto a forma como a escola lidou com a segurança quanto com resposta da polícia. Enquanto as ações de Peterson atraíram ampla atenção e escárnio, o relatório da comissão de segurança pública descreveu "vários" policiais demorando para colocar ou retirar equipamentos "enquanto os tiros eram disparados", o que contradiz a prática amplamente aceita de se apressar para confrontar atiradores.

De acordo com o escritório de Satz, a fiança de Peterson será fixada em US$ 102 mil, e sob os termos de sua fiança, ele deve usar um monitor de GPS e entregar seu passaporte. As acusações que ele enfrenta incluem crimes de segundo grau, crimes de terceiro grau e contravenções em primeiro grau, que podem levar a décadas de prisão se ele for condenado.

O xerife do condado de Broward, Gregory Tony, que assumiu o cargo depois que seu antecessor foi suspenso devido à sua resposta ao massacre de Parkland, disse na terça-feira que Peterson e outro ex-policial, o sargento Brian Miller, foi oficialmente demitido pela corporação durante uma investigação em curso sobre o comportamento deles no dia do ataque.

"Não podemos cumprir nosso compromisso de sempre proteger a segurança de nossa comunidade no Condado de Broward sem fazer uma avaliação completa do que deu errado naquele dia", disse Tony em um comunicado. "Estou comprometido em lidar com as deficiências e melhorar o Gabinete do Xerife de Broward."

A comissão estadual criticou Miller, descrevendo-o em seu relatório como incapaz de coordenar a resposta policial quando ele chegou e por ter permanecido em seu carro, em vez de perseguir o agressor.

Bell, o líder do sindicato, disse que o Gabinete do Xerife anunciou a demissão de Miller antes de informar o ex-policial, e descreveu isso como "vergonhoso". Bell disse que a comissão de segurança pública recomendou apenas um rebaixamento para Miller, e ele prometeu continuar "vigorosamente" defendendo o oficial veterano.

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