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O presidente russo, Vladimir Putin, admitiu repetidamente que as sanções impostas pelo Ocidente estavam criando dificuldades significativas
O presidente russo, Vladimir Putin, admitiu repetidamente que as sanções impostas pelo Ocidente estavam criando dificuldades significativas| Foto: EFE/EPA/SERGEI GUNEYEV/SPUTNIK/KREMLIN POOL / POOL

Apesar das sanções impostas pelo Ocidente à Rússia, o rublo registrou nesta semana a maior valorização ante o dólar desde 2020. A moeda russa ainda atingiu uma alta de 11% em relação à moeda americana de janeiro a abril. Mas é possível que a balança esteja favorável para os russos por pouco tempo.

O assunto tem gerado controvérsia na política europeia. Jordan Bardella, presidente interino do partido conservador francês Reagrupamento Nacional (Rassemblement National), afirmou que as sanções econômicas são "um grande erro".

“Elas estão enriquecendo massivamente a Rússia, que está lucrando com essa guerra, está fazendo hiperlucros. Os embargos provocaram uma explosão de preços dos combustíveis”, apontou Bardella.

Governo russo tomou medidas para defender o rublo

Ironicamente, as sanções podem ter contribuído temporariamente para a valorização da moeda russa. Isso porque, para proteger o rublo, o Kremlin impôs altas taxas de juros no Banco Central, forçou exportadores a venderem divisas e exigiu que o gás natural seja vendido em rublos.

Como prova de que a economia russa está indo bem, depois da alta na taxa de juros, o Banco Central russo anunciou a segunda queda em menos de um mês. No comunicado, o banco informou que “os riscos para os preços e para a estabilidade financeira deixaram de aumentar, criando as condições para uma redução da taxa diretora”. A nota enviada à imprensa ainda descreve que "a desaceleração da inflação é em grande parte atribuível ao fortalecimento do rublo e ao declínio do consumo”.

Nos anúncios oficiais, o presidente russo, Vladimir Putin, admitiu repetidamente que as sanções impostas pelo Ocidente estavam criando dificuldades significativas. Contudo, também ousou dizer que aproveitava a oportunidade para reconstruir e diversificar a economia. A Rússia estaria ampliando as exportações para o Egito e para a Índia.

Com a alta dos preços do petróleo, do gás natural e do carvão, o Kremlin ainda teve ganhos bilionários até mesmo com o que exportou nos últimos meses para a União Europeia. De acordo com o Centre for Research on Energy and Clean Air, um centro de estudos da Finlândia, o ganho russo total com exportações foi de 63 bilhões de euros durante os dois primeiros meses do conflito na Ucrânia. E 71% desse valor veio da União Europeia: os países europeus gastaram em 2022 quase o dobro do que no mesmo período do ano passado.

Bom momento russo não deve durar

A onda de valorização do rublo, no entanto, pode estar com os dias contados. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), espera-se que "sanções e incertezas sem precedentes afetem fortemente o investimento e as exportações, bem como deprimam as importações e o consumo privado na Rússia”.

Além disso, o relatório do FMI destaca que o desejo europeu de se livrar dos hidrocarbonetos russos até 2027 pode eliminar de 60 a 70% da demanda atual por petróleo e gás natural russos nos próximos anos.

Os indicadores econômicos também contrariam a tese de que a Rússia pode, a longo prazo, ficar mais rica com a guerra. O Produto Interno Bruto (PIB) deverá entrar em colapso este ano, com projeções oscilando entre -8%, segundo o Banco Central da Rússia, e -10%, segundo o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD). Ao mesmo tempo, a inflação deve saltar mais de 20%.

Os altos juros nos bancos russos também tendem a limitar os investimentos das empresas russas. Por isso, as estratégias de Putin podem começar a fracassar e o bom momento do rublo não deve durar muito tempo.

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