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Possível eleição de Kirchner faz dólar disparar, mesmo após medidas populistas de Macri

Cartazes convocam cidadãos para uma grande greve nacional em 30 de abril na Argentina ! Foto: JUAN MABROMATA/AFP
Cartazes convocam cidadãos para uma grande greve nacional em 30 de abril na Argentina ! Foto: JUAN MABROMATA/AFP (Foto: AFP)

Numa quinta-feira (25) tensa na Argentina, o dólar voltou a atingir outro recorde histórico no meio da manhã, tocando os 47,50 pesos para venda.

O Banco Central interveio e, ao final, o valor da moeda norte-americana fechou em 45,90 pesos.

Ainda assim, foi o suficiente para que o risco-país subisse de 800 para 1.000 pontos – outro recorde. É o índice mais alto da era do presidente Mauricio Macri. A cifra só havia superado os 1.000 pela última vez em fevereiro de 2014, ainda na gestão de Cristina Kirchner.

O colunista Colby Smith, do jornal britânico Financial Times, chegou a dizer que o país está "à beira do colapso".

A nova disparada do dólar ocorre uma semana depois de o governo anunciar um pacote de medidas para amenizar o impacto da alta inflação, que fechou março em 4,7%, segundo o Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos).

A cifra acumulada em 2019 já é de 11,8% e, nos últimos doze meses, de 54,7%. Trata-se da segunda maior inflação da região, depois da Venezuela.

Os sindicatos anunciaram uma greve geral na semana que vem, em 30 de abril, que deve paralisar transportes, distribuição de alimentos, coleta de lixo, aeroportos e outros serviços.

Quem tiver voo programado para a Argentina nessa data deve consultar sua companhia aérea.

Medidas populistas

O pacote contempla o congelamento de preços de mais de 60 produtos, descontos para beneficiários dos planos de assistência do governo e pensionistas, além da garantia de que, até o final do ano, não haverá mais aumentos de tarifas de transportes, luz e gás.

A equipe econômica do governo permaneceu reunida durante a manhã e não se descarta um novo pacote de benesses a ser anunciado nos próximos dias para conter a tensão social, que não baixou com o primeiro anúncio.

Fator Cristina Kirchner

Em entrevista à imprensa local, o presidente Macri disse que "os mercados duvidaram de nossa convicção de seguir por este caminho, mas o FMI [Fundo Monetário Internacional] continua acreditando que estamos trabalhando na direção certa".

O fundo abriu uma linha de crédito para o país de US$ 57 bilhões no ano passado.

"Os mercados são diferentes, são outro mundo. São pessoas trás de um computador que compram e vendem, têm uma visão de curto prazo", afirmou o presidente.

Macri também disse que o crescimento de Cristina Kirchner nas pesquisas eleitorais – no último fim de semana, a ex-presidente surgia com 9 pontos de vantagem num provável segundo turno contra Macri nas eleições de outubro deste ano – estava assustando investidores e o mercado internacional.

A boa performance da ex-presidente nas pesquisas ocorre apesar de que, no próximo dia 21, ela deve se sentar no banco dos réus pela primeira vez, no julgamento por desvio e lavagem de dinheiro público por meio dos hotéis que pertencem à família Kirchner na Patagônia.

"Muitos creem que o passado foi melhor, mas a grande maioria dos argentinos não quer voltar atrás. Esse ruído de hoje foi gerado por isso" afirmou.

Macri pediu às pessoas que "continuem remando" junto com ele e ratificou que concorrerá à reeleição, depois de pressões para que ele cedesse o lugar para a governadora da província de Buenos Aires, María Eugenia Vidal.

"Depois que passarmos desta eleição, uma grande oportunidade se abrirá. As mudanças estruturais que estamos fazendo vão levar o país ao desenvolvimento."

Problemas sociais

O desemprego na Argentina está em 9,1%, com a taxa de emprego informal beirando os 40% – era 34% no início da gestão Macri.

No início do mês, o Indec, o IBGE argentino, divulgou os números oficiais da pobreza, que cresceu quase 6 pontos percentuais em um ano – em seis meses, 2,7 milhões de argentinos se somaram às filas da pobreza.

Hoje, 32% da população está abaixo da linha de pobreza, e 6,7% são considerados indigentes.

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