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ataques à Arábia Saudita
Imagem de satélite mostra danos à infraestrutura de petróleo/gás após ataques de drones de fim de semana em Abqaig, Arábia Saudita| Foto: Divulgação/Planet Labs Inc/AFP

O presidente Donald Trump declarou que, assim que ficar confirmado que o Irã foi realmente responsável pelo ataque contra as principais instalações de petróleo da Arábia Saudita no sábado passado, os EUA vão estar "carregados e prontos para agir". Para fazer o que, exatamente, não está claro.

Trump já havia ameaçado a República Islâmica com "força esmagadora", mas apenas se a nação atacasse alvos americanos. No mês passado, ele ordenou - e depois cancelou - um bombardeio americano contra locais iranianos, mas isso foi em resposta ao abate de um drone americano.

O círculo próximo de Trump está agora desprovido de seu mais feroz defensor de bombardeios no Irã - o recém-demitido John Bolton - e seus conselheiros políticos e militares restantes provavelmente exigirão cautela. Com a abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York nos próximos dias, Trump terá uma plataforma ideal para disparar sua metralhadora retórica, em vez de bombas reais, contra o Irã. Talvez isso o satisfaça.

Mas enquanto ele aguarda pela confirmação da culpabilidade da República Islâmica, Trump também deve usar as reuniões da ONU para ter uma conversa franca com o governante de fato da Arábia Saudita, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, sobre o fracasso do reino em defender suas instalações de petróleo mais importantes.

Por que o exército saudita não estava "carregado e pronto para agir" antes dos ataques, que estão sendo descritos como uma espécie de Pearl Harbor do reino? Por que os militares não fizeram o suficiente para proteger essa infraestrutura crucial não apenas para o reino, mas para a economia mundial?

Os ataques a Abqaiq não deveriam ter sido uma surpresa. Desde que os sauditas levaram uma coalizão árabe para a guerra contra os rebeldes houthis no Iêmen há quatro anos, os ataques de retaliação aumentaram em frequência e sofisticação.

Os houthis podem ter começado a guerra como uma milícia desorganizada, mas eles estão recebendo treinamento e assistência do Irã e de seus outros aliados - o Hezbollah, principalmente - e armas progressivamente mais mortais, incluindo drones e mísseis de cruzeiro. Enquanto isso, a coalizão liderada pela Arábia Saudita não apenas fracassou em expulsar os houthis da capital Sanaa, como também não conseguiu impor um bloqueio ao fornecimento de armas aos rebeldes.

Com a assistência iraniana, os ataques dos houthis que antes eram aleatórios passaram a ter alvos específicos, especialmente contra a infraestrutura saudita, como aeroportos e instalações de petróleo, atingindo mais profundamente o território saudita. Os sauditas só conseguiram interceptar mísseis houthis ocasionalmente. Os rebeldes não esconderam o desejo de continuar causando danos à economia dos seus arqui-inimigos ao norte.

Os sauditas também têm inimigos ao norte. Riade sabe que os aliados do Irã no Iraque têm recebido armas capazes de atacar alvos a centenas de quilômetros de distância. Há poucos meses, um grupo iraquiano usou drones para bombardear um oleoduto saudita.

É da natureza da guerra assimétrica que milícias com tecnologia de armas disruptiva - e barata - podem atingir uma poderosa força militar de surpresa. Mas essa explicação é muito superficial para explicar o que aconteceu em Abqaiq.

Os sauditas tiveram tempo de sobra para endurecer as defesas de sua infraestrutura crítica. Eles já deveriam ter a capacidade de detectar ataques, especialmente os que vêm de centenas de quilômetros de distância. Riade, lembre-se, está entre os que mais gastam em equipamentos militares no mundo. O governo até tem ambições de construir uma grande indústria de defesa.

E assim, enquanto Trump pondera uma resposta adequada aos ataques (já tendo se comprometido a colocar tropas americanas na Arábia Saudita e a vender sistemas americanos de defesa antimísseis aos sauditas), ele não apenas merece uma explicação do príncipe da coroa - que, por acaso, também é o ministro da defesa - sobre o que o reino está fazendo para se proteger. Ele também deve deixar claro que a Arábia Saudita precisa fazer muito, muito mais.

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