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A Polônia e a Romênia abrigaram deliberadamente centros de detenção da CIA entre 2003 e 2005, revelou nesta sexta-feira Dick Marty, relator do Conselho da Europa, suscitando vivas contestações dos dois países.

Um ano depois de suas primeiras revelações sobre as transferências ilegais de supostos terroristas pelo espaço aéreo europeu, o senador suíço endureceu o tom em seu segundo relatório sobre as atividades ilegais da CIA na Europa.

"O que eram apenas alegações se tornaram certezas", disse Marty, para quem "podemos hoje afirmar que centros secretos de detenção administrados pela CIA realmente existiram na Europa entre 2003 e 2005, principalmente na Polônia e na Romênia".

Os dois países desmentiram imediatamente, ressaltando que o novo relatório não traz "nenhuma prova".

O senador suíço, que se baseia essencialmente nos serviços de inteligência dos Estados Unidos e de outros países envolvidos, também acusou alguns governos europeus, sobretudo o alemão e o italiano, de terem tentado impedir a revelação de algumas verdades em nome do "segredo de Estado".

Durante uma entrevista coletiva em Paris, ele denunciou a atitude do governo de Romano Prodi, ao qual acusou de ter ido "ainda mais longe" que o de Silvio Berlusconi para "impedir" o processo sobre o seqüestro de um ex-imã egípicio por agentes da CIA.

A Itália, onde começou nesta sexta-feira em Milão (norte) um julgamento histórico contra 26 agentes da CIA acusados de terem seqüestrado este ex-imã em território italiano, não reagiu imediatamente.

Em seu relatório, Marty afirma que o ex-presidente polonês Aleksander Kwasniewski "estava ciente e aprovou" o papel de seu país nas atividades secretas de detenção da CIA em território polonês.

Khalid Sheikh Mohammed, o suposto cérebro dos ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, foi transportado em segredo de Cabul a Szymany, na Polônia, em março de 2003, a bordo de um avião "deliberadamente camuflado por meio de planos de vôo fictícios", denunciou o senador suíço.

O ex-presidente romeno Ion Iliescu, por sua vez, teria negociado e assinado em 30 de outubro de 2001 um acordo com os Estados Unidos prevendo "uma extensão do volume e do alcance das atividades americanas em solo romeno", um acesso especial ao território nacional e a criação de uma "zona de segurança" para os americanos no sudeste do país.

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