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A ativista ambiental sueca Greta Thunberg
A ativista ambiental sueca Greta Thunberg participa de um evento de mídia em Washington, DC| Foto: Eric BARADAT / AFP

A jovem ativista sueca Greta Thunberg, 16 anos, se tornou líder de um movimento global, que levou milhões de crianças em idade escolar ao redor do mundo a se unir a ela para pedir maior ação das lideranças em relação às mudanças climáticas.

"Como você se atreve? Você roubou meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias", disse ela a líderes mundiais em um discurso nas Nações Unidas em setembro.

Sua atuação lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Nobel da Paz. A jovem, porém, não foi a escolhida pelo Comitê Nobel da Noruega, que nesta sexta-feira (11) entregou o prêmio ao primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed, elogiado por seus esforços para "alcançar a paz e a cooperação internacional".

"Por que Thunberg não foi premiada?", perguntam-se os fãs da garota.

O processo de seleção dos prêmios de paz é altamente secreto — tudo o que o comitê revelou é que houve 301 indicações este ano. Os nomes de alguns candidatos são divulgados publicamente pelas pessoas que os indicaram. Greta, por exemplo, foi indicada por três legisladores noruegueses. Mas a lista completa levará 50 anos para ser divulgada.

Isso não impede as pessoas de adivinhar — ou apostar — no vencedor. Na quinta-feira à noite, Greta era a favorita das casas de apostas do Reino Unido.

Mas a jovem ativista tinha vários fatores trabalhando contra ela, segundo analistas que acompanham o prêmio.

Relação entre mudanças climáticas e conflitos não é clara

Henrik Urdal, chefe do Instituto de Pesquisa da Paz de Oslo, não havia incluído a Greta em sua lista de prováveis ganhadores Prêmio Nobel da Paz, que ele publica todos os anos. Explicando sua decisão ao Washington Post, ele disse que "não há consenso científico de que exista uma relação linear entre mudança climática — ou escassez de recursos, de maneira mais ampla — e conflitos armados".

O elo entre mudança climática e conflito é muito debatido. Alguns especialistas defendem que, embora não exista uma relação direta, há um reconhecimento de que a mudança climática aumenta as tensões nas regiões, podendo desencadear instabilidade política e condições que possam promover conflitos. O Pentágono classifica mudanças climáticas como "multiplicador de ameaças".

O Nobel da Paz já foi dado a ativistas ambientais antes. Em 2007, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e o ex-vice-presidente Al Gore venceram "por seus esforços para desenvolver e disseminar maior conhecimento sobre as mudanças climáticas provocadas pelo homem e para estabelecer as bases para as medidas necessárias para combater tal mudança". Em 2004, foi concedido a Wangari Maathai "por sua contribuição ao desenvolvimento sustentável, democracia e paz". Em 1970, foi para Norman Borlaug, às vezes chamado de "pai da revolução verde".

Urdal, porém, explicou que tais escolhas seriam menos prováveis ​​agora, já que o comitê do prêmio procurou se aproximar mais dos desejos originais de Alfred Nobel. Para o criador da premiação, o agraciado deve ser alguém que tenha promovido a "abolição ou redução de exércitos permanentes" — o que, segundo algumas interpretações, exige uma conexão direta com paz e conflito.

"Se você o torna muito amplo, fica um pouco sem sentido", disse Urdal.

Janne Haaland Matlary, professora de política da Universidade de Oslo, concorda que Greta teria sido uma escolha improvável. A ligação entre mudança climática e conflito ainda é "bastante tênue neste momento", disse ela. "Inundações podem causar conflitos, migração e assim por diante, mas isso ainda não está bem estabelecido como uma questão de política de segurança".

Também é possível que o momento não fosse o ideal para Greta. O comitê elabora uma lista "dos candidatos mais interessantes e dignos" logo após o prazo de indicação, no final de janeiro. Mas alguns dos momentos mais importantes do ativismo de Thunberg — como seu discurso na ONU — ocorreram no final do ano.

O prêmio, sem dúvida, teria sido um enorme impulso de relações públicas para a ativista adolescente, mas ela disse anteriormente que não protesta para "receber prêmios". Ela tuitou para seus 2,8 milhões de seguidores que nesta sexta-feira faria o que faz em toda sexta-feira: protestar contra as mudanças climáticas.

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