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O secretário de Estado americano Mike Pompeo (ao centro), após chegar em Bagdá para reuniões, 7 de maio
O secretário de Estado americano Mike Pompeo (ao centro), após chegar em Bagdá para reuniões, 7 de maio| Foto: MANDEL NGAN / AFP

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, fez uma viagem não prevista a Bagdá, no Iraque, nesta terça-feira (7). Ao mesmo tempo, um porta-aviões e bombardeiros da Força Aérea americana se dirigiam ao Oriente Médio, em meio a alertas de que o Irã estava planejando um ataque contra as tropas norte-americanas na região.

A visita surpresa ocorre depois que Pompeo cancelou abruptamente uma visita à Alemanha, onde deveria se reunir com a chanceler Angela Merkel e com o ministro das Relações Exteriores, Heiko Maas. Inicialmente, o Departamento de Estado disse apenas que a mudança se devia a "questões urgentes" que surgiram.

Somando-se ao sigilo em torno da visita, os repórteres que viajavam com Pompeo não foram informados imediatamente sobre onde estavam indo e foram alertados de que talvez não pudessem enviar suas reportagens sobre o local misterioso até depois da sua partida.

Uma ação sigilosa como essa não é inédita. Os repórteres que acompanharam Pompeo em sua primeira visita como secretário de Estado a Pyongyang, na Coreia do Norte, e na visita de seu antecessor, Rex Tillerson, ao Afeganistão, tiveram que concordar com termos similares.

Mas a visita de Pompeo a Bagdá, que acontece após uma reunião do Conselho do Ártico na Finlândia, assumiu um tom de urgência enquanto as tensões regionais aumentavam às vésperas do primeiro aniversário da decisão do presidente Trump de se retirar do acordo nuclear iraniano.

Escalada de tensões

A retórica entre Teerã e Washington se tornou cada vez mais beligerante nas últimas semanas: o governo americano insinuou que mais sanções são iminentes e o Irã prometeu se proteger do "terrorismo econômico".

Desde novembro, o governo tem imposto uma série implacável de novas sanções que prejudicaram a economia iraniana. Autoridades dos EUA dizem que sua estratégia é projetada para fazer com que a República Islâmica ponha fim ao apoio a grupos militantes na região e pare de testar mísseis.

Pompeo só não pediu uma mudança de regime. Mas sua lista de 12 demandas com o objetivo de fazer o Irã agir como uma "nação normal" é tão intransigente que os especialistas dizem que há poucas chances de o Irã ceder.

Autoridades iranianas disseram que estão reconsiderando a total cooperação com o acordo nuclear em resposta à campanha de pressão do governo Trump, embora não haja uma retirada completa. O presidente Hassan Rouhani deve anunciar uma decisão na quarta-feira, exatamente um ano depois que Trump abandonou o acordo nuclear de 2015 negociado com outras cinco potências mundiais.

Informações de inteligência nos últimos dias sugerem que as ameaças são provenientes de militares do Irã e seus representantes. Autoridades dos EUA se recusaram a dizer publicamente o que são, mas uma autoridade disse que elas envolvem ações potenciais contra tropas dos EUA e pontos de interesses não-militares em terra e no mar.

Quando repórteres que viajavam com Pompeo perguntaram a ele sobre as ameaças, ele mencionou o Iraque.

"Como secretário de Estado, tenho a responsabilidade de manter os funcionários que trabalham para mim em segurança todos os dias em todo o mundo. Isso inclui Irbil e Bagdá, em nossas instalações em Amã, em todo o Oriente Médio. Assim, toda vez que recebemos relatos de ameaças, coisas que levantam preocupações, fazemos tudo o que podemos para garantir que esses ataques planejados ou contemplados não ocorram, e para ter certeza de que temos a postura correta de segurança".

Tropas americanas na região

Os Estados Unidos têm mais de 5.000 soldados posicionados no Iraque, que tem uma dispensa de sanções do Departamento de Estado, o que permite que o país continue comprando eletricidade do Irã. As forças dos EUA também estão baseadas no Qatar, no Kuwait, no Bahrein e na Arábia Saudita.

O Iraque tem uma série de grupos de milícias xiitas, apoiados e treinados pelo Irã, que criticaram a designação norte-americana da Guarda Revolucionária Islâmica, um ramo de elite das forças armadas do Irã, como uma organização terrorista.

O Golfo Pérsico inclui rotas marítimas críticas para embarques de petróleo, particularmente no Estreito de Ormuz. Como as sanções dos EUA secaram muitos mercados para o petróleo iraniano, Teerã ameaçou fechar o estreito. Quando o Bahrain se opôs, um funcionário iraniano respondeu: "Preste atenção ao seu tamanho e não ameace alguém maior que você".

A Casa Branca anunciou no domingo que o porta-aviões Abraham Lincoln e seus navios de escolta estão no Mediterrâneo a caminho da região do Golfo Pérsico desde o início de abril.

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